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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Santista foi a primeira peregrina brasileira

Joana de Gusmão era irmã do Padre Voador

Decididamente, a família santista Gusmão foi longe. Bartolomeu ensinou o mundo a voar em balão, Alexandre alargou as fronteiras da América Latina. E Joana se tornou a primeira peregrina do Brasil. A história dela foi resumida assim numa cronologia de fatos da cidade publicada na revista comemorativa do 80º aniversário da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio (SHEC), em 1959:

3-7-1767

A Irmandade dos Passos dava permissão para a construção da capela do Senhor dos Passos, dentro da Igreja do Menino Deus, à d. Joana de Gusmão, aqui nascida em 1688 e que era irmã dos sábios santistas Alexandre e Bartolomeu de Gusmão. Esta senhora, que era conhecida por "mulher santa", fora acometida de grave enfermidade e, levada por seu marido às margens do Rio Iguape, cujas águas, tidas como medicinais e milagrosas, a curaram.

D. Joana, curada e agradecida, fez juntamente com seu esposo, ante o altar de N. S. das Neves, um voto de que aquele que sobrevivesse ao outro cônjuge se dedicaria às peregrinações religiosas e à propagação da fé. Enviuvando, d. Joana adotou negro hábito e partiu pelos ínvios caminhos do sertão, a cumprir o seu voto, com milagrosa energia e invulgar resistência.

Mão estendida às esmolas, indiferente aos perigos que a cercavam e às inclemências do tempo, vencendo montanhas, transpondo rios, dormindo sob árvores e se alimentando de frutos silvestres, conseguiu d. Joana, com o resultado de suas peregrinações - que se estenderam do Rio de Janeiro ao Estado de Santa Catarina - construir 3 igrejas ou capelas.

Quando já não possuía o vigor e a resistência física indispensáveis à continuação das peregrinações, ergueu - aos 80 anos - uma tosca casinha, ao lado da igreja do Menino Deus, e ali passou a ensinar a criançada a ler, escrever, a fazer contas e orar, até que a morte a surpreendeu, com 92 anos de idade, em 1780. Joana de Gusmão passou à história como a primeira peregrina brasileira.

Uma página Web criada em 2002 pelo Hospital de Caridade Irmandade Senhor Jesus dos Passos, de Florianópolis, tem mais detalhes sobre a atuação de Joana de Gusmão em terras catarinenses:

Ano 1762 - A capela do Menino Deus

A pequena Capela do Menino Deus foi fundada em 2 de maio de 1762 na Vila do Desterro (hoje Florianópolis), por Joana de Gusmão, que nasceu em Santos em 1688 e faleceu em 16 de novembro de 1788, com 92 anos de idade. Distribuiu seus bens e integrou-se na Ordem Terceira da Penitência, em peregrinação com a imagem esculpida em madeira do Menino Deus.

O terreno para construção da capela foi doado por André Vieira da Rosa e Muller, numa colina, dentro do perímetro urbano. Ao lado foi anexada a residência de Dona Joana, que criou em sua casa um pequeno colégio de meninas.

Foto publicada com o texto

Numa das embarcações vinda da Bahia, chegou a imagem do Senhor dos Passos, de autoria de Francisco das Chagas (o Cabra). Foi colocada na Capela Menino Deus com o intuito de abrigá-la até a passagem do próximo navio para a cidade do Rio Grande.

"Nas três frustradas tentativas para entrar à barra do Rio Grande do Sul, feitas pela embarcação que transportava uma imagem do Senhor Jesus dos Passos, e nas três conseqüentes arribadas ao Porto do Desterro, pareceu visível a Vontade Divina para que a veneranda encomenda ficasse na cidadezinha sede da Capitania de Santa Catarina. ..." (Henrique da Silva Fontes, in "A Irmandade do Senhor dos Passos e o Seu Hospital, e Aqueles que os Fundaram", 1965).

Em 1764, a permanência da imagem na Vila do Desterro foi negociada entre o capitão do barco e seus moradores, a partir daí formava-se a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos.

Em 1765 a fundação da Irmandade concretizou-se, através de lideranças locais, incluindo o Governador de Santa Catarina, Menezes de Souza. Tinha como principal objetivo desenvolver o culto ao Senhor dos Passos.

A imagem do Senhor dos Passos, com suas dimensões avantajadas, requeria mais do que um altar, precisava de uma capela. Para construí-la, a Irmandade obteve permissão do Bispo do Rio de Janeiro em 3 de julho de 1767. A capela seria anexada à do Menino Deus, formando com ela um só corpo. Sua construção ocorreu entre 1768 e 1769, com recursos vindos de esmolas, doações e donativos.

Com a morte da beata Joana de Gusmão, na época já integrante da Irmandade, a Capela do Menino Deus foi outorgada em 18 de outubro de 1781 pelo Governo da Capitania, juntamente com todos os seus pertences.

Mais detalhes estão na página Web da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esportes de Florianópolis (Setur):

Cultura & Lazer
CAPELA DO MENINO DEUS E DA IRMANDADE DO SR. DOS PASSOS E HOSPITAL DE CARIDADE

Vale a pena visitar esta capela que concentra, depois da Catedral, o maior número de peças de arte sacra eruditas e de origem portuguesa dos séculos XVIII e XIX no Município de Florianópolis.

O conjunto arquitetônico bicentenário representa um dos melhores referenciais urbanos do centro de Florianópolis. Dali descortina-se uma vista panorâmica da cidade, apreciada e registrada em pinturas e fotografias deste o século XIX.

A capela foi construída num terreno doado à beata Joana de Gusmão, para nela abrigar a imagem do Menino Deus e centralizar suas obras de caridade. Em 1767, a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos construiu outra capela, anexa à primeira, desta vez para expor uma impressionante imagem de Jesus suportando a Cruz.

Esculpida na Bahia, a imagem do Senhor Jesus dos Passos encontra-se em Florianópolis desde 1764. Conforme a tradição oral, ela destinava-se ao Rio Grande do Sul, mas o navio que a transportava, em três ocasiões foi impedido por tempestades de aportar lá, tendo de deixar a imagem em Desterro, na Capela do Menino Deus. Só então é que o navio conseguiu chegar ao seu destino. Tal fato, interpretado como reflexo da vontade divina, deu origem ao culto ao Senhor Jesus dos Passos, que já ultrapassa o seu segundo centenário.

A imagem foi esculpida em madeira por Francisco Chagas. Policromada, em tamanho natural, com olhos de vidro, vestes e cabelos naturais, representa um homem com expressão de intenso sofrimento. Toda articulada, tem a Cruz ao ombro e um joelho flexionado.

A tradicional e bicentenária Procissão de Nosso Senhor Jesus dos Passos, que ocorre no Domingo da Paixão, é a principal festa religiosa de Florianópolis, mobilizando centenas de pessoas.
As festividades incluem quatro procissões, sendo a mais importante a que leva a imagem do Senhor Jesus dos Passos, num dossel, desde a Catedral Metropolitana até o seu nicho, na Capela do Menino Deus e Nosso Senhor dos Passos. Destacam-se o comovente encontro das imagens do Senhor Jesus dos Passos com a de Nossa Senhora das Dores e a performance de cânticos dolorosos, entoados por uma cantora que interpreta Verônica, exibindo o lenço com as feições de Jesus.

O Hospital de Caridade faz pano de fundo para a capela. Ele foi uma das Santas Casas mais antigas do País. Nasceu do esforço conjunto da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, fundada em 1765, que ainda tem sua sede no local, do Irmão Joaquim Francisco da Costa e do trabalho pioneiro de Joana de Gusmão. Inaugurada em 1789, esta pequena casa de saúde para doentes pobres foi esboçada pelo tesoureiro da Irmandade, o mestre de obras Tomás Francisco da Costa. Chamado inicialmente de Hospital Jesus, Maria, José, foi crescendo e agregando novas alas. Passou a chamar-se Imperial Hospital de Caridade após o lançamento da pedra fundamental de seu novo prédio, num ato de D. Pedro II em 25 de outubro de 1845. O hospital, que é tombado pelo Município, foi vítima de um incêndio que destruiu as suas mais antigas alas em 5 de abril de 1994. Está em reforma, buscando a recuperação e a harmonia de todo o conjunto.

O Casarão ao lado do Hospital foi construído em 1865 para servir como área de isolamento. Atualmente, sedia o Museu Farmaco- Hospitalar de Santa Catarina, que está em implantação, reunindo acervo documental, farmaco-hospitalar e peças de arte centenárias, e é amparado pela Fundação Cultural Senhor Jesus dos Passos, criada em 25 de outubro de 1995. Capela e Hospital inserem-se num entorno paisagístico especial de Mata Atlântica remanescente, uma área de 218 mil metros quadrados do futuro Parque Ecológico Menino Deus. Nos fundos do Hospital, o Cemitério da Irmandade de Nosso Senhor dos Passos ostenta a arte cemiterial em lápides e pequenos mausoléus, recordando figuras históricas da comunidade local, tais como Oswaldo Cabral, Germano Wendhausen, Adolpho Konder, Conselheiro Mafra, entre outros.

Rua Menino Deus nº 376
Fones: 221-7583 e 221-7500
Capela construída a partir de 1760
E-mail: caridade@central148.com.br

O trabalho de Joana de Gusmão é também registrado em dois verbetes (650 e 651) da Enciclopédia Simpozio, organizada em 1997 por Evaldo Pauli, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC):

650. A Capela do Menino Deus, e que hoje marca o centro do conjunto do Hospital de Caridade, na encosta de um monte chamado então Bela Vista, foi construída, - iniciadas as obras em 1762, - com os recursos esmolados por Joana de Gusmão.

Veio depois a ser embelezada pela torre dianteira e pelos edifícios hospitalares à direita e à esquerda, realizados em diferentes épocas.

Filha de um Cirugião-mor, nascera Joana de Gusmão em Santos, 1688, e era irmã do Pe. Bartolomeu Lourenço de Gusmão, inventor da máquina aerostática, e de Alexandre de Gusmão, Secretário Particular de D. João V.

Casada primeiramente com um rico lavrador, ao viuvar, revestiu-se Joana do hábito da Ordem Terceira da Penitência. Saiu então a peregrinar, servindo a Deus e praticando a caridade. O hábito lhe deu o apelido de beata. Em uma caixinha, pendurada ao peito, levava uma pequena imagem vestida do Menino-Deus, vestida de pano, e que ainda hoje se conserva. Em 1748 encontrava-se em Paranaguá.
      
Consta sua presença em Santa Catarina em 1756, quando se inscreveu na Ordem Terceira, que então ainda funcionava na Igreja de N. Sra. do Desterro. Instalou-se inicialmente em Lagoa da Conceição, passando depois para a Vila. Faleceu aos 92 anos de idade, em 16 de novembro de 1780.

A construção da capela do Menino-Deus passou a ser efetivada com Provisão do Bispo do Rio de Janeiro, com data de 13 de maio de 1760. Uma Provisão anterior, do tempo em que residia em Lagoa, perdeu-se.

Mudava a nova Provisão o local da construção para o centro urbano. Possuía a benemérita a soma suficiente de 200.000 réis, que dizia esmolada até o Rio Grande do Sul e a Colônia de Sacramento no Uruguai.

Não possuindo o terreno, ajustou construir a Igreja em local pertencente à Ordem Terceira, para a qual doou a soma. A demora, por parte da Ordem, em obter licença do bispado do Rio de Janeiro, dera tempo a um outro plano, nascido de um terreno no Morro da Boa Vista, de dez braças em quadro (444 metros quadrados), doação de André Vieira da Rosa e sua mulher Ana de Sousa Furtado.

Feito o distrato com a Ordem Terceira em 25 de abril de 1762, já possuindo agora 250.000 réis, deu inicio às obras em 2 de maio imediato na encosta do morro da Boa Vista.

Fora inicialmente construída primeiramente a capela-mor, dispondo-se assim de lugar para a imagem do Menino-Deus, havendo sido logo prosseguidas as obras com vistas ao corpo da Igreja.
  
651. Iniciado o pequenino empreendimento de Joana de Gusmão em 1762, ensejou a criação da Irmandade do Senhor dos Passos em 1764.

A capela lateral, à maneira de braço de cruzeiro, foi construída pela Irmandade do Senhor dos Passos, com Provisão de 3 de julho de 1767, emitida pelo bispo do Rio de Janeiro. Concluiu-se dita capela do Senhor dos Passos em 1769.

Ao tempo, a primeira capela ainda não estava concluída, porém no ponto suficiente de já poder possuir o altar e a imagem do Menino-Deus. Ingressou também Beata Joana na referida Irmandade do Sr. dos Passos.

Junto ao templo, construiu Joana ainda sua pequena moradia, onde dava exemplos de virtude e educava meninas. Ao iniciar as obras da capela em 1762, já tinha ela a idade de 76 anos.

Teve Joana de Gusmão duas companheiras, as beatas Jacinta Clara da Vitória e Josefa Maria da Vitória, que lhe sobreviveram. Falecida Joana em 1780, passaram elas a cuidar da capela. Falecidas também estas, foi feito o inventário da capela, e tudo passou à Irmandade do Senhor dos Passos, assim se encontrando ainda hoje.

Finalmente em 1787 se iniciaram as obras do primeiro edifício do Hospital de Caridade, por iniciativa da Irmandade do Senhor dos Passos. Neste trabalho se destacou o então jovem Joaquim Francisco do Livramento, conhecido também por Irmão Joaquim. Nasceu nesta vila em 20-3-1761, filho de Tomás Francisco da Costa e de Mariana Jacinta da Vitória, havendo adotado um novo nome por devoção.

Um terceiro verbete da mesma enciclopédia eletrônica trata da questão educacional no tempo da capitania:

703. O Brasil lusitano foi no passado notoriamente analfabeto. No passado catarinense este fenômeno foi sobretudo notório nos núcleos de origem açoriana.

Afora algumas escolas públicas, poucas foram as complementações da iniciativa particular no decorrer da Capitania. Sabe-se, por exemplo, que a beata
Joana de Gusmão ensinava meninas (vd 650).

Foi notório o número de clérigos em proporção à população. Mas nenhuma escola surgiu em torno das igrejas matrizes das freguesias, como acontecerá mais tarde por iniciativa do Pe. Paiva e depois sobretudo pela iniciativa das comunidades de origem germânica e italiana.

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