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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TELECOMUNICAÇÃO
Um século de telecomunicações (2)

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Datam dos anos finais do século XIX as primeiras referências sobre os serviços de telecomunicações em Santos. E, apesar de ser importante porto e estar próxima a centros de negócios como a capital paulista, só na década de 1980 (como o resto do Brasil) começou a ter serviços como a discagem direta à distância. Passou pelas eras dos telegramas, do telex, do fac-símile (fax ou telefax), do videotexto, dos BBSs e desembarcou na Internet, com todos os seus recursos. Sobre os primórdios do serviço telefônico, escreve Fernando Martins Lichti, em sua Poliantéia Santista (Prodesan Gráfica, Santos, 1996):
 


Telefone instalado em 1955 em navio no porto de Santos
Imagem: captura de tela do site Web do Museu do Telefone

Serviço Telefônico

A referência mais antiga que encontramos sobre a existência do serviço telefônico em Santos é de 1909 (N.E.: o autor não teve acesso aos almanaques de 1885 e 1887, que já continham informações sobre tal serviço), e correspondia ao funcionamento do Centro Telefônico da Companhia Telefônica do Estado de São Paulo, localizada num antigo armazém da Rua General Câmara nº 78 - o que leva a crer que essa companhia tenha sido a primeira a instalar telefones em Santos, o que teria acontecido, provavelmente, no início do século.

Por volta de 1910 já se faziam ligações interurbanas com a cidade de São Paulo, através de um telefone público existente na Rua XV de Novembro nº 36-A, onde estava instalada uma das estações (centrais) dessa companhia.

No primeiro quarto do século XX ainda existia muita incredulidade da população, em geral, que não acreditava na eficiência desse serviço, principalmente nas ligações interurbanas, que dependiam da capacidade técnica do serviço telefônico de cada localidade, pois que as chamadas se processavam através das telefonistas de várias centrais regionais.

Até 1930 Santos deveria ter alguns poucos telefones, pois o sistema ainda era magneto, cujos aparelhos dispunham de manivelas que eram acionadas para gerar energia que fazia chegar o sinal de chamada na central, cuja mesa era operada por telefonistas.

A 19 de julho de 1930, a Companhia Telefônica Brasileira (CTB), controlada pela Rio de Janeiro and S. Paulo Telephone Company, que atuava em São Vicente desde 1920, assinou contrato com a Prefeitura Municipal de Santos para a exploração do serviço telefônico da cidade, pelo prazo de 30 anos, passando a utilizar e ampliar o sistema implantado anteriormente pela companhia telefônica estadual, e procedendo, de pronto, à extensão de suas linhas a maior número de bairros e com cabos de maior capacidade de aparelhos, implantando sistema automático (através do qual a telefonista atendia o usuário para receber a chamada, quando se retirava o fone do gancho), e montando seu primeiro equipamento, com capacidade de mil aparelhos. Além disso, essa Companhia - a CTB -, que tinha a concessão do serviço telefônico de S. Vicente, passou a montar postos telefônicos, e depois pequenas centrais em várias localidades adjacentes do litoral paulista.

A 13 de janeiro de 1934, a Cia. Telefônica Brasileira inaugurou sua nova central telefônica - moderníssima - na Rua Brás Cubas nº 340, em prédio próprio construído especialmente para proporcionar a ampliação da rede telefônica de Santos, que passou a dispor, inicialmente, da estação 2 (Centro) e a seguir da estação 4 (Praia), cada uma com capacidade para dez mil aparelhos. O jornal A Tribuna da época noticia a primeira ligação telefônica internacional, entre Santos e Portugal (cidade de Guimarães), realizada a 2 de março de 1935. A 14 de outubro de 1937 era instalado o primeiro PAX de Santos, na Repartição de Saneamento, na Rua São Francisco nº 128. Em junho de 1938 existiam em Santos 50 aparelhos PBX e PAX, instalados e em funcionamento.

Outro acontecimento marcante da CTB, em Santos, foi a instalação dos serviços telefônicos a bordo dos navios atracados no porto, sendo que o primeiro navio no qual se instalou esse serviço foi o Gaelic-Star (navio frigorífico), a 24 de outubro de 1939, e, três dias depois, o primeiro navio de passageiros a receber o telefone a bordo foi o Avila-Star, atracado no porto de Santos.

Em 1939 existiam, em Santos, 7.318 aparelhos telefônicos instalados, já com o novo sistema automático, implantado desde 1935, com discagem direta, já sem a necessidade do auxílio da telefonista, senão para chamadas interurbanas, informações, consertos etc. Esse serviço já estava integrado à rede interurbana - interestadual e internacional -, esta última em combinação com a Companhia Rádio-Telegráfica Brasileira.

A Cia. Telefônica Brasileira ampliou seus serviços, tanto em aparelhos como no seu aprimoramento técnico, e para isso construiu uma nova central na Av. Washington Luiz nº 223 e implantou as estações de prefixos 32, 33, 34, 35, e, a seguir, outros prefixos.

A partir de 1970, a filosofia do Governo foi determinar a encampação de todos os serviços públicos - água, luz, gás e telefone. Os contratos de concessão, vigentes, foram respeitados. Em 1973, a Telesp S/A - Telecomunicações de São Paulo S/A -, empresa do sistema Telebrás e Embratel - Empresa Brasileira de Telecomunicações - incorporou ao acervo a antiga CTB, com todas as suas concessões e serviços em funcionamento no Estado de São Paulo. Assim desapareceu a Cia. Telefônica Brasileira, depois de 43 anos de bons serviços prestados à comunidade santista. Ficou a Telesp, que logo empreendeu radicais mudanças técnicas, implantando novos equipamentos, ampliando as redes externas, que de há muito estavam reclamando grandes expansões, construindo uma nova central na Rua Ministro Xavier de Toledo, 146, onde mantém a loja de atendimentos, a Administração Regional da Companhia, de toda área da Baixada Santista, e diversos setores técnicos.

Com as transformações introduzidas foram abertos planos de expansão, com autofinanciamento dos próprios usuários e através das centrais da Rua Braz Cubas, da Av. Washington Luiz, da Rua Ministro Xavier de Toledo, da Rua Tocantins e da Rua Alexandre Martins, a Telesp já mantém, em Santos, 167.102 terminais telefônicos instalados, entre comerciais e residenciais, além de 3.053 telefones públicos distribuídos por todos os bairros, dos quais 93 são telefones públicos comunitários (que também recebem chamadas), 11 são para deficientes físicos e 766 são telefones públicos a cartão (sistema de cartão indutivo - queima de créditos no cartão) e proporciona suporte técnico para o funcionamento de 7.952 telefones celulares.

Em 3 de janeiro de 1995 foi implantada a Loja "Telesp Toda Hora", numa nova concepção de loja de atendimento, onde o próprio cliente preenche os formulários para a solicitação de serviços e os deposita nas urnas disponíveis no local. Esse serviço está à disposição da comunidade durante 24 horas do dia, funcionando na Rua Galeão Carvalhal nº 45.

Em 1º de julho de 1996 foi reinaugurada a loja da Rua Ministro Xavier de Toledo nº 146, com ambiente moderno, confortável e informatizado. Mais dois centros telefônicos foram instalados: Porto, na Rua Amador Bueno nº 336, e Nova Cintra, na Av. Santista s/nº. A Telesp também mantém o velho prédio da Rua Itororó nº 58, onde, praticamente, começaram as atividades da Companhia Telefônica Brasileira, agora transformado em posto de atendimento público, especialmente para ligações interurbanas.

A história da telefonia santista, em síntese, se consubstancia em três empresas: a Cia. Telefônica do Estado de São Paulo, a Cia. Telefônica Brasileira e a Telesp S/A, somando, entre elas, mais de 80 anos de serviço telefônico, de uma forma geral, de boa qualidade, mas, realmente, só se aprimorando e expandindo em função das reais necessidades de Santos, com o maior porto de café do mundo e como extraordinária estância turística, através da Telesp S/A - uma empresa cujo maior acionista é o Governo Federal, através da Telebrás (holding).

O Serviço Telefônico de Santos está integrado ao sistema DDD - Discagem Direta a Distância, e DDI - Discagem Direta Internacional, através dos quais, utilizando códigos, as ligações se processam entre cidades e entre países, diretamente, sem auxílio de qualquer telefonista. A Telesp também proporciona aos santistas um moderno e eficiente serviço de informações e de lazer, pelo qual o usuário pode saber a hora certa, pode ser informado sobre a meteorologia, sobre notícias de esporte, pode ouvir piadas, saber horários de aviões, bem como a cotação no mercado de feijão, do arroz, da batata, da carne, da soja, do café, do ouro etc.

O avanço das telecomunicações no município, com a ampliação e modernização do sistema, propicia também novas tecnologias.

A Central Telefônica por programa armazenado - CPA - é a interligação das centrais controladas por computador, com maior velocidade de processamento e com melhor qualidade. Suas linhas podem ser utilizadas, também, como terminal multisserviços, transmitindo voz, imagem e dados e abrindo ao cliente um leque de facilidades.

A fibra ótica utilizada pela Telesp é uma das mais recentes inovações tecnológicas na área de telecomunicações, utilizada em interligação de centrais, em rotas de alto tráfego, em projetos de dados e em soluções as mais diversas. Os cabos de fibras óticas têm diâmetro imensamente menor do que os convencionais, maior capacidade e melhor qualidade de transmissão. A transmissão acontece através de sinais, tendo a luz como fonte.

A Telesp proporciona a transmissão de dados via rede comutada, interligando sistemas, mediante a locação de modems aos clientes interessados.

O Sistema Integrado de Posições de Tráfego - SIPT - é o moderno sistema de atendimento, que consiste na automação parcial do processo de atendimento e completamento de chamadas interurbanas e auxílio à lista.

Os telefones de uso público operam, ainda em Santos, em sua grande maioria, com o uso de fichas. Entretanto, a modernização do serviço viabiliza agora as instalações de telefones públicos utilizados através de cartões indutivos. Com o mesmo formato de um cartão de crédito convencional, o cliente dispõe de cartão para proceder de 20 a 100 ligações, em telefones públicos. Esse serviço já vem sendo agilizado pela Telesp. Em Santos, a Telesp já mantém 31 linhas telefônicas, em funcionamento, para cada 100 habitantes.


Tipos de telefones usados em Santos na primeira metade de 1880 a 1970

Desde 1996, quando o texto acima foi publicado, ocorreu a privatização das empresas brasileiras de telecomunicações, tendo a Telesp sido adquirida pela empresa espanhola Telefónica, que no Brasil retirou o acento agudo e passou a ser Telefonica. Ela herdou da Telesp todo o cabeamento telefônico e as centrais. Em seguida, surgiram empresas menores, oferecendo serviços como telefonia por rádio (Vésper) e serviços corporativos, e na virada do milênio iniciou-se a competição entre as grandes empresas nacionais. Assim, a Embratel, também privatizada, que antes só atuava nas ligações internacionais e interestaduais, passou a atuar também nos serviços interurbanos, e a Telefonica ganhou o direito de ampliar seus serviços.

Desapareceram ao mesmo tempo os últimos telefones públicos operados por fichas metálicas, ampliou-se a facilidade DDR - Discagem Direta Regional, mas em 2005 a população da Baixada Santista ainda reivindica a integração entre os vários serviços telefônicos da região, para que não haja mais distinção de tarifa para os serviços telefônicos intra-regionais.


Aviso sobre novos prefixos, publicado pela Telesp nos jornais santistas em 1995