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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Chopebol, um clube de praia

Na praia santista, junto ao canal 6, todos os sábados à tarde é montada uma barraca onde se reúnem os sócios do clube praiano Chopebol, como registrou a colunista social Clara Monforte, em sua coluna no Jornal da Orla, edição de sábado 1º e domingo 2 de abril de 2006:


Carlos Aloysio Canellas de Godoy (Carlito), Osvaldinho Monforte
e Péricles de Toledo Piza (Bariri), amigos de longa data
Foto: Marcelo Borges, publicada com a matéria

Em janeiro de 1999, o inesquecível dramaturgo Plínio Marcos escreveu, neste jornal, uma crônica intitulada Uma festa para nossa história. Falava, com carinhno, de um jogo de futebol, dia 31 de dezembro de 1998, entre os veteranos do S.F.C. e o Chopebol, clube de praia, que freqüentava e no qual tinha muitos amigos do peito. A crônica é uma homenagem, ou melhor, tendo sido escrita por Plínio, uma honra para o Chopebol.

Agora, passados 30 anos de fundação da agremiação, na qual aos sábados à tarde, chova ou faça sol, os sócios reúnem-se na barraca do canal 6, nada melhor do que registrar o momento e marcá-lo, republicando a relíquia que Plínio marcos legou ao Chopebol.

Uma festa para nossa história

O telefone toca. É o Carlito. Também conhecido como Dr. Carlos Aluísio Canellas de Godoy, um mestre da jurisprudência. Mas, pra nós, ele é o Carlito do Futebol; o Carlito que começou na Pompéia do Campo Grande, ali no bairro de um dos maiores seresteiros de Santos, o compositor Lúcio Cardim; o Carlito do Jabuca; o Carlito do São Paulo, o Carlito que, atualmente beirando os 70 anos, ainda anda rolando pelo mundo com o time dos veteranos dos juízes de Direito: Itália, Chile, Argentina, França, Estados Unidos, Paraguai e onde pintar uma pelada.

Outro dia, o Bariri (mais conhecido como Dr. Péricles de Toledo Piza), que também foi craque (jogou no juvenil do Santos e pendurou as chuteiras agora, aos 65 anos, pra casar), me contou que o Carlito lhe confessou recentemente que daqui uns três ou quatro anos vai se aposentar no fórum e aí, sim, vai se dedicar ao seu grande ideal, o futebol; vai ser treinador, nem que seja num time de terceira divisão de interior.

Isso é que é paixão! E todo mundo sabe disso. Noutro dia encontrei o Estevão (que foi beque do São Paulo, da Portuguesa de Desportos e jogou com a gente no Sentimento de Campinas) e ele me perguntou pelo Carlito. Eu informei que nosso amigo estava bem, era juiz. O Estevão não vacilou, só quis saber em que divisão o Carlito estava apitando. Pois é. Difícil a gente do futebol imaginar o Carlito de capa preta, no foro. Mas deixa isso de lado. O que quero contar e o que pesa na balança é que Carlito ligou às vésperas da virada do ano e foi logo intimando:

- Olha o dia 31, hein? O Chopbola vai jogar contra os veteranos do Santos.

Argumentei que há 20 anos tem esse jogo, eu sempre compareço.

- Mas esse ano é diferente! O presidente Nelsinho quer fazer uma festa bonita. Vão homenagear você, o Paulinho Jabaquara e o Norberto Cabeça.

Achei legal. Ultimamente deram de me homenagear toda hora.

- Vai ser mais que legal! O Paulinho do Jabaquara, que desde menino trabalhava na sede do Jabuca pra ganhar um troco, e o Norberto Cabeça, uma fera que ajudou a Portuguesa Santista a voltar pra primeira divisão em 67 ao vencerem a Ponte Preta em Campinas, estão do seu lado formando o trio de homenageados, entendeu?

Entendi. E imaginei como seria a festa... O Santos iria com Lalá, grande goleiro do Peixe, e toda a turma; Pepe, o Canhão da Vila; Lima; Jorge Trombada; Manoel Maria; Serginho Chulapa; Gonçalo; Bianchi; Araras; Flavinho... Gente que marcou época no futebol do Brasil e do mundo.

Quando eu disse que ia contar essa história aqui no Jornal da Orla, o Bariri me advertiu: não esquece de falar do Geraldino. Esse não joga mais, mas é uma figura impressionante, um cara de valor. A bem da verdade, sempre foi assim. Tinha uma fibra rara no tempo de jogador. Agora o Geraldino é leitor de tarô, meu colega nessa sina que Deus nos deu, e só me honra, por fazer isso com lisura e enorme percepção. Deus guarde o Geraldino.

Mas foi uma festa linda. Eu, o Paulinho e o Norberto ficamos numa roda no meio do campo. Em volta, nosso goleiro, o Sérgio (do Santos, do Internacional); Osvaldinho Monforte; Sandro; Celestino; Eduardo; Nelsinho (um presidente mais jogador, não um cartola; ele é que vai fazer o jogo da passagem do século); Serginho (que foi ponta esquerda da Portuguesa Santista e do Palmeiras); Helinho; De Rosis.

O jogo foi ótimo 1x1 no placar. Pra maior encanto dessa tarde mágica, o Narciso de Andrade, um dos grandes poetas santistas, um dos melhores de todos os tempos, deu o ar de sua graça. Grande amigo, sempre espiando com atenção as coisas da nossa gente. Obrigado por tudo, meus amigos dessa pelada que há vinte anos acontece entre o Canal 6 e a Escolástica Rosa.

Plínio Marcos (10/01/99)


O campeão mundial Clodoaldo Tavares Santana não poderia faltar
Foto: Marcelo Borges, publicada com a matéria


Toninho Diniz (E) recebeu de Maurici Mariano (D) um carinhoso agradecimento da turma
Foto: Marcelo Borges, publicada com a matéria


Celestino Venâncio Ramos e Serginho Paes de Melo não dispensam o futebol
Foto: Marcelo Borges, publicada com a matéria


Mauro Lúcio Alonso Carneiro (E) e Marcelo Guimarães (D)
fazem parte do grupo dos sócios fundadores
Foto: Marcelo Borges, publicada com a matéria


Milton Lopes, o grande organizador da festa
Foto: Marcelo Borges, publicada com a matéria

Lá também estavam: Roberto Mehanna, Everaldo de Melo Colombi, Hélio Agostinho, Edevar Nicoletti, Reginaldo Ferreira Lima, Geraldo Pierotti, Carlos Braga, Nelson Fabiano Sobrinho, Luiz Carlos Perez, Roberto Diz Torres, Marcos Seleção, Otávio Adegas, Custódio Barreiros, entre outros tantos. As famílias de Chico Guimarães, Chico Barros, Gaia e Mazinho, que não estão mais entre eles, foram homenageadas