Monte Serrate, logo após o desabamento, em 1928
Foto: Poliantéia Santista, 1996, Ed. Caudex, S. Vicente/SP
GRANDES REPORTAGENS
Em 1928, queda do Monte Serrat abalou a Cidade
Monte Serrat, 10 de março de 1928. Um barulho ensurdecedor, pedras rolando morro
abaixo, lama escorrendo pela encosta, gritos de pavor, inúmeras casas destruídas e um saldo de 110 mortos. A queda de uma extensa área do morro se
transformou na maior tragédia já ocorrida na Cidade.
Da Editoria Local
A maioria dos imóveis atingidos era de habitação
coletiva. Uma parte do antigo prédio da Santa Casa, situado no que é hoje o Morro do Bufo, ficou destruída. O fato
mobilizou todo o País e repercutiu intensamente no exterior, como demonstram as páginas de A Tribuna da época. O próprio jornal tratou de
arregimentar campanhas em benefício das famílias das vítimas e em favor da reconstrução da Santa Casa.
Trecho de um texto do jornal sobre o episódio já dava a dimensão do fato. Sob a
manchete "Horrorosa catástrofe enluta a Cidade", a chamada: "A catástrofe de ontem (10) constituirá a página mais dolorosa na história da vida de
Santos".
Solidariedade - De todo o Brasil vieram mensagens e doações. No exterior,
órgãos governamentais e entidades diversas manifestaram solidariedade. Artistas e atletas promoveram shows e jogos beneficentes.
O então presidente de São Paulo, Júlio Prestes, veio a Santos para conhecer de perto a
extensão dos danos. Após sua visita ao morro, determinou a destinação dos recursos que fossem necessários para as obras prioritárias na encosta e de
socorro aos parentes dos mortos ou dos que ali possuíam suas moradias.
Devido à precariedade dos equipamentos de resgate da época, o trabalho de remoção dos
corpos demorou vários dias e mobilizou grandes contingentes de operários, técnicos, engenheiros, soldados do Corpo de Bombeiros e voluntários.
Na Santa Casa, dois necrotérios, uma sala de cirurgia e parte das enfermarias foram
destruídos. Os doentes foram removidos para a Beneficência Portuguesa e Asilo dos Inválidos.
O hospital só não desapareceu sob o lamaçal porque o estabelecimento já havia
providenciado uma grande muralha de pedras para conter quedas de barreiras, como já ocorrera por duas vezes.
O primeiro desmoronamento na encosta do Monte Serrat foi em 1898. Ficou apenas no
susto e em danos materiais. E o segundo aconteceu em 1920, também sem maiores conseqüências.
Perícia - Três peritos foram nomeados pelo Poder Público para verificar as
condições de segurança do Monte Serrat e as causas do desastre: Clodomiro Pereira da Silva, Joaquim Vagliengo e Oliveira Borges.
A Tribuna publicou a conclusão dos peritos numa edição de domingo, no dia 1º de
abril de 1928. A causa apontada foi a infiltração de água pluvial em excesso na encosta. "...as águas atravessaram a crosta terrosa até atingir a
camada impermeável, provocando a queda brusca da barreira, dada a grande inclinação que apresenta a superfície do escorregamento".
Monte Serrate, logo após o desabamento, em 1928
Foto: Poliantéia Santista, 1996, Ed. Caudex, S. Vicente/SP
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