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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - AUTONOMIA
A volta da autonomia... em 1936 (5)

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Embora quando se fala da perda da autonomia política de Santos se lembre do período da ditadura militar instalada pela Revolução de 1964, já na década de 30 algo parecido ocorrera. Durante a Revolução de Outubro de 1930, o município perdera a sua autonomia. Em 14 de agosto de 1936, o jornal santista A Tribuna destacou, em manchete, a volta da autonomia plena à cidade (ortografia atualizada nesta transcrição):
 


Aspecto da cerimônia de transmissão de poderes, no gabinete da Prefeitura, vendo-se o dr. Aristides Machado rodeado pelo seu antecessor, vereadores e altos funcionários
Foto publicada com a matéria

Santos reintegrada no regime de sua plena autonomia

[...]

Santos e o seu novo prefeito

A CERIMÔNIA DE TRANSMISSÃO DO EXECUTIVO, ONTEM, AO DR. ARISTIDES BASTOS MACHADO

Ontem mesmo, logo depois de terminados os trabalhos da sessão solene da edilidade, realizou-se no gabinete do prefeito municipal, às 17 horas, a cerimônia da transmissão de poderes ao novo chefe do executivo santista, dr. Aristides Bastos Machado.

Assistiram ao ato, além dos srs. presidente da Câmara, vereadores, exmas. famílias e representantes da imprensa, os diretores e chefes das várias repartições municipais e diversos altos funcionários.

Àquela hora, o dr. Gomide Ribeiro dos Santos fez uso da palavra e refere que chegou ao fim da honrosa incumbência que lhe fora confiada pelo governo do Estado. Diz o orador que no desempenho do cargo de prefeito de Santos procurou cumprir o seu dever, fazendo justiça e cumprindo estritamente a lei, sem nenhuma preocupação de ordem subalterna. Passava, naquele instante, o cargo de prefeito municipal às mãos do dr. Aristides Machado, e fazia-o com grande satisfação, porque reconhece em s.s. as qualidades indispensáveis a uma brilhante e patriótica administração.

Depois de outras considerações, o orador termina formulando votos pela grandeza de Santos e pela feliz gestão do prefeito constitucional.

O dr. Aristides Machado agradece as palavras do dr. Gomide Ribeiro dos Santos e põe em relevo a atuação de s.s. à frente dos destinos do município, durante longa interinidade. Diz, ainda, o orador, que se escusava de delinear o seu programa, porque ele já é suficientemente conhecido de todos e se resume apenas numa palavra: trabalhar com afã e honestidade, pela grandeza de Santos.

Apelava, pois, para todos os funcionários da Prefeitura, a fim de que cada um, no cumprimento de seus deveres, seja um colaborador da obra que se propõe realizar, certo de que encontrará da parte de todos um concurso leal e decidido em prol da sua administração.

Estrugem palmas pelo recinto, ao mesmo tempo em que o dr. Aristides Machado é vivamente cumprimentado pelos presentes.

Em seguida, o sr. Mariano Gomes proferiu o seguinte discurso, que foi, ao concluir, longamente aplaudido:

"Exmas. sras. e meus srs.

"Tomo a palavra para desempenhar-me de honroso mandato que me é outorgado pela bondade dos caros companheiros da maioria nesta Câmara; para desobrigar-me de uma incumbência que só me cabe - compreendo-o bem - "par droit de naissance", isto é, por ser santista: - a grata incumbência de erguer uma saudação cordialíssima ao grande conterrâneo que acaba de voltar, para felicidade nossa, ao governo da nossa querida cidade.

"Há momentos em que a gente como se sente as palavras brotarem espontaneamente do coração, sem precisar da interferência do cérebro, e este é, para mim, um desses raros momentos.

"Há, nos brilhantes anais desta cidade, uma data que talvez tenha ficado esquecida, como tantas outras, muito embora haja sido uma das mais significativas nos seus fastos: referi-me, senhores, a 1º de abril de 1932.

Nesse dia, assumia o governo discricionário desta cidade o mesmo santista notável que hoje assume o seu governo constitucional. Considero essa data o marco inicial de um novo Renascimento, do renascimento admirável da cidade de Santos.

"Não farei aqui, por dispensável, a apologia do seu primeiro governo. O louvor desapaixonado e unânime dos que têm consciência e estese, já consagrou definitivamente a sua obra magnífica.

"- Três anos administraste, Aristides Machado, a Prefeitura Municipal de Santos, inspirado sempre por um grande amor à terra do nosso berço, olhos no largo horizonte aberto à tua frente, sem nunca os volveres para trás, como aquele Brissot da Revolução Francesa, para ver se o seguiam e aplaudiam. Mas, no dia em que deixaste o governo da cidade para te candidatares à Câmara Estadual dos Deputados, viste e sentiste que todos te seguiam e aplaudiam, porque em verdade todos te bem-queriam e admiravam.

"Neste momento, tão cheio de comoção para todos nós - por força da maioria eleitoral que nos elegeu para te elegermos -, voltas a ser o legítimo governador da nossa cidade.

"Santos, disse um dia Olavo Bilac, ao visitar pela última vez a nossa urbe: "Santos, maravilhoso empório e venerando templo, em que vibra o trabalho e esplende a virtude, tem tantos foros de nobreza que tem o direito de enobrecer os que conseguem merecer o seu amor e o seu aplauso". E tu os mereceste! Tu os tiveste e terás sempre do coração de todos os santistas, confiantes na tua inteligência, na tua probidade, no teu incomparável gênio cívico".

Bem hajas, oh minha amada cidade, pelo teu civismo e pela tua cultura, que reconduziram ao governo do município a cultura e o civismo de Aristides Bastos Machado!".

Do ato foi lavrado um termo, que recebeu a assinatura dos vereadores e pessoas presentes.

Ontem mesmo, o dr. Aristides Machado permaneceu no seu gabinete de trabalho até as 18 horas, fazendo expedir telegramas aos membros do governo do Estado sobre a sua posse e tomando outras providências de caráter administrativo.

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