SESC - São 60 anos de existência
e uma história de intensa participação em várias atividades sociais.
Em Santos, das artes ao esporte, o local propicia total integração aos que buscam seu
espaço
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria
SESC
Segunda-feira, 18 de Setembro de 2006,
07:33
60 anos de inclusão
Com 3,7 milhões de matriculados, instituição se consolida como modelo bem-sucedido
de promoção do bem-estar social
Bruno Guedes
Da Reportagem
Mais do que lembrar de seus 60 anos de existência, o
Serviço Social do Comércio (Sesc) comemorou na última semana o sucesso de uma instituição criada pelo empresariado dos setores de Comércio e
Serviços que, como poucas no Brasil, promove bem-estar aos empregados destes segmentos e, conseqüentemente, inclusão social.
A receita para tal feito é simples: oficinas de arte, cursos, aulas esportivas,
palestras, eventos e projetos pioneiros fomentam a cultura e proporcionam saúde e lazer. Hoje, as unidades de todo o Brasil reúnem nada menos do que
3,7 milhões de matriculados. São comerciários que, com uma anuidade de R$ 15,00, fazem da entidade um enorme centro de convivência.
O Sesc nasceu em 13 de setembro de 1946, após uma conferência no Rio de Janeiro, da
qual participaram empresários da indústria e do comércio de todo o País. Além da criação da entidade - com o objetivo de promover o bem-estar e a
melhoria do padrão de vida dos comerciários e suas famílias -, a conferência idealizou também o Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Nacional do Comércio (Senac).
O Sesc, criado pelo Decreto-lei federal nº 9.853, é financiado pelas empresas do
comércio e de serviços - principais empregadores da economia -, que contribuem mensalmente com uma quantia equivalente a 1,5% de suas folhas de
pagamento. É como um imposto pago pelo empresário e usado em prol dos funcionários. "O Sesc se transformou em um modelo nacional de cultura e
lazer", classificou o gerente do Sesc Santos, Ernesto Corona.
NÚMEROS DO SESC |
Brasil
|
Matriculados |
3.781.684 |
Unidades |
371 |
Mesa Brasil |
1.625 toneladas de alimentos por mês, doadas por 3.328 empresas a 4.676
entidades |
Sesc Santos
|
Matriculados |
77 mil |
Cursos |
4 mil participantes em 180 turmas em modalidades esportivas e 20 turmas em
atividades culturais |
Clínica Odontológica |
300 atendimentos por semana |
Mesa Brasil |
33,3 toneladas de alimentos distribuídos por mês (agosto/2006), doados por
149 empresas a 67 instituições |
|
|
Santos - Aos poucos, a entidade começou a se espalhar por todos os estados,
inicialmente em pequenas sedes ou nos próprios sindicatos e entidades não-governamentais. No ano seguinte ao de sua criação, o Sesc Santos foi
inaugurado em um imóvel da Vila Nova. Depois, passou a funcionar em um dos blocos do prédio onde hoje o Senac está
instalado, na Avenida Conselheiro Nébias.
"Somente a partir do início dos anos 80 é que foi adotado o conceito de grandes
unidades", lembrou o gerente. Em novembro de 1986, a entidade se estabeleceu na sede atual, na Aparecida, que ocupa
um terreno de 35 mil metros quadrados.
Nos limites da imponente estrutura da unidade, já incorporada à paisagem do bairro
mais populoso de Santos, os 77 mil matriculados têm à disposição uma ampla programação cultural - entre cursos das mais variadas linguagens,
shows, apresentações semanais de artistas ainda desconhecidos e peças teatrais -, além de uma verdadeira academia com diversas modalidades
aquáticas e terrestres.
Diariamente, 4 mil pessoas passam pelo local. Durante a temporada de verão, este
número chega a 7 mil. A entidade também tem matriculados não-comerciários, mas este público é de, no máximo, 20% do total. Para matriculados, os
cursos pagos têm preços bem abaixo do mercado. "O Sesc não tem interesse comercial", ressaltou o coordenador de administração, Reinaldo Teruel.
Um ambiente de leitura com publicações de todo o Brasil é freqüentado diariamente
principalmente por idosos. "É, acima de tudo, um espaço de convivência entre pessoas de todas as idades. Isso é uma forma de educação", explicou
Ernesto Corona.
Há opções para todos os gostos. Nas noites de quintas-feiras, o Bar do Sesc oferece
música ao vivo com artistas ainda desconhecidos. "Além de aproximar o artista do público, estes eventos acabam dando apoio ao cantor", contou o
coordenador de eventos culturais, Roberto Barbosa. Pelo Bar do Sesc já passaram Cássia Eller e Ana Carolina, ainda na época do anonimato.
Mensalmente, a unidade é sede do Terceiras Terças, projeto que recebe um escritor para
lançamento de seu livro ou noite de autógrafos. Na próxima terça-feira, será a vez do jornalista Ricardo Kotcho, com o livro Do Golpe ao Planalto.
Shows e peças teatrais, comerciais ou não, também fazem parte da programação da entidade.
Aos domingos há o teatro infantil e, uma vez por mês, orquestras sinfônicas. Já o
Projeto Curumim é uma das realizações da instituição nas áreas de lazer e educação. Crianças matriculadas participam de atividades esportivas e de
práticas artísticas no período em que não estão na escola, além de adquirirem noções de cidadania e meio-ambiente. Há ainda uma clínica
odontológica, onde são realizados atendimentos por preços muito menores do que os praticados no mercado.
Crianças que participam do Curumim também usam Internet
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria
Segunda-feira, 18 de Setembro de 2006, 07:34
Metade dos que são matriculados tem mais de 60 anos
Opções de lazer e fontes de saúde e vitalidade, as atividades esportivas como
ginástica, alongamento, ioga e natação ocupam as manhãs de diversos idosos de Santos, cidade em que quase 16% da população têm mais de 60 anos de
idade.
Este público representa cerca de 50% dos matriculados na unidade santista. A
aposentada Jenny Thomé Sbar, sócia remida, freqüenta o local há 30 anos, desde que a sede era no atual prédio do Senac, na Vila Mathias. Pelo menos
três vezes por semana, participa de aulas de ginástica e alongamento, além de ter sido uma das primeiras alunas de dança de salão.
Para sua amiga, a aposentada Anna Maria Berndt, de 75 anos, residir próximo ao
complexo é um privilégio. Ex-moradora da Capital, ela veio para Santos, há cinco anos, em busca de qualidade de vida e se estabeleceu na Aparecida,
a algumas quadras da praia e do Sesc.
"Em São Paulo, freqüentava o Sesc Ipiranga, mas tudo era longe. Aqui, estou do lado",
contou ela. Além das aulas das atividades esportivas nas quais está matriculada, Anna costuma assistir palestras durante a tarde e
apresentações de orquestras aos domingos.
Foi no Sesc, entidade da qual é associado há pelo menos duas décadas, que o aposentado
Eros dos Santos Chaves, de 81 anos, conseguiu minimizar bastante os efeitos do Mal de Parkinson. A hidroterapia e a musculação foram essenciais na
sua recuperação. "Para quem tem tempo, é possível ficar o dia inteiro".
Em família - Pelo menos em um dos períodos do dia, a operadora de caixa Elaine
Cristina Gomes pratica natação e musculação diariamente e leva os filhos para participar do Sesc Curumim. "É uma opção de lazer para nós, perto de
casa e a um preço baixo".
No Sesc Curumim, as crianças praticam atividades físicas, fazem trabalhos manuais e
têm um tempo para usar a Internet. Aprendem também conceitos de meio-ambiente e cidadania.
Entre as atividades disponíveis, aulas de hidroginástica atraem alunos de diversas
faixas etárias
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria
Segunda-feira, 18 de Setembro de 2006, 07:33
Programa evita desperdício e garante refeições a carentes
O Sesc realiza diariamente a coleta de alimentos em supermercados, feiras e sacolões
que seriam jogados no lixo, porque não foram consumidos, e os distribui às entidades assistenciais da Cidade.
Por meio do Programa Mesa Brasil, criado em março de 2000, equipes passam por
estabelecimentos comerciais todos os dias, pela manhã, e depois levam tudo que foi arrecadado às entidades com poucos recursos para garantir as
refeições das milhares de crianças, jovens e idosos atendidos. São coletados alimentos que estão perfeitos para o consumo, mas que seriam jogados
fora porque não têm mais atrativo para a venda.
270 toneladas |
de alimentos, entre perecíveis e não-perecíveis,
foram coletados no ano passado
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"Uma nutricionista, junto com estagiários, avalia quanto será coletado de alimento
para atender a demanda. Às vezes, não adianta pegar muito, porque se a entidade não tiver como consumir, vai estragar de qualquer maneira", comentou
o coordenador administrativo, Reinaldo Teruel.
Ele explicou que, além de garantir as refeições de milhares de pessoas, o Mesa Brasil
também reduz o desperdício nos estabelecimentos comerciais. "Quando o comerciante vê que está comprando muito mais do que precisa, ele vai passar a
se adequar".
Somente no ano passado, o programa coletou 270 toneladas de alimentos, entre legumes,
verduras, frutas, pães, massas e alimentos não-perecíveis, entre outros. O montante garantiu comida, todos os dias, a 8.220 pessoas em Santos no ano
passado. |