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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Henri Porchat, o precursor da industrialização

Olao Rodrigues (?) (*)

Tronco principal da família Porchat da nossa cidade, Henri Porchat era suíço, natural de Genéve (N.E. Genebra), onde nasceu em 1789 - oriundo da família de Jean Jacques Porchat, escritor, célebre fabulista, professor de literatura da Faculdade de Letras na Universidade de Lausanne.

Viera diretamente para Santos sozinho, tendo deixado a casa dos pais em busca de fazer fortuna no Brasil, quando contava apenas 15 anos de idade. Foi o primeiro industrial de Santos e um dos primeiros da então Província de S. Paulo. Montou nesta cidade e dirigiu durante toda a vida o curtume Villa Nova, que ficava onde hoje é a Avenida Conselheiro Nébias, esquina da Rua 7 de Setembro, local atualmente ocupado pelo palacete do Sr. José Evaristo Machado Netto e a Villa Ramos (N.E.: demolidos em fins do século XX). A Vila Nova compreendia então todo o terreno ainda em mato, desde a atual Rua Braz Cubas, até o mar, e entre a atual Rua Bittencourt e o Rio dos Soldados, que é hoje o canal Campos Salles - terrenos de sua propriedade.

A tanagem dos couros era feita por folhas de mangue, piladas em grande mó, a princípio movida a braço pela força de negros que se revezavam nesse pesado serviço - de 1872 em diante, o maquinismo começou a ser movido a vapor, com caldeira, queimando lenha do próprio mangue.

Henri Porchat foi o primeiro que em Santos teve rebocador a vapor (o vaporzinho Isaura), tendo prestado grandes serviços ao movimento do porto. Foi o primeiro a montar linha telefônica (entre a Vila Nova e o Monte Serrat), para dar aviso das embarcações fora da Barra.

Foi o primeiro grande vendedor de lenha em achas (pau de mangue rachado). Teve os primeiros carros de aluguel para passageiros (séges). Montou a primeira fábrica a vapor de sabão e de velas de sebo, na Província de S. Paulo, num chalé que existia ainda até bem poucos anos à Rua Bittencourt, esquina da Avenida Conselheiro Nébias, onde atualmente é o sobrado nº 150.

A sola da Villa Nova era a melhor então fabricada no Brasil, sendo por isso exportada para o interior e para todas as províncias do Sul e do Norte. Henri Porchat foi no Brasil o primeiro exportador para a Europa de chifres bovinos, para a fabricação de botões, pentes etc.

O curtume da Vila Nova foi talvez o primeiro grande senhorio que pagava aos escravos o trabalho extraordinário dos domingos. Foi Henri Porchat o iniciador da Igreja Protestante de Santos.

Faleceu nesta cidade com 84 anos de idade, em 1882 (SIC), deixando numerosa prole e tendo contraído núpcias por 2 vezes, com brasileiras.

A Rua Henrique Porchat foi uma das homenagens que lhe prestou a Municipalidade, logo após a sua morte, e as primeiras placas por muitos anos conservaram o nome de Rua Henri Porchat.

 (*) Olao Rodrigues, jornalista e escritor, incluiu este artigo no Almanaque da Baixada Santista - 1976, publicação de sua autoria (edição particular, Santos/SP). O texto foi apresentado com grafia antiga (aqui atualizada) para a época daquela publicação (1976) e anotando Olao a discrepância entre a idade de Henrique Porchat e a época de seu falecimento, mas sem qualquer indicação da autoria original.

Aliás, as datas citadas como de nascimento e falecimento de Henrique Porchat devem ser observadas com reservas, já que há discrepâncias na comparação com o texto abaixo reproduzido. Vale citar ainda que a família de Henrique Porchat teve por largo período a posse da Ilha do Mudo, depois rebatizada como Ilha Porchat e passada à posse de Manuel Augusto de Oliveira Alfaia (citado no texto abaixo), no município de São Vicente.

Sobre a Rua Henrique Porchat, comentou o mesmo autor, em sua obra Veja Santos! (2ª edição, 1978, Santos/SP):

Henrique Porchat
Rua - Bairro: Vila Nova.
C: Rua da Constituição (314)
F: Rua Braz Cubas (211)

Na sessão ordinária de 18 de abril de 1890, a Câmara Municipal de Santos aprovou o Parecer nº 12, da Comissão de Viação e Obras, que acolheu a proposta do Sr. Manuel Augusto de Oliveira Alfaia cedendo à Municipalidade três ruas abertas em terrenos de sua propriedade desde que elas tivessem os nomes de Henry Porchat, Companhia Predial e 27 de Fevereiro.

Na sessão ordinária da Câmara Municipal realizada a 16 de julho de 1900, presidida pelo capitão José Carneiro Bastos, foi aprovado o Parecer nº 199, de 1899, da Comissão de Obras e Viação, que adotava projeto de lei que considerava a via pública compreendida no plano de arruamento aprovado pela lei nº 24, de 1877, não apenas a Rua Henrique Porchat, como também "a travessa que separa as Ruas 7 de Setembro e Bittencourt, entre as Ruas Braz Cubas e Constituição", que é hoje a Rua Sóter de Araújo.

Três anos antes, ou na sessão ordinária de 5 de março de 1897, presidida pelo sr. A. Iguatemi Martins, foi aprovado o Parecer nº 296, da Comissão de Obras e Viação, acolhendo a proposta apresentada por Valentim João Pereira para execução dos serviços de calçamento da Rua Henrique Porchat, nos termos do edital de concorrência pública nº 121, da Intendência Municipal, que era exercida interinamente pelo sr. J. P. de Azevedo Sodré, autorizada, portanto, a celebrar contrato com aquele empreiteiro. A via pública denominou-se Henry Porchat e depois simplesmente Porchat e foi oficializada pela lei nº 647, de 16 de fevereiro de 1921, com a atual denominação, promulgada pelo prefeito municipal, coronel Joaquim Montenegro. Constava da planta sob nº 40.

Henrique Porchat muito se empenhou pelas campanhas abolicionista e republicana. Candidato a uma cadeira de deputado provincial em duas legislaturas, foi delegado de polícia e um dos fundadores do Partido Republicano Municipal. Fez parte do Conselho de Intendência nomeado a 7 de janeiro de 1896, mas não concluiu o mandato, por haver falecido em 1897.

Quando da Proclamação da República, a 15 de novembro de 1889, participou da Junta Governativa que administrou provisoriamente o Município, por decisão do povo.

Pertenceu a diversas entidades assistenciais e faleceu em S. Paulo a 27 de outubro de 1897, vítima de febre tifóide. Tribuna do Povo, noticiando a sua morte, concluiu a primeira nota do dia com este trecho: "Ante o seu cadáver, ainda quente, repitamos como o Júpiter da poesia francesa: há momentos que são orações; qualquer que seja a atitude do corpo, a alma sempre está de joelhos e ora!".

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