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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TELECOMUNICAÇÃO
Um século de telecomunicações (19)

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Apresentado como "o ovo de Colombo do século XX", a "carta falada", o Fonopostal permitia que qualquer pessoa enviasse um arquivo sonoro pelo Correio, por meio de uma fita cassete gravada com sua voz e colocada numa caixa plástica com lacre inviolável. Lançado pelo Sistema Fonopostal Brasileiro, representado em Santos pela loja Louzada Cine Foto Som, não teve grande aceitação. Posteriormente, foi ainda lançado em forma de videocassete, e mais tarde deu origem aos cartões-postais em formato Mini-CD-ROM, que permitiam ver nos computadores filmes dos pontos turísticos visitados. Em um domingo, 9 de março de 1980, o editor de Novo Milênio, Carlos Pimentel Mendes, então atuando na reportagem do jornal santista A Tribuna, registrou na página 8 desta publicação impressa a pouca aceitação do Fonopostal:

Sistema é pouco conhecido

Foto publicada com a matéria

Movimento fraco de correspondência do tipo fonopostal

"No máximo, vem um fonopostal e saiu ouro da Cidade por dia". Essa é a média de tráfego de mensagens pelo Sistema Fonopostal Brasileiro, também conhecido como cartas-faladas, através das agências santistas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT -, segundo o chefe desta zona postal, Ewaldo Boanerges Forte.

Criado há cerca de um ano, o sistema fonopostal não vem obtendo os resultados que se esperava do ovo de Colombo do século XX, como o consideravam os fabricantes de seus componentes. E isso não ocorre apenas aqui, porque também é mínima a chegada de cartas-faladas de outras regiões do País.

Segundo Ewaldo, há um conjunto de causas para esse insucesso, uma das quais poderia ser a divulgação insuficiente do sistema (que não é feita pelos Correios porque se trata de uma iniciativa particular, embora os prospectos existentes deem a impressão de que se trata de mais uma modalidade de serviço da EBCT).

Por outro lado, a carta escrita é insubstituível em uma série de situações, como a correspondência comercial, que precisa ser arquivada, anexada a documentos, e contar com a assinatura do remetente, entre ouras situações do cotidiano de uma empresa.

Assim, a correspondência fonopostalizada se restringe, em princípio, a uma relação coloquial familiar: correspondência entre parentes, namorados, amigos que se encontram em regiões distantes há longo tempo. Também poderia servir para o envio de fitas com gravações de músicas, espetáculos, músicas para concursos de calouros, e outras finalidades.

Desvantagens - Apesar das diversas possibilidades de utilização do sistema, há desvantagens também, em certos casos. Primeiro, quando se trata de comunicação com cidades próximas: numa comparação de preços entre as despesas com o fonopostal e uma chamada telefônica, e considerando-se a rapidez e simplicidade da comunicação por telefone, as vantagens recairiam sobre a chamada telefônica.

A carta-falada é postada pelo mesmo valor de uma carta comum de até 100 gramas (Cr$ 10,00 a partir de segunda-feira), mas só dentro do território nacional. No caso do envio para outros países, o tratamento tarifário é o de uma encomenda postal.

Há, porém, outras despesas: a fita cassete, que pode ser qualquer uma, ou a vendida nos postos do fonopostal (para gravações de 40 minutos, Cr$ 45,00; de 30 minutos, Cr$ 42,00; de 20, Cr$ 35,00); a embalagem da fita, obrigatória, custa Cr$ 22,00, incluindo um lacre inviolável; lacre avulso comum (para a reutilização da embalagem recebida), Cr$ 14,00; ou o lacre de segurança numerado, Cr$ 18,00; pacote com etiquetas endereçadoras autocolantes e removíveis, Cr$ 14,00.

O manuseio é aparentemente simples: grava-se a mensagem na fita com um gravador cassete comum, coloca-se no estojo-embalagem, aplica-se o lacre e preenche-se uma etiqueta endereçadora, na embalagem. Postada em qualquer agência da EBCT, como uma carta comum (pode ser registrada, também), a carta-falada é entregue ao destinatário, que quebra o lacre, ouve a fita e a reutiliza para a resposta, substituindo apenas a etiqueta e o lacre.

Porém, como explica Ewaldo Boanerges, o desinteresse surge quando a pessoa tem muitas ocupações e pouco tempo livre para o envio de correspondência: uma carta se escreve em qualquer lugar, enquanto o sistema fonopostal exige a utilização de um gravador.

Há ainda o entrave da recíproca. Ou seja, quem recebe uma carta-falada sente-se obrigado a usar o mesmo sistema para respondê-la, e ninguém possui estoque em casa de lacres e etiquetas endereçadoras; daí a ocorrência de um retardamento relativamente grande - e desestimulante - nas respostas.

Folheto de divulgação do Fonopostal, distribuído pela loja santista de artigos fotográficos Louzada Cine Foto Som em 1980

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