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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Igrejas
Catedral: história e histórias (3)

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Este extenso trabalho sobre a Catedral de Santos foi organizado durante alguns anos pelo pesquisador de História e professor Francisco Carballa - muitas vezes narrando histórias em primeira pessoa por ter vivido naquela área -, e que em julho de 2017 enviou o material para divulgação por Novo Milênio:
 


Carta assinada em 18 de novembro de 2005 pelo pároco da Catedral, padre José Myalil Paul, solicitando o retorno àquela igreja da imagem de São Sebastião que estava na gruta do Corpo de Bombeiros

Imagem: acervo do autor, o professor Francisco Carballa

SANTOS E SANTAS

Não são os padres que fazem as igrejas, mas sim os seus santos.

Retirada dos Santos que não estavam em altares: recordando que existiam ao todo cinco altares construídos na Catedral de Santos, a saber, o altar mor com a Virgem do Rosário que é a oraga do templo cristão santista; o altar eucarístico da Capela do Santíssimo Sacramento com o Sagrado Coração de Jesus em nicho na parede ao lado direito do presbitério; o altar da capela de Nossa Senhora de Fátima ao lado direito do presbitério; o altar de Nossa Senhora do Amparo ao lado esquerdo da cruz da nave e o altar de São José ao lado direito da cruz da nave.

Cada um desses altares era de responsabilidade da irmandade, confraria ou associação que tinha seu nome e assim estavam sempre limpos, enfeitados com flores e os responsáveis faziam questão de sentar o mais próximo possível de suas devoções. Havia ainda várias imagens de Santos espalhadas pela igreja e nas colunas, não me recordo como eram ali colocadas - se em peanhas ou pilastras -, segundo pessoas mais velhas diziam que eram em peanhas, mas somente uma prospecção pode dizer se existe uma pista de ferros ou cortes grandes na parede que comprove isso.

Ocorreu logo depois do Concílio: pouco a pouco os santos foram retirados de seus locais de devoção, ficando uma igreja fria e mais fria ainda com as novas cores que recebeu. Muita gente era contra, mas nada poderia fazer a não ser ir a outra igreja que tivesse a devoção ou aceitar e ignorar a falta de respeito para com tradições anteriores a pessoas que vinham de longe cheias de ideias que só serviram pra elas. Havia imagens colocadas em peanhas simples ou pelos cantos que hoje em dia estão vazios e sem função alguma.


Gustódia do Santíssimo, em prata dourada, existente na Matriz Velha de Santos

Foto, em 14/7/2008: acervo do autor, o professor Francisco Carballa, cedida a Novo Milênio

Nossa Senhora do Rosário Aparecida - Contavam uma história os antigos que ocorreu antes de 1652 uma grave discussão entre os portugueses, os nativos e africanos sobre o horário da procissão da Virgem do Rosário, sepultamentos e outros assuntos. Coube ao bispo responsável pela região, que ficava na Bahia (em Salvador) resolver a pendenga. Ele determinou que a imagem que veio do Reino ficaria com os brancos e se chamaria Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Brancos, a imagem de roca que alguns afirmam ter sido esculpida aqui em nossa terra ficaria com os negros da terra (nativos ou nhandeva) e os negros da costa da Africa, e se chamaria de Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pretos.

Até ai tudo bem, mas “o mais oprimido sempre será o maior opressor” e assim as duas irmandades não aceitavam os mestiços e novamente o caso foi parar no bispo que determinou que a imagem do consistório ficasse com os pardos ou mestiços e se chamaria de Nossa Senhora do Terço, havendo uma procissão pela manhã, uma de tarde e outra de noite, para alegria das beatas.

A imagem esculpida em madeira e vinda de Portugal que está no presbitério fora reencarnada ou restaurada no início do século XX, possivelmente para a inauguração da Catedral, que com a perda do altar mor também perdeu os anjos pintados que a rodeavam voando ao seu redor; essa mesma imagem foi recentemente repintada e perdeu as cores características antigas do barroco.

Ocorreu um problema administrativo entre a Cúria de São Paulo e a mesma irmandade que foi dissolvida e ao se reorganizar deixou de se chamar de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos e passou a se chamar de Nossa Senhora do Rosário Aparecida - o que ainda confunde pessoas que acreditam ser a Virgem Maria do Santuário de Aparecida de 1717. Recentemente a irmandade foi extinta, ficando apenas Nossa Senhora com esse título a oraga da nossa Catedral e protetora da diocese.

Santa Filomena - Existiu uma imagem dessa mártir no altar direito de quem olha ao entrar onde está São José, pelo menos de ultimo estaria por ali até que ocorreu a interpretação errada do Concílio chamada de “caça ao Santo”, que rendeu muita bagunça e comentários - bem expressados em uma música conhecida por “Devoção” cantada por Nonô e Naná sendo letra de Nonô Basílio, na letra mostra a confusão que se instalou na igreja e nos fiéis pela transmissão da informação errada do Concílio.

Sem muita cerimônia e sem uma declaração oficial do Vaticano, a Santa foi cassada e retirada da Catedral, onde se mantinha seu culto, ali a imagem piedosa pedia as preces dos cristãos. No dia 10 de agosto era exposto um pequeno caixão de vidro onde se via uma imagem pequena dentro que teria vindo de Roma e que diziam ser da devota e fundadora dona Afonsina Prost de Souza (que em 27 de junho de 1930 idealizou a instituição Prato de Sopa, tendo como protetora a mártir).

Podemos ver estampada por azulejos na frente de sua casa, dentro das dependências modernas adquiridas em 1943 da Associação Monsenhor Moreira, como é seu nome mais complicado, a santa ajoelhada na prisão em prece com os instrumentos do martírio aos seus pés. Já a imagem pequena, de roca, está deitada em flores de seda e era venerada [17] pelos fieis, sem se importar com o tamanho, mas com o que significava ou transmitia, onde o ditado “uma imagem vale por mil palavras” era bem entendido.

Tanto a imagem grande que foi retirada quanto a pequena que já estava no Prato de Sopa ficaram mantidas em um quarto fora da capela, até alguns anos atrás, e ali naquela instituição se mantinha a devoção da lamparina de azeite que era distribuído aos fiéis e a oração no dia 10 de cada mês na Associação Monsenhor Moreira, na Rua Sete de Setembro, 52 onde ainda hoje são mantidas essas imagens.

Uma coisa que gostávamos de ver eram os anjinhos que se prendiam segurando a vela, feitos em porcelana; eu ainda mantenho um em casa, que caiu e machucou a asa e a catequista Sebastiana me deu.

Santa Rita de Cássia - Foi colocada no lugar de Santa Filomena uma imagem pequena em relação ao tamanho da mártir, não sabendo se já estava na Catedral ou foi adquirida naquele momento, seja por compra ou doação, mas o culto de Santa (MARGAR)Rita de Cássia assim está até hoje. todos notam ser uma imagem de menor porte para o mesmo altar de São José, estando à esquerda dele e da nave da igreja. Mesmo com a participação a partir do ano de 1976 das Oficinas de Santa Rita de Cássia não houve preocupação de colocar uma imagem maior e mais digna de uma Catedral no lugar.

São José e seu altar - Fica no lado direito da cruz da nave o altar com São José, mas as duas devoções que o cercam mudaram através dos tempos, estando atualmente Santa Rita de Cássia do lado esquerdo e Santo António do lado direito. Seria a mesma imagem que veio na procissão no dia 4 de outubro de 1924, em um andor, carregado por homens pertencentes às irmandades, já que seria pesado demais para as mulheres da Corte de São José, que não é mais vista na Catedral. Estas eram senhoras que se reuniam em confraria usando sua fita amarela com o medalhão com a figura do pai adotivo de Jesus e o véu sobre a cabeça, cantavam a música popular do Santo “Vinde Alegre Cantemos”; nos anos 1960, quando sugeriram para cantar “O Bom José” da cantora popular Rita Lee, a irmã Clarice não gostou muito e não quis, por causa de duas partes dessa mesma música.


Imagem de São Sebastião do começo do século XVIII pertencente à velha igreja Matriz, agora na Catedral

Foto, em 19/3/2017: acervo do autor, o professor Francisco Carballa, cedida a Novo Milênio

São Sebastião - Depois de aproximadamente 50 anos, São Sebastião voltou para a Catedral de Santos, a mesma imagem que esteve desde o século XVIII na velha matriz Santista no altar lateral que ficava de frente para a nave em uma peanha lateral foi pro Rosário em 1906 e ali ficou guardado e de lá para a Catedral de Santos, na sua inauguração tomando parte na grande procissão que levou o Santíssimo Sacramento e os santos (segundo me disseram, confirmado por um depoimento em 1978 de um membro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário Aparecida que tomou parte nessa procissão e dela se recordava muito bem, dizendo que São José abriu o cortejo).

Ficou exposta a veneração na Catedral até a derrocada do altar mor e dos locais onde ficavam os santos espalhados pela nave, ficando debaixo de um altar guardado e finalmente mandado para a corporação de Bombeiros de Santos por ordem de dom Idílio, o bispo da época (em 1972), para substituir o que ali havia desde 1927. Este era de propriedade da Irmandade de São Benedito de Santos, mas havia a data de 1966 referente ou a construção da gruta ou ao recebimento da imagem, em uma inscrição na base de um cruzeiro de madeira pintado de verde ao lado da gruta.

Passei a cuidar da gruta por devoção ao santo de 1977 até as proximidades da saída dos Bombeiros do Castelinho, em 2005. Sabendo que iriam demolir a gruta que ali havia. falei com pessoas do quartel que propuseram que eu arranjasse uma imagem de bom tamanho e nova e ficasse com aquela que estava danificada pelo tempo. Pensando no que o mártir significava para mim e para a cristandade, fiz a comunicação entre o capitão responsável e a igreja e me dirigi ao pároco para que o santo fosse para a Catedral; este finalmente retornou, depois de ficar cerca de 45 anos na gruta dos bombeiros, quando para lá foi mandado na época em que os bombeiros eram cristãos autênticos e não das miríades de religiões que hoje povoam os quartéis.

Em março de 2017, eis que novamente o São Sebastião está na Catedral, na capela da Virgem de Fátima, para atender aos pedidos dos fiéis para que os afaste de epidemias ou doenças contagiosas, como fez durante mais de 300 anos para os nossos antepassados.

Tem o mártir uma espada que foi reformada com substituição de boa parte das peças por estarem arruinadas pelo tempo - assim era o costume, como vemos no Litoral Norte, onde na igreja da cidade de São Sebastião vemos uma espada do tipo florete colonial presa nas mãos da imagem, assim como uma comenda da Ordem de Cristo em seu peito; em Santos não era diferente, mas pouco a pouco esses adereços foram se perdendo, ou como no caso da espada se estragando de forma quase irrecuperável na umidade da gruta onde esteve a representação do soldado cristão convicto.

Santa Cecília Mártir, Patrona dos Músicos - Havia uma imagem dela em gesso, mas de bom porte, que ficava no coro da Catedral justamente perto do lugar onde um dia existiu um órgão de tubos que atualmente tem seu paradeiro ignorado, havendo menções que foi vendido para uma igreja protestante ou que foi simplesmente desmontado por ordem de dom David que queria músicas modernas etc. etc. etc.

Os cantores gostavam de ter a efígie religiosa por perto e no dia 22 de novembro os cânticos eram mais alegres por ser seu dia; finalmente, por ordem de alguém, a santa foi retirada e colocada em uma sala que existe próxima da torre, cujas três janelas se vem ao lado do sacadão sobre os três arcos góticos da entrada, com as demais imagens que um dia estiveram expostas na Catedral de Santos para receberem as orações dos cristãos autênticos. Recordo-me que durante os anos 80 a madre Antonia limpou a Santa com leite e a expôs para a missa por ser seu dia, depois retornou para onde estava.


Nossa Senhora da Piedade, existente na Matriz Velha de Santos. Imagem em barro cozido, do século XVI, procedente de Portugal

Foto de 1995, de Nádia, reproduzida em 14/7/2008 para o acervo do professor Francisco Carballa e cedida a Novo Milênio

Nossa Senhora do Rosário de Pompeia - Existiu até os anos 80. guardada igualmente, uma imagem de origem europeia de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, sentada na nuvem com duas imagens acompanhando (a de Santa Catarina de Senna e São Domingos aos seus pés), que hoje estão no Museu de Arte Sacra de Santos. Contavam que esse conjunto de imagens, estavam “presas” na Alfândega por motivos que não perguntei, fizeram os devotos um peditório e assim conseguiram custear as mesmas que foram levadas para a Catedral, da mesma forma que o São José que está na Igreja Matriz de Ribeirão Pires foi adquirido, mas nunca tive recordação de sua exposição ou perguntei aos mais velhos se um dia estiveram essas imagens expostas em veneração.

Levaram o São Domingos para o Museu de Arte Sacra e o confundiram como uma imagem do século XVIII até que finalmente Santa Catarina de Senna e Virgem foram tiradas daquele local da torre já mencionado para ir para o nosso museu por empenho do membro da Irmandade do Rosário Waldemar T. Jr.

Havia uma irmã canossiana que era chamada pelas costas de “irmã entope pia”, devido à fartura de enchimentos bem distribuídos. Afoita, correu para a sacristia e alertou o sacristão: "Quem é aquela mulher de macumba e o que está fazendo lá na estrada da Catedral?" E lhe respondeu o sacristão: "Não é gente, é uma imagem. A freira havia confundido as nuvens vistas de lado com uma saia balão.

Assim hoje está no Arte Sacra de Santos, mas a coroa de metal foi furtada por ladrões, quando o museu sofreu perda de seu patrimônio em 3 de outubro de 1993, saindo a reportagem apenas no dia 6.

Santo António de Pádua - Sempre ali esteve, desde que me recordo, mas nunca teve festejos, sendo que durante alguns anos saiu na procissão de Nossa Senhora de Fátima em um andor abrindo o cortejo sagrado, mas somente nessas épocas. Trata-se de uma imagem um pouco comum entre os anos de 1920 e 1940. sendo possível que o molde seja da fábrica Bove administrada pelo senhor Aldo Bove em São Paulo, onde vi exemplares e a forma. Segura o Menino Jesus na mão direita e mostra a mão esquerda aberta para a frente, o que tem vários significados conhecidos, na arte cristã antiga como o símbolo de “saudação de paz”, na arte bizantina como “eu ensino” ou também (milenar, nas artes clássicas) “eu não tenho medo”.

Temos imagem semelhante nas Paróquias de São José do Macuco, no Sagrado Coração de Maria, Santa Cruz (ou São Camilo), havia um na paróquia Aparecida que foi demolida e seu paradeiro é desconhecido, no litoral ele é o padroeiro da cidade de Juquiá, onde a imagem na matriz é idêntica; já na capital paulista encontramos o mesmo molde na Igreja de Santa Cruz dos Enforcados, São Gennaro da Moóca, Catedral do Bom Jesus de Pouso Alegre, Paróquia de São Luis de Tolosa em Paraitinga e algumas outras igrejas mostrando que foi adquirido na mesma época possivelmente em 1924, pois veio com a procissão de translado dos Santos.

Calvário - Não me recordo, mas me contaram e tenho a impressão de ter visto ou confundido com outro que tenha visto, mas embaixo dos vitrais de São Pedro e São Paulo, na estrada direita da nave, havia um calvário semelhante ao que existe no Santuário do Valongo ou na paróquia do Sagrado Coração de Maria, daquele mesmo formato e tamanho natural dos personagens, sendo a Santa Maria Madalena ajoelhada aos pés da cruz, Nossa Senhora das Dores e São João o Evangelista em pé e talvez feitos na mesma fábrica dos outros exemplares que existem nas igrejas santistas, ficavam jogados na referida sala da torre. O crucifixo, que era desproporcional para o conjunto, por algum motivo foi mantido até o final quando o retiraram dali.

Santa Catarina de Alexandria - Sendo a primeira padroeira não oficialmente reconhecida da Vila de Santos, existiu uma imagem da Santa bem antiga que era mantida na Catedral, mas que foi guardada por muitos anos debaixo do altar de Nossa Senhora do Amparo e podia ser vista quando se ligava a lâmpada que ali existe; foi levada para o Museu de Arte Sacra de Santos, onde está até hoje, sendo uma imagem do inicio da fundação da cidade e, portanto a mais antiga existente. Cheguei a ver a mesma guardada debaixo do altar, mas não me recordo dela exposta.

A mesma imagem tem um toque renascentista e recorda o barro por causa da cor, afirmando-se ser a mesma que esteve debaixo das águas de 1592 até 1644, quando o pirata a jogou no mar perto de onde hoje está o monumento da Santa no cais. A imagem é segundo dizem de feitura local, com pouca arte, mas impressionante pelo porte e postura, ainda porta uma pequena espada na mão direita e perdeu a roda de martírio que teria presa na outra mão esquerda com a qual se prendeu a rede dos pescadores; tem um adorno no cabelo na cabeça bem comum nas moças do renascimento, um dia portou resplendor e quem sabe muitas correntes de ouro como eram de uso, observando-a de perto temos certo carinho pela sua expressão de leve sorriso e paz que transmite, entendemos como vendo a mesma de certa distância as pessoas a imaginavam fundida em barro e não em outras matérias da qual foi feita. Na lista dos Santos vindos em procissão do dia 4 de outubro de 1924, conta o nome como Santa Inês, mas até onde se sabe não existe a presença dessa devoção dentro da Catedral e quem ficou exposta até os anos 60 foi Santa Catarina por ter sido a primeira devoção de padroado da cidade, isso demonstrando sua importância devocional e um possível equivoco pelo repórter que escreveu a notícia.

Santa Mônica e Santo Agostinho - Colocados atualmente em um móvel antigo no corredor da Catedral, desde que me recordo estavam em um canto da escadaria da torre que dá acesso ao coro. Ali hoje estão a mãe, que é exemplo e símbolo persistente na prece, e o filho convertido na fé cristã e no maior teólogo cristão e bispo de Hipona. Essa imagem de gesso grande pode ser apreciada por que vai à cripta ou percorre os corredores internos logo após a sacristia. Se algum dia as imagens foram expostas na Catedral, não tenho notícias. Quem vai ao Santo António do Pari em São Paulo vê imagem semelhante e em menor tamanho exposta em um altar lateral.

Existe a menção de sua participação na procissão do translado das imagens sacras para a nova Matriz, mas essa imagem está acompanhada do filho em conjunto, de forma que pode ter sido outra onde ela estaria sozinha ou a mesma aqui mencionada.

Nossa Senhora das Dores - Imagem de roca ou de vestir, comum do século XVI em diante, sendo a nossa muito antiga, ocorrendo algo com a sua armação de roca que era colocada no andor de Sexta Feira Santa, tão antigo quanto ela e de propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento com um enorme vaso de barro embaixo para corrigir o erro de altura; foi arrumada e teve o acerto feito.

As pessoas após a procissão queriam passar as mãos nos pés dela e os irmãos ficavam de guarda, proibindo tal devoção, mas sempre alguém conseguia a façanha, assim dona Hermelindra das Neves (falecida em 1999) dizia que: “Ela não tem pé”, outra curiosidade eram as quatro lágrimas de cristal das quais só restam duas: eram retiradas no sábado de Aleluia ou ressurreição para a procissão da aurora (que eu nunca acompanhei) e também eram usadas na festa de maio quando se ofertavam flores pra Nossa Senhora. De seu grande resplendor e espada que fala de uma profecia bíblica [18] havia duas enormes ametistas, das quais hoje vemos uma substituição grosseira. Ficava essa imagem no arcas da sacristia até a retirarem para uma sala interna.

Senhor Resuscitado - Imagem de porte grande representando o Senhor Jesus triunfante com a bandeira de Todos os Santos nas mãos. Era usada na procissão da ressurreição do domingo de Aleluia ou Pascal: os homens de um lado e as mulheres de outro se encontravam recordando a alegria de Nossa Senhora ao rever seu filho vivo depois de todos aqueles tormentos, seguindo a procissão por várias ruas da cidade.

Até recentemente passaram a colocar tanto a Virgem das Dores como o Senhor Ressurreto sobre duas mesas com rodinhas e representar o encontro entre a mãe e o filho na manhã festiva de Páscoa, isso durante a missa da Vigília Pascal. Essa imagem tinha um resplendor típico onde se via um triângulo dentro, símbolo da trindade, mas sofreu uma repintura grosseira que encobriu o rico trabalho sobre ouro que havia no manto, principalmente nas costas, onde se via o divino Espírito Santo repousando entre as ramagens de folhas d’água.

Nossa Senhora do Amparo e seu altar - Essa imagem com características do século XVIII um dia teve capela na velha Matriz e ficaria do lado esquerdo da nave semelhante à capela dos Irmãos Terceiros do Valongo, ficaria pelo que se percebe atrás do consistório da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Quando foi feita a nova Matriz a irmandade ganhou localização para seu altar do mesmo lado esquerdo da nave como o fora por muitos séculos sua localização na velha matriz, sempre grandiosa com sua rosa vermelha na mão direita e o divino mestre sustentado do lado esquerdo.

Possuía Nossa Senhora a maior coroa de prata antiga existente na baixada Santista, mas foi essa coroa furtada logo após o restauro por que passou nos anos 1980: primeiro furtaram a coroa da Virgem Maria, pegaram a do menino que era grande e colocaram na cabeça da mãe e outra mais simples no menino; na época frei Rafael M. Marinho (falecido em 1998) havia dito que avisara o pároco da Catedral e que fizesse como fora feito no Convento do Carmo ou quando esteve ele em Itu, que mandou retirar o pino de encaixe e parafusou as coroas na cabeça das Santas, mas o ladrão voltou e furtou essa outra coroa. A imagem , recebeu uma coroa nova e digna com uma rosa de metal por minha doação em maio de 2017.

Marcos Lamouche [19] foi um restaurador que - ao contrário de muitos que repintam as imagens - buscava a tinta original e refazia as partes que faltavam, assim aplicou sua técnica na imagem da Senhora do Amparo nos anos 1980. Por algum motivo, algum tempo depois tiraram a rosa que empunhava na sua delicada mão. Havia uma curiosidade entre as crianças do catecismo para ver quem acharia o rosto de Nossa Senhora e de Jesus Cristo que tem no altar do Amparo como se dizia, depois de muita bservação é que a maioria ainda hoje acha essas duas figuras ali entalhadas.

São Tiago Apóstolo Maior - Imagem comum esculpida na España na província de Pontevedra em 1998 e exposta na Catedral desde 15 de agosto de 1999, segundo o que se pode ler em uma placa existente aos pés do santo, dentro do seu oratório.

Alega-se que será construída uma igreja com o seu nome, mas até onde se sabe a igreja com esse nome que fica na Zona Noroeste no bairro do Chico de Paula é pequena e não foi construída pela comunidade espanhola e sim pelo povo ali residente.

Santa Josefina Bakita - No ano 2001 foi feito um altar pequeno e simples para a santa africana da ordem da Congregação Das Filhas Da Caridade Canossianas e que tem seu culto ligado a um milagre na Catedral de Santos, onde as irmãs dessa ordem ali estiveram desde 1948 até a primeira década do século XXI, quando por motivos desconhecidos se retiraram da cidade indo algumas para seu lugar em Araras/SP e outras para diversas localidades. Afirma-se que o altar é do ano 2001, mas em setembro do ano anterior começaram os preparativos e o anúncio da canonização dela (que ocorreria em 1 de outubro de 2000) foi durante a festa da padroeira de Santos, justamente quando de sua instalação.

Presépio de Natal - Havia outro presépio na nossa Catedral, anterior ao que vemos atualmente e realmente dele pouco me recordo, mas acabou ganhando o presépio do Mercado Municipal de Santos quando aquele comércio começou a perder a força como sede central de abastecimento da cidade nos anos 1980.

Muitas das peças nem sequer chegaram à Catedral, pois ao separá-las foram levadas por pessoas ou não foram aproveitadas, visto que ao ver, ano após ano, o presépio do Mercado Municipal, se percebia que havia peças de tamanhos menores - como um homem com uma junta de bois arando e que ficava em uma roda girando -, assim como muitas figuras movimentadas por engrenagens, além do famoso pilão de água e roda de engenho que encantava qualquer um que visse tal coisa. Havia outro homem com camelos, mulheres lavando e muitos animais desproporcionais às figuras grandes principais. Hoje o presépio ainda encanta quem o visita, mas tem poucas peças.


Santa Catarina de Alexandria, na Catedral

Foto, no acervo do autor, o professor Francisco Carballa, cedida a Novo Milênio

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