Santos vira a cidade mais feminina do país
Do total de habitantes,
54,25% são mulheres, segundo dados definitivos do IBGE. Há dez anos, Águas de São Pedro liderava
Apresentados ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), dados definitivos do Censo 2010 confirmam: a população da Baixada Santista, de 1.663.082 pessoas, cresce mais
depressa do que nas médias nacional e estadual. Uma das novidades apuradas neste Censo foi a constatação de que Santos é a cidade mais feminina do
Brasil - na pesquisa anterior ocupava o segundo lugar. O município com maior número de homens é Balbinos (SP).
Do total de habitantes de Santos, 54,25% são mulheres. No Censo de 2000 a Cidade ficava em
segundo lugar, com 53,77%
Foto:
Alberto Marques, publicada com a matéria
Santos é a cidade mais feminina do Brasil.
sua população não diminui
Crescimento na região é
maior que no estado e no País. O motivo é, principalmente, a explosão demográfica de Praia Grande
Rafael Motta
Da
Redação
Os dados
definitivos do Censo 2010, apresentados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), confirmam: a população da Baixada
Santista, de 1.663.082 pessoas, cresce mais depressa do que nas médias nacional e estadual, sobretudo em cidades mais distantes de Santos.
Uma das novidades apuradas neste Censo foi a constatação de
que Santos é a cidade mais feminina do Brasil - na pesquisa anterior ocupava o segundo lugar.
Ao examinar a rápida expansão do Litoral Sul e de
Bertioga, especialistas acreditam que, enquanto a população santista se estabiliza, requer soluções rápidas
em transporte, moradia e emprego capazes de reduzir o percurso ou permitir ao trabalhador que more mais perto de seu endereço comercial (veja
matéria).
A principal responsável pelo resultado foi a explosão
demográfica em Praia Grande,
que passou de 193.582 para 260.769 habitantes em uma década. Sozinha, a cidade recebeu mais de um terço dos novos moradores da região desde 2000,
ano do Censo anterior.
E, ao contrário dos dados preliminares divulgados pelo IBGE
no início do mês, o total de residentes em Santos não caiu, mas estagnou-se. Tinha sido anunciada redução de 10.447 habitantes. Porém, há 1.774
pessoas a mais (alta de 0,42%).
A diminuição apurada inicialmente em
Guarujá
também não ocorreu. Na verdade, em vez de perder 4.335 moradores, ganhou 25.795. A
elevação, de 9,74%, foi inferior à média regional (12,61%).
O coordenador do Censo 2010 na Subárea de Santos e Bertioga,
Mário Sérgio Matheus dos Santos, justifica que o resultado preliminar fora divulgado antes da conclusão das entrevistas.
"Fizemos campanha por um mês para chamar os que não tinham
sido recenseados. A gente conseguiu falar com 800 pessoas, que nos procuraram. E, nos quase 4 mil domicílios onde não localizamos os moradores,
multiplicamos o número dessas residências pela média de pessoas por domicílio na Cidade", alega o coordenador.
Em Guarujá, onde o trabalho atrasou, foi preciso reforçar
equipes para visitar "moradias subnormais". Sis em cada dez habitantes vivem em favelas ou moradias irregulares.
Feminina |
O Censo 2010 garantiu a Santos um título: o de
cidade mais feminina do Brasil. Do total de habitantes, 54,25% são mulheres. Em termos absolutos, elas representam 227.701 dos 419.757
moradores. A proporção já era elevada no Censo de 2000: 53,77%. À época, Santos perdia somente para Águas de São Pedro, no Interior Paulista.
Na região, o município que mais se aproxima de
Santos é São Vicente, com 52% de mulheres. A média da Baixada, puxada pelo índice santista, é de 52,15%.
A cidade com maior proporção de homens também é
paulista: a interiorana Balbinos (82,20% de seus 3.932 moradores). A maioria dos habitantes é formada por presidiários. |
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Hipóteses e fatos - O IBGE não mostrou a divisão dos
habitantes por idade renda: esses outros detalhes deverão ser divulgados durante a semana. Ao menos m Praia Grande, estarão disponíveis
amanhã, quando técnicos do instituto estarão na Prefeitura.
Mesmo sem as informações completas, aparecem peças do
quebra-cabeça representado pelos deslocamentos entre municípios. Uma delas, o fato de moradores de Santos - e até de São Paulo - estarem se mudando
para o Litoral Sul.
Coordenador da subárea praia-grandense do Censo, José Roberto
Bueno Omai lembra que uma das questões feitas aos entrevistados foi sobre onde moravam em 2009. "O número dos que vieram de outras cidades é
assustador".
"Quando o IBGE divulgar a renda média dos moradores, apurada
pelo Censo, poderemos medir a expulsão de moradores de Santos para outras cidades", aponta o economista e professor universitário José Pascoal Vaz.
Balanço da década - Fonte: Censo-2010/IBGE (dados consolidados).
Infografia publicada com a matéria
Este foi o crescimento populacional nos últimos dez anos (e variação %):
Peruíbe -
51.451 » 59.793, 16,21%
Itanhaém - 71.995
» 87.053, 20,91%
Mongaguá - 35.098 »
46.310, 31,94%
Praia Grande - 193.582 »
260.769, 34,71%
São Vicente - 303.551 »
332.424, 9,51%
Cubatão - 108.309
» 118.797, 9,68%
Santos -
417.983 » 419.757, 0,42%
Guarujá -
264.812 » 290.607, 9,74%
Bertioga -
30.039 » 47.572, 58,37%
B. Santista - 1.476.820 » 1.663.110, 12,61%
Estado de SP - 37.032.403 » 41.252.160, 11,39%
Brasil -169.799.170
»190.723.694, 12,33%
Papa aposta no potencial
metropolitano
O prefeito de Santos, João Paulo Papa (PMDB), vê nos dados consolidados do Censo
a base para que os chefes de Executivo da região procurem meios de "aproveitar o potencial metropolitano das cidades". O que só será possível, em
sua avaliação, se "resolvermos nosso maior problema: a carência de um transporte metropolitano de melhor qualidade".
Segundo Papa, a planejada instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e sua
integração com o sistema intermunicipal de ônibus fará com que os municípios "sejam complementares uns aos outros".
Complementar, diz o prefeito, significa intensificar a "vocação de Santos em
prestar serviços de saúde, comércio exterior, estaduais e federais que são difíceis de implantar em cidades vizinhas". Traduzindo, tornar mais
fáceis as viagens ao território santista.
Outra razão para se estimular o transporte regional está na "maior deficiência a
equacionar em Santos: a habitação. Não temos alternativas à altura da demanda. Isso favorece que outros municípios se coloquem bem nessa matéria".
Proporções |
Com as mudanças na população, Santos, que tinha
28,30% dos habitantes da Baixada, conta agora com 25,24% do total. Praia Grande ganhou participação regional (de 13,11% para 15,68% dos
moradores) e se aproxima de Guarujá, que caiu de 17,93% para 17,47 da população local em dez anos, conforme o Censo |
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Contraponto - O arquiteto e urbanista João Meyer concorda que um sistema
como o VLT, ao menos entre Santos e São
Vicente, é necessário. Contudo, pondera que o ideal seria "aumentar a oferta de
unidades habitacionais nas áreas centrais, com uma verticalização forte em torno do VLT".
Meyer propõe: "Tem de haver incentivo à produção de moradias por valor mais baixo
em Santos. Pode-se ter coeficiente de aproveitamento maior para apartamentos menores, a fim de o construtor abater o preço do terreno erguendo mais
unidades. E sem vagas de garagem, para estimular o uso do transporte coletivo".
Outra solução apontada pelo urbanista consiste em gerar mais empregos nas cidades
com maior crescimento populacional. "A Prefeitura de Praia Grande,
sozinha, não vai fazer isso. Deve ser uma diretriz de planejamento regional. É um interesse estratégico para a Baixada, para diminuir o fluxo de
pessoas entre as cidades".
Abrangência |
O Censo 2010 do IBGE visitou 56.541.472 domicílios
ocupados. Houve 901.169 imóveis fechados, com evidência de moradores, mas nos quais "não houve oportunidade de responder o questionário, não
foram encontrados em casa" e, neste caso, o número de moradores foi estimado.
No Censo 2000, foram visitados 456.021.078
domicílios ocupados e, naquele ano, havia 528.683 domicílios fechados. Em 2010, havia 6.071.568 domicílios vagos, sem moradores, no Brasil |
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País tem queda contínua na taxa de crescimento da
população
O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo
Nunes, disse que "há um processo contínuo de queda da taxa de crescimento da população" do Brasil desde a década de 1960.
A taxa média geométrica de crescimento anual da população passou de 2,39 no
período de 1940 a 1950 para 2,99 no período 1950 a 19609, decrescendo a partir daí até chegar a 1,02 de 2000 a 2010. Ele destacou que mais de 160
milhões de pessoas vivem hoje em áreas urbanas no País.
Para Nunes, a tendência, revelada pelo Censo 2010, "é que daqui para frente as
grandes metrópoles tenham crescimento pequeno".
"Quem deve crescer mais são os municípios de porte médio ou grande, com população
abaixo de 2 milhões de pessoas", disse.
Nunes destacou também a redução na média do número de moradores por domicílios
nesta década, passando de 3,755 em 2000 para 3,3 m 2010. Segundo ele, essa queda está diretamente relacionada à diminuição da taxa de fecundidade.
Proporção de sexos |
Cidade |
Homens |
Mulheres |
Bertioga |
23.769 (49,96%) |
23.803 (50,04%) |
Cubatão |
59.246 (49,87%) |
59.551 (50,13%) |
Guarujá |
141.474 (48,68%) |
149.133 (51,32%) |
Itanhaém |
42.189 (49,19%) |
44.864 (50,81%) |
Mongaguá |
23.109 (49,90%) |
23.201 (50,10%) |
Peruíbe |
29.153 (48,76%) |
30.640 (51,24%) |
Praia Grande |
125.280 (48,04%) |
135.489 (51,96%) |
Santos |
192.056 (45,75%) |
227.701 (54,25%) |
São Vicente |
159.571 (48,00%) |
172.853 (52,00%) |
Baixada |
795.847 (47,85%) |
867.235 (52,15%) |
Observações |
Fonte: Censo-2010/IBGE |
Domicílios ocupados |
Cidade |
Total |
Pessoas por imóvel |
Bertioga |
14.080 |
3,38 |
Cubatão |
35.837 |
3,31 |
Guarujá |
78.571 |
3,70 |
Itanhaém |
28.380 |
3,07 |
Mongaguá |
14.602 |
3,17 |
Peruíbe |
19.311 |
3,10 |
Praia Grande |
80.759 |
3,23 |
Santos |
140.872 |
2,98 |
São Vicente |
98.391 |
3,38 |
Baixada |
510.803 |
3,26 |
Observação: Cálculo obtido a
partir da divisão do número de habitantes pela quantidade de domicílios ocupados |
Fonte: Censo-2010/IBGE |
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