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Imagem publicada com a matéria
SANTOS
Retrato do Brasil
Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos da Unisanta apresenta pesquisa
detalhando a situação social de cada um dos 47 bairros e morros santistas
Patrícia Diguê
Da Reportagem
Apesar de sua conhecida qualidade de vida, Santos é um
microrretrato do Brasil: possui suas ilhas de pobreza em meio às áreas de riqueza e desenvolvimento. Esta é a conclusão de um estudo inédito
realizado na Cidade que mostra as diferenças sociais entre 47 bairros e morros, apontando os com maior e menor Índice de Exclusão e Inclusão Social
(IEIS).
O trabalho, desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese) da
Universidade Santa Cecília, foi apresentado na noite de ontem no Sesc.
Os bairros mais excluídos socialmente são a Alemoa e o Morro
da Caneleira e os mais incluídos, Campo Grande, Vila Belmiro, Aparecida, Ponta da Praia, Embaré, Pompéia, José Menino, Boqueirão e Gonzaga. A Área
Continental não foi incluída (veja matéria e mapa).
Segundo o coordenador do Nese, Alcindo Gonçalves, os índices se baseiam nos dados do
Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "Não houve trabalho de campo", esclarece. O levantamento levou dois meses.
Importância |
"Toda ação social tem que estar sustentada por dados confiáveis"
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Célio Nori
Coordenador do Fórum da Cidadania
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O IEIS é representado por uma escala que varia entre os números -1 e +1, dividida em
cinco faixas. Na faixa entre o -1 e o -0,60 estão os locais de "elevada exclusão social", entre -0,61 e -0,20, de média a baixa exclusão social, de
-0,21 a +0,19, faixa intermediária, e de +0,60 a +1, "alta inclusão social" (veja mapa).
Para chegar ao IEIS, levou-se em conta outros quatro levantamentos: o de Autonomia de
Renda dos Chefes de Família, que mede a capacidade da pessoa suprir suas necessidades básicas; o de Desenvolvimento Humano, que se baseia nos dados
sobre Educação (alfabetização), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (média familiar), o de Qualidade de Vida, que avalia o conforto
domiciliar, como número de banheiros, por exemplo; e, por fim, o de Eqüidade, que se baseia no número de mulheres que são chefes de família e sua
alfabetização.
Gonçalves explica que, ao se somar estes quatro indicadores e aplicando-se uma fórmula
de escalonamento, obtém-se o IEIS. "Este índice indica o melhor lugar para se morar ou aquele que requer mais atenção do Poder Público", resume o
coordenador.
Investimentos - Para Célio Nori, coordenador do Fórum da Cidadania, que reúne
100 entidades (entre ONGs e associações), a pesquisa servirá para subsidiar as ações do Poder Público. "Toda ação social tem que estar sustentada
por dados confiáveis".
Estas informações chegam em um momento importante para o Município, quando estão sendo
feitos os planos de governo dos candidatos", completa a vereadora Suely Morgado (PT), membro do Fórum.
No total, o estudo levou em conta 29 indicadores sociais do Censo. O trabalho completo
está no site do Nese, www.neseunisanta.br.
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Segundo Gonçalves, índice aponta lugar que requer mais atenção
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria
Bairros da orla concentram melhor qualidade de vida
É próximo à orla que estão localizados os bairros com maior qualidade de vida: Campo
Grande, Vila Belmiro, Aparecida, Ponta da Praia, Embaré, Pompéia, José Menino, Boqueirão e Gonzaga. "Não existe surpresa", afirma o coordenador do
estudo.
Para ele, o trabalho mostra cientificamente o que todos podem observar pela Cidade. E
analisa que assim como no resto do País, Santos também apresenta uma má distribuição de renda.
"Nestes locais é que foram feitos os maiores investimentos", conclui o coordenador.
Gonçalves ainda observa que apesar dos mapas trazerem um diagnóstico de diferentes aspectos sociais (renda, desenvolvimento humano, qualidade de
vida e eqüidade), eles aparecem quase idênticos. "É que um problema leva ao outro, como baixa renda e pouca escolaridade, por exemplo".
Ele ainda alerta que é preciso analisar os dados com cuidado. Como no caso do Morro
Santa Terezinha, que perde pontos nos itens eqüidade e número de pessoas por moradia. "As mulheres que moram lá não são chefes de família e também é
registrado um grande número de pessoas por domicílio, mas deve-se lembrar que as casas lá são grandes".
No índice de eqüidade, por exemplo, o local aparece como excluído socialmente, ao lado
do Morro do Pacheco e da Alemoa. "Os indicadores não são perfeitos, eles podem ter falhas".
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A Ponta da Praia foi apontada pela pesquisa do Nese - junto com outros nove bairros -
como um dos melhores lugares para se viver
Foto: Marcelo Justo, em 28/6/2003, publicada com a matéria
Morro da Caneleira e Alemoa apresentam os piores índices
Os morros aparecem como as áreas de maior exclusão social na Cidade, sendo que a pior
situação foi encontrada no Morro da Caneleira (-0,601) e na Alemoa (-1). Nestes locais, onde existem 439 e 165 moradias, respectivamente, a renda
familiar é baixa, há grande densidade habitacional (muitas pessoas morando na mesma casa), não existe saneamento básico suficiente, a escolaridade é
precária, entre outras características.
"Isso não quer dizer que estes bairros sejam um horror", afirma o coordenador do
estudo, Alcindo Gonçalves. Segundo ele, ao se comparar estes locais com bairros de outras cidades, pode-se chegar à conclusão de que a situação
nestes lugares não está tão ruim. "Eles apenas apresentaram os piores índices dentro do Município", esclarece.
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Qualidade de vida cai da orla para a ZN
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Analisando o mapa da exclusão, o coordenador conclui que a qualidade de vida na Cidade
vai caindo da orla para a Zona Noroeste. Mas ele faz uma ressalva: "Não se pode afirmar que toda a ZN é excluída, porque os bairros Santa Maria e
São Jorge não aparecem como de elevada exclusão, por exemplo".
Para o coordenador do Projeto Santos Digital, Luiz Carlos Santini Mello, a população
precisa ser informada sobre estas deficiências para poder cobrar ações do Poder Público. "É preciso transformar este estudo em projetos para os
bairros, sempre através do diálogo com a sociedade".
Na opinião de Gonçalves, o ideal era que o núcleo pudesse realizar sua própria
pesquisa de campo, para que fosse possível acrescentar mais variáveis à pesquisa. "Mas isto custa caro". Para ele, o levantamento baseado nos dados
do censo já representa um ponto de partida no estudo da qualidade de vida em Santos.
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Os morros aparecem entre as áreas de maior exclusão social
Foto: Édison Baraçal, em 10/2/2004, publicada com a matéria
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