Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0209.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/14/04 09:25:32
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Um jacaré no alto do morro (1)

Após morar vários anos na lagoa da Nova Cintra, tentou-se transferi-lo

A falta de memória possivelmente criará mais uma lenda em poucos anos, já que mesmo no tempo de sua presença na Lagoa da Saudade, no Morro da Nova Cintra, muitos duvidavam até que ele existisse, já que poucos o viam. Mas o famoso jacaré de vez em quando aprontava das suas, e foi uma de suas últimas artes que determinou a transferência do animal para um criadouro especializado no Rio de Janeiro, programada para março de 2004.

O carisma do bicho - enfim batizado com o nome Florentina (de uma música popular no rádio e na TV), antes mesmo de se saber se é macho ou fêmea, ou se há mais de um - foi mais forte: o problema foi repensado, repensado, adiado... e o jacaré foi ficando... ou os jacarés...

A primeira notícia, divulgada em 7 de fevereiro de 2004 na televisão e distribuída na Internet:

Jacaré foge da lagoa em Santos

Santos - Um jacaré fugiu de uma lagoa e se escondeu dentro de uma casa em construção, em Santos, no litoral paulista. Os soldados do Corpo de Bombeiros tiveram trabalho para laçar o animal, que tentou escapar várias vezes.

Depois de várias tentativas, o jacaré foi capturado com a ajuda de estudantes de Biologia e Veterinária, que cobriram os olhos do animal e conseguiram amarrá-lo. Por orientação do Ibama, o jacaré foi levado de volta à lagoa. As informações são da TV Globo.

No dia seguinte, 8/2/2004, notícia em A Tribuna:


Lagoa não é habitat adequado para o jacaré, diz Ingrid, do Ibama
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria

LAGOA DA SAUDADE
Ibama quer transferir jacaré para zoológico

Na madrugada de ontem, animal foi parar em uma casa em construção

Da Reportagem

O jacaré-de-papo-amarelo que vive na Lagoa da Saudade, no Morro da Nova Cintra, pode ser transferido para um zoológico. A possibilidade foi levantada ontem pela chefe do escritório regional do Ibama, Ingrid Maria Furlan.

A decisão poderá ser tomada devido ao episódio ocorrido na madrugada de ontem, quando pela primeira vez o animal foi visto longe da lagoa, o que pode representar riscos à população.

Conforme relatos de moradores, ele atravessou uma avenida, um terreno baldio e acabou entrando em uma casa em construção, na Rua Adilson Bullo. Alguns demoraram a acreditar que estavam vendo um jacaré no meio da rua. Outros comentaram que o jacaré sempre é visto naquela área.

O Corpo de Bombeiros, com a ajuda de estudantes de Medicina e Veterinária, amarrou o animal, que mede cerca de dois metros, e o devolveu à lagoa. O trabalho levou duas horas.

Uma equipe do Ibama vai analisar o jacaré e as condições em que ele vive para saber os motivos que o levaram a sair da lagoa. Entre eles podem estar a busca por comida ou a procriação, caso seja fêmea. Ela poderia estar procurando um lugar para colocar os ovos. Segundo freqüentadores do local, existem pelo menos dois jacarés vivendo na lagoa.

Ingrid comenta que o animal só não foi transferido ontem mesmo para um lugar apropriado devido ao horário. "Não foi possível acionar uma equipe especializada do Ibama àquelas horas porque ela não fica em Santos, senão já teríamos mais informações sobre ele". Conforme a chefe do órgão, a Lagoa da Saudade não é um habitat apropriado para a espécie.

Segundo o guarda municipal Rodolfo César Coury, responsável por vigiar o local, o jacaré aparece quase todos os dias para tomar sol.

Memória - Em janeiro de 2002, a Prefeitura cogitou retirar o jacaré da lagoa porque havia reclamações de pessoas que se sentiam ameaçadas, principalmente pescadores. Mas houve resistência da população e a idéia acabou sendo descartada.

O Ministério Público também exigia providências quanto à presença do animal, que vive na lagoa há vários anos e nunca atacou ninguém.

Em 9 de fevereiro de 2004, também no jornal santista A Tribuna:


É O BICHO - Um dia depois de ser visto em uma área longe da Lagoa da Saudade,
no Morro da Nova Cintra, o jacaré-de-papo-amarelo voltou à rotina.
Os freqüentadores do local dizem não ter medo do réptil
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

NOVA CINTRA
Jacaré não assusta freqüentadores da lagoa

Falta de alimento pode ter ocasionado sua saída, à noite, do local

Luiz Gomes Otero
Da Reportagem

Um dia depois de ser localizado longe da Lagoa da Saudade, no Morro da Nova Cintra, o jacaré-de-papo-amarelo parece ter retomado a sua rotina. Ontem pela manhã, ele voltou a ser visto nas margens da lagoa pelos freqüentadores, próximo da área de vegetação.

Na madrugada do último sábado, o jacaré foi capturado pelo Corpo de Bombeiros e por uma equipe de estudantes de Biologia e Veterinária, no interior de uma casa em construção da Rua Adilson Bullo. De acordo com relato dos moradores, o réptil, que mede cerca de dois metros, teria atravessado uma avenida e um terreno baldio antes de chegar na edificação.

Em função do episódio, o Ibama já estuda a possibilidade de transferir o jacaré para um zoológico. A hipótese foi admitida pela chefe do escritório regional do órgão na Baixada Santista, Ingrid Furlan.

A presença do jacaré parece não incomodar ou assustar os freqüentadores da lagoa, apesar do evidente risco de um contato direto com o animal. Ontem pela manhã, um pescador permaneceu várias horas em um pequeno trapiche de madeira, a poucos metros do animal, que aparentava estar descansando sob o sol forte.

O munícipe Everaldo Lima dos Santos disse que nunca soube de algum tipo de problema envolvendo o jacaré. "Eu sempre estou por aqui, na lagoa. E nunca vi este animal atacar alguém".

Para ele, o correto seria intensificar a fiscalização contra os abusos praticados por jovens. "Infelizmente, muitas crianças ainda costumam nadar na lagoa. Isso não é bom nem para o animal e nem para esses jovens".

A munícipe Valéria Maria Ribeiro levou ontem seus filhos para passear na lagoa. Ela diz que a imagem do jacaré já faz parte da paisagem do local. "Não acho que seja necessário retirá-lo daqui. Já vi ele em outros locais mais próximos e nunca soube de algum tipo de problema".

O guarda municipal Airton de Almeida informou que já foram elaborados boletins de ocorrência de jovens que insistem em nadar na lagoa. "Muitos ainda ignoram o perigo que correm nadando ali".

O biólogo Fábio Giordano disse que a fuga do jacaré pode estar relacionada a uma série de fatores, cujas causas serão identificadas pelos técnicos do Ibama. "Pode ser a questão de reprodução, pois algumas espécies de répteis adotam esse tipo de comportamento. Outra possibilidade é quanto à alimentação. Será que a lagoa oferece quantidade de alimento suficiente para a sua subsistência?"

Entretanto, Giordano adverte que a presença do jacaré em uma área urbana não é recomendada. "Trata-se de um animal acostumado com um ambiente selvagem. Nunca se sabe qual será o tipo de reação dele próximo aos moradores. O procedimento correto seria encaminhá-lo para o seu habitat natural ou para um zoológico".


Na manhã de ontem, o réptil podia ser visto nas margens da lagoa, 
próximo da área de vegetação. Na madrugada de sábado, entrou  na casa em construção
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

Memória
Desde 1997, a Prefeitura vem anunciando a disposição de retirar o jacaré da Lagoa da Saudade. Diversas reuniões foram realizadas por uma comissão formada por integrantes da Administração Municipal e de outros órgãos, como a Polícia Ambiental. O maior obstáculo era encontrar um novo lar para o animal, uma vez que os parques preferem espécies mais raras e nos zoológicos este tipo de animal é comum. Até o momento, não foi divulgada uma solução definitiva para o caso.

No Diário Oficial de Santos, edição de 19 de fevereiro de 2004, foi publicada esta notícia, na página 3:

NOVA CINTRA
Jacaré da Lagoa da Saudade irá para o Rio de Janeiro em março

Agora é certo. O jacaré-de-papo-amarelo que há mais de oito anos vive na Lagoa da Saudade vai deixar o local no dia 5 de março. O animal será transferido para o Criadouro Conservacionista Arurá, especializado em jacarés desta espécie. O novo habitat do jacaré está localizado em Volta Redonda, Rio de Janeiro, e de acordo com a chefe do escritório regional do Ibama, Ingrid Oberg, ainda não há um dia certo para sua captura.

Segundo ela, especialistas em répteis do Ibama, com apoio de uma equipe do Arurá e do Orquidário de Santos, deverão ir à Lagoa dias antes da transferência para capturá-lo durante a noite, horário mais indicado.

A transferência do réptil foi definida devido à sua saída da Lagoa da Saudade, atravessando uma avenida e entrando em uma casa em construção, significando um risco eminente à vida daqueles que moram por perto.

Criadouro - O Arurá teve seu início em 1997, para preservar uma espécie em extinção. O nome vem do Tupi, e significa, entre outras coisas, Jacaré do Papo Amarelo. O site do criadouro é o www.arura.com.br.


Animal será transferido para criadouro especializado, em Volta Redonda
Foto: Anderson Bianchi, publicada com a matéria

Também no dia 19/2/2004, notícia em A Tribuna:

LAGOA DA SAUDADE
Jacaré será levado para criadouro no Rio

Decisão do Ibama está fundamentada no risco para o animal e para a população

Da Reportagem

O jacaré-de-papo-amarelo que habita a Lagoa da Saudade, no Morro da Nova Cintra, será levado para o Criadouro Comercial Arurá, em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. A transferência está marcada para o próximo dia 5.

Recentemente, o animal deixou a lagoa e teve que ser retirado de uma casa em construção, que fica nas redondezas. Por entender que o jacaré oferece risco aos freqüentadores da lagoa, o Ibama decidiu que o melhor a fazer é levá-lo para um lugar mais seguro.

A diretora do Ibama na região não foi encontrada ontem para explicar o porquê da escolha de um cativeiro comercial no Rio de Janeiro. Uma funcionária do órgão confirmou a transferência.

A Tribuna conversou ontem à tarde, por telefone, com o responsável técnico pelo Criadouro Arurá. Glenn Collard confirmou que estará em Santos no próximo dia 5 para capturar o réptil.

Ele não sabe se conseguirá executar a tarefa em apenas um dia. "A captura pode levar uma hora, como uma semana", afirmou, dizendo se tratar de uma operação delicada. "É preciso ter cuidado para não machucar o animal".

O criadouro Arurá possui hoje 650 jacarés-de-papo-amarelo. Fica em uma área de resquícios da Mata Atlântica, de onde a espécie é nativa.

Embora o cativeiro seja classificado como comercial, Collard garantiu que não há a menor possibilidade de o jacaré que hoje habita a lagoa ser abatido. A carne e o couro do animal são bastante cobiçados. "Ele será uma matriz, um reprodutor", explica o técnico, lembrando que apenas os jacarés nascidos em cativeiro podem ser comercializados.

Riscos - Collard tem a mesma opinião do Ibama quanto aos riscos que o animal oferece ao habitar a Lagoa da Saudade, um local freqüentado por moradores e turistas. "De fato, não é aconselhável que ele fique lá, ainda mais se está saindo da lagoa".

Das cinco espécies existentes no Brasil, o jacaré-de-papo-amarelo é considerado o segundo mais agressivo. Fica atrás apenas do jacaré-açu, nativo da Amazônia. "Ele só ataca um ser humano se sentir ameaçado", pondera Collard.

Até o ano passado, o jacaré-de-papo-amarelo era uma espécie ameaçada de extinção no Brasil. Este ano, o Ibama elevou a classificação para vulnerável, o que já permite o comércio do animal.


Recentemente, o animal deixou a lagoa e teve de ser capturado em uma obra nas proximidades
Foto: Arquivo (Carlos Nogueira), publicada com a matéria, e em 9/2/2004

Um adiamento nesse plano foi noticiado em 28 de fevereiro de 2004 pelo jornal santista A Tribuna:

Nova Cintra
Remoção do jacaré da lagoa tem data adiada pelo Ibama

Da Reportagem

Os trabalhos de captura e transporte do jacaré-de-papo-amarelo da Lagoa da Saudade, que teriam início no próximo dia 5, foram adiados. A nova data ainda será confirmada, de acordo com a chefe do escritório regional do Ibama, Ingrid Maria Furlan Oberg.

Segundo ela, os representantes do Criadouro Comercial Arurá de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, para onde o animal será levado, participarão de um curso na próxima semana, o que impossibilita a ida deles ao local. Ingrid diz ainda que a equipe do Núcleo de Fauna do Ibama vai ficar por mais algum tempo na Capital averiguando a causa da morte de animais no Zoológico de São Paulo.

A bióloga reconhece que não será tarefa fácil retirar o animal da lagoa. Moradores do Morro da Nova Cintra, indignados com a idéia do órgão ambiental, pretendem entregar ao Ibama um abaixo-assinado pedindo a permanência do jacaré. A chefe regional garante que a mesma equipe que for à lagoa conversará com os moradores daquela região para convencê-los de que aquele ambiente não é adequado para a permanência do bicho.

"Sabemos que há pessoas que costumam levar alimento para o jacaré e é um risco, pois trata-se de um animal carnívoro e selvagem, que vive perto da comunidade e de uma área urbanizada", diz. Ontem à tarde, o jacaré pôde ser visto tomando sol em um dos cantos da lagoa.

A remoção do jacaré, de acordo com Ingrid, é uma recomendação do Ministério Público Estadual (MPE), que solicitou ao Ibama uma análise do animal e sua possível retirada, em 1996.

Ambiente - Ingrid afirma que, no Criadouro de Barra Mansa, o jacaré irá conviver com outros 650 animais de sua espécie. O espaço, diz a bióloga, fica em uma área de Mata Atlântica e apropriada para estes bichos.

Em 25 de março de 2004, o jornal A Tribuna voltava ao assunto:


Jacaré apareceu para tomar banho de sol na tarde de ontem
Foto: Marcelo Justo, publicada com a matéria

NOVA CINTRA
Lagoa da Saudade passa por trabalho de observação

Atividades serão feitas pelo período de três semanas

Da Reportagem

Técnicos do Ibama e estudantes do curso de Veterinária da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) começaram ontem um trabalho de observação da Lagoa da Saudade, no Morro Nova Cintra, para detectar quantos animais silvestres vivem no local. A iniciativa faz parte de uma das etapas para resolver a situação do jacaré Florentina, morador da lagoa.

Para a satisfação dos envolvidos no trabalho, o animal apareceu para tomar um banho de sol na tarde de ontem e foi flagrado por A Tribuna. Conforme moradores, há mais de um jacaré vivendo no espaço.

A observação do local será feita durante três semanas, todas as segundas, quartas e sextas-feiras, das 10 às 14 horas, e às terças e quintas-feiras, das 18 às 21 horas.

Ao mesmo tempo, o Ibama fará uma pesquisa com moradores do morro que abordará sete questões. Segundo a técnica ambiental do órgão, Sandra Pellegrine, as pessoas serão questionadas quanto ao número de animais vistos no local e sobre acidentes provocados por bichos na lagoa.

"As entrevistas também terão perguntas como: se os moradores são a favor ou contra a permanência de um animal carnívoro no lago, se o ambiente urbanizado é adequado para a permanência de jacarés e se a lagoa pode ser freqüentada pela população sem nenhum risco".

Também nesse período de três semanas, será feita uma outra pesquisa de opinião com 200 moradores do Nova Cintra para saber se a população aprova a permanência do jacaré, mesmo sabendo que, para isso, a lagoa precisaria ser cercada e haveria restrições ao uso da área. A pesquisa será coordenada pelo professor da Unimes Hélio Fernando Halite.

Além da observação e das pesquisas, o veterinário José Heitzmann Fontelle, professor da Unimes, irá preparar um projeto para transformar a lagoa em um criadouro, verificando se há como cercar só parte do lago ou se ele terá que ser completamente fechado. "Uma das idéias é restringir a circulação do animal a um espaço perto da ponte".

A Prefeitura irá disponibilizar as plantas da área para que a universidade possa elaborar o projeto. Depois de pronto, o documento será apresentado à Administração Municipal para saber se há interesse que o animal permaneça na lagoa. Caso a Prefeitura concorde em implantar o projeto, ele será encaminhado ao Ibama para avaliação.

Criadouro - Se a sugestão de implantação do criadouro for aceita, a Prefeitura deverá cercar a área e manter tratadores e veterinário responsável para cuidar do jacaré.

No entanto, só depois que o relatório, a pesquisa e o projeto estiverem concluídos, é que a Administração decidirá o que será feito com o animal.

Leva para a página seguinte da série

QR Code - Clique na imagem para ampliá-la.

QR Code. Use.

Saiba mais