Duque de Caxias
Fotogravura de Goupil & Cie. em Vida de Luís Alves de Lima e Silva,
de Joaquim Pinto de Campos, Lisboa, 1878
NA REBELIÃO DE SÃO PAULO
Caxias esteve em Santos em 1842 como chefe das forças legais
Em 1842, os liberais deflagraram movimento sedicioso contra o
governo imperial, que principiou em Sorocaba e se alastrou a outras cidades paulistas. Rafael Tobias e Aguiar, um dos chefes da rebelião, foi
aclamado presidente interino da Província de São Paulo, cargo legalmente exercido pelo Barão de Monte Alegre, que se deu pressa em comunicar o grave
acontecimento à Corte, por meio do comando do navio Ipiranga, que levantou ferros do porto de Santos.
Não tardaram as providências governamentais, cabendo a Luís Alves de Lima e Silva, então
Barão de Caxias, o comando das forças legais.
O ilustre chefe militar partiu do Rio de Janeiro no dia 19 de maio daquele ano, pelo navio
Todos os Santos, com dois batalhões de caçadores e um corpo de artilharia. Desembarcou ele junto ao então Arsenal de
Marinha dois dias depois, ou no dia 21, quando recebeu os cumprimentos de autoridades civis, militares e religiosas da Cidade, entre as quais as
seguintes: coronel José Olinto de Carvalho e Silva, comandante da Praça; José Bonifácio Nascentes de Azambuja, juiz municipal; José Antônio Pimenta
Bueno (depois Marquês de São Vicente), juiz de Direito; José Martins do Monte, presidente da Câmara Municipal, que se fazia acompanhar dos
vereadores Antônio Ferreira da Silva, Barnabé Francisco Vaz de Carvalhais, Firmino José Maria Xavier, Antônio Martins dos Santos e José Joaquim
Florindo e Silva; padre José Antônio da Silva Barbosa, vigário da Paróquia, e outras.
O povo curioso, sem saber da marcha do acontecimento bélico, superlotava o pátio do
Carmo, nas proximidades do Arsenal.
O almoço foi servido na residência do coronel José Olinto de Carvalho e Silva, na Rua
Direita nº 34, hoje Rua XV de Novembro. Convidado pelo anfitrião para pernoitar em Santos e prosseguir viagem para São Paulo às primeiras horas do
dia seguinte, o Barão de Caxias alegou necessidade urgente de seguir para a Capital.
O coronel José Olinto de Carvalho e Silva encarregou Joaquim Teixeira Coelho de alugar as
melhores montadas da Cidade para o Barão de Caxias e oficiais de seu Estado-Maior. Enquanto o comandante das forças legais se serviu de um alazão de
propriedade de Antônio Matias de Oliveira, os oficiais cavalgaram animais pertencentes a Jacob Emmerich & Cia. e a Vieira & Cruz, empreendendo no
mesmo dia a penosa viagem para o Planalto. Dois dias depois, o Barão de Caxias acampava na ponte de Pinheiros e aguardava o momento oportuno para
entrar em ação. O 12º Batalhão de Caçadores, seguido de várias peças de artilharia, havia marchado para São Paulo tão logo desembarcara do Todos
os Santos.
Não durou um mês a famosa rebelião preparada pelos chefes do Partido Liberal. Rafael Tobias
de Aguiar, que se havia casado à pressa com a Marquesa de Santos, quando as tropas governistas já se achavam às portas de
Sorocaba, berço da malograda rebelião, fugiu e homiziou-se no Rio Grande do Sul.
Para o Barão, depois Duque de Caxias, a sedição dos liberais não passou de simples passeata
militar pela Província de São Paulo. |