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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - VISITANTES
Caxias foi recepcionado em 1842

Chegou de navio e seguiu para a capital paulista. Venceu a batalha sem disparar um tiro e criou a figura da anistia aos inimigos derrotados

Antes das campanhas militares que lhe valeram o título de duque, mas já na condição de barão, Caxias passou por Santos em 1842, como recordou o jornalista e pesquisador Olao Rodrigues, em seu Almanaque de Santos - 1971:

Duque de Caxias
Fotogravura de Goupil & Cie. em Vida de Luís Alves de Lima e Silva,
de Joaquim Pinto de Campos, Lisboa, 1878

NA REBELIÃO DE SÃO PAULO
Caxias esteve em Santos em 1842 como chefe das forças legais

Em 1842, os liberais deflagraram movimento sedicioso contra o governo imperial, que principiou em Sorocaba e se alastrou a outras cidades paulistas. Rafael Tobias e Aguiar, um dos chefes da rebelião, foi aclamado presidente interino da Província de São Paulo, cargo legalmente exercido pelo Barão de Monte Alegre, que se deu pressa em comunicar o grave acontecimento à Corte, por meio do comando do navio Ipiranga, que levantou ferros do porto de Santos.

Não tardaram as providências governamentais, cabendo a Luís Alves de Lima e Silva, então Barão de Caxias, o comando das forças legais.

O ilustre chefe militar partiu do Rio de Janeiro no dia 19 de maio daquele ano, pelo navio Todos os Santos, com dois batalhões de caçadores e um corpo de artilharia. Desembarcou ele junto ao então Arsenal de Marinha dois dias depois, ou no dia 21, quando recebeu os cumprimentos de autoridades civis, militares e religiosas da Cidade, entre as quais as seguintes: coronel José Olinto de Carvalho e Silva, comandante da Praça; José Bonifácio Nascentes de Azambuja, juiz municipal; José Antônio Pimenta Bueno (depois Marquês de São Vicente), juiz de Direito; José Martins do Monte, presidente da Câmara Municipal, que se fazia acompanhar dos vereadores Antônio Ferreira da Silva, Barnabé Francisco Vaz de Carvalhais, Firmino José Maria Xavier, Antônio Martins dos Santos e José Joaquim Florindo e Silva; padre José Antônio da Silva Barbosa, vigário da Paróquia, e outras.

O povo curioso, sem saber da marcha do acontecimento bélico, superlotava o pátio do Carmo, nas proximidades do Arsenal.

O almoço foi servido na residência do coronel José Olinto de Carvalho e Silva, na Rua Direita nº 34, hoje Rua XV de Novembro. Convidado pelo anfitrião para pernoitar em Santos e prosseguir viagem para São Paulo às primeiras horas do dia seguinte, o Barão de Caxias alegou necessidade urgente de seguir para a Capital.

O coronel José Olinto de Carvalho e Silva encarregou Joaquim Teixeira Coelho de alugar as melhores montadas da Cidade para o Barão de Caxias e oficiais de seu Estado-Maior. Enquanto o comandante das forças legais se serviu de um alazão de propriedade de Antônio Matias de Oliveira, os oficiais cavalgaram animais pertencentes a Jacob Emmerich & Cia. e a Vieira & Cruz, empreendendo no mesmo dia a penosa viagem para o Planalto. Dois dias depois, o Barão de Caxias acampava na ponte de Pinheiros e aguardava o momento oportuno para entrar em ação. O 12º Batalhão de Caçadores, seguido de várias peças de artilharia, havia marchado para São Paulo tão logo desembarcara do Todos os Santos.

Não durou um mês a famosa rebelião preparada pelos chefes do Partido Liberal. Rafael Tobias de Aguiar, que se havia casado à pressa com a Marquesa de Santos, quando as tropas governistas já se achavam às portas de Sorocaba, berço da malograda rebelião, fugiu e homiziou-se no Rio Grande do Sul.

Para o Barão, depois Duque de Caxias, a sedição dos liberais não passou de simples passeata militar pela Província de São Paulo.

O episódio também é citado na enciclopédia Grandes Personagens da Nossa História (Editora Abril, São Paulo/SP, 1973):

 

Assinaturas de Caxias, com os vários títulos honoríficos recebidos
Reprodução: Documentos & Autógrafos Brasileiros na Coleção Pedro Corrêa do Lago (Ed. Salamandra, Rio de Janeiro/RJ, 1997)

A 21 de março de 1842, foi nomeado comandante das Armas da Corte, cargo que já fora ocupado por seu pai. Mas não permaneceu muito tempo no Rio. Eclodira em São Paulo uma sedição de liberais, inconformados com as medidas adotadas pelo Gabinete conservador.

A 17 de maio o Barão de Caxias, nomeado comandante-em-chefe das Forças em Operação em São Paulo e vice-presidente da Província, desembarcava em Santos e subia a serra de Cubatão.

Podia contar com apenas quatrocentos homens, mas sabendo que o inimigo tinha ouvidos na capital, resolveu utilizar um estratagema: mandou pedir ao presidente da Província provisão para 2 mil pessoas. Os revoltosos contavam com 2 mil soldados e, supondo que houvesse igualdade de forças, não atacaram, dando tempo a que Caxias organizasse a Guarda Nacional em Jacareí, Moji-Mirim e Moji das Cruzes.

Organiza os reforços e marcha contra os rebeldes, liderados por Rafael Tobias de Aguiar, que são derrotados.

A 20 de julho entrava em Sorocaba, principal reduto liberal, sem dar um tiro: o inimigo havia debandado. Caxias teve o desgosto de prender o Padre Feijó, cujas ordens fora o primeiro a obedecer ao tempo da Regência e que agora liderava os rebeldes liberais. Um dia depois publicava edital de anistia aos insurretos que se apresentassem dentro de dez dias. Renovava sua disposição pacificadora, livre dos ódios e paixões.