Clube comemora Dia do Radioamador
Arylce Cardoso Tomaz
Atualmente mais um hobby, devido aos avanços da tecnologia da comunicação, o radioamadorismo, ainda nos nossos dias, é considerado um trabalho assistencial
e humanitário que desconhece barreiras.
Por isso, hoje, quando se comemora o Dia do Radioamador, os membros do Clube dos Radioamadores da Baixada Santista, embora sem ter preparado nenhuma festividade especial, lembrarão a data da
forma mais descontraída possível: em bate-papos que podem envolver amigos da mesma cidade ou até de outros países.
O radioamadorismo no Brasil foi reconhecido em 1935, pela Portaria nº 829 de 22 de outubro. Mas já era praticado no País desde 1923. A partir de 5 de novembro de 1924, com o regulamento do
Decreto 16.657, as licenças passaram à forma oficiosa.
Na Baixada Santista, há cerca de 300 radioamadores ativos. Pelo menos metade deles é filiada ao Clube de Radioamadores da Baixada Santista. Considerada de utilidade pública pela lei nº 150/86
a entidade, porém, não tem uma sede própria e luta com poucos recursos.
A dificuldade financeira, inclusive, faz com que pessoas apaixonadas pelo radioamadorismo deixem de praticá-lo. A constante necessidade de aperfeiçoamento do equipamento, aliada à falta de
tempo, fizeram com que Adalberto Marques abandonasse aquele que foi seu hobby favorito durante quatro anos consecutivos.
As amizades e a constante possibilidade de prestar ajuda a necessitados foram destacadas por Adalberto como valores marcantes do radioamadorismo, que deixaram muita saudade.
Sede - O grande sonho dos radioamadores da região é a construção de uma sede própria. Amer Feres, vice-presidente da regional da Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (Labre),
espera que a prefeita Telma de Souza, ao contrário dos demais administradores, mostre-se sensível à importância do radioamadorismo para o mundo e para a Cidade, vindo a ajudar a entidade.
"O potencial de divulgação e comunicação que o radioamadorismo concede a uma cidade é incalculável. Podemos divulgar Santos para todo o mundo, aliás, o que fazemos há décadas. Mas isso seria
feito de forma mais sistemática e completa, se tivéssemos um local para nos reunirmos, ministrarmos nossos cursos, enfim, fortalecermos a Labre", disse.
Os radioamadores explicam que o ideal seria a cessão de uma área, por tempo determinado, onde pudessem construir uma sede: "As sociedades de melhoramentos têm sede, vários clubes filantrópicos
e também de lazer têm um local para reunir seus associados. Gostaríamos muito de contar com o apoio da Municipalidade nesse sentido", conclui Feres.
A Labre, no momento, ocupa uma sala cedida pela Polícia Militar (Bombeiros), na Avenida Conselheiro Nébias, 184.
De acordo com estatísticas, somente na Baixada Santista existem cerca de 300 radioamadores em atividade permanente
Foto: Mingo Duarte, publicada com a matéria
Grupo reúne praticantes na região
Fundado há 17 anos, outro orgulho dos radioamadores da região é o Grupo Praiano de CW, que congrega aficionados do Brasil e do exterior.
Esse grupo, presidido por Manoel dos Santos, teve início na Baixada Santista, com o objetivo de incentivar a telegrafia pelo radioamadorismo. Apesar de ser o meio de comunicação mais antigo,
Manoel diz que a telegrafia ainda é o mais eficaz, suplantando, em certas ocasiões, a fonia, a teletipia, a televisão e até a transmissão por satélite.
O fato de a telegrafia não ser mais obrigatória para ingresso no radioamadorismo no Brasil incentiva o Grupo Praiano a continuar divulgando esse meio de comunicação.
Os contatos sociais, o humanitarismo e a confraternização são os pontos fundamentais de união dos radioamadores que, em geral, tiveram o mesmo ponto e partida: a paixão pelo rádio.
Antônio Carlos Sant'Ana, por exemplo, gostava de eletrônica, vivia consertando rádios. Foi quando percebeu que algumas pessoas faziam uso do rádio de forma diferente: para se comunicarem entre
si.
Procurou, então, conhecer o sistema, construindo seu primeiro aparelho com sucata de um rádio valvulado. Hoje, 25 anos depois, ele diz que colheu muitas emoções no radioamadorismo. Uma delas
foi conseguir localizar um avião que saiu de Curitiba e fez um pouso forçado, em lugar desconhecido. Um ato que salvou muitas vidas.
"Ter todo o mundo nas mãos, dentro de casa". Esse é o sentido do radioamadorismo para Joaquim Teixeira Ribeiro de Miranda, o Quim, radioamador há 18 anos, e que hoje possui um sofisticado
equipamento de mais de 5 mil dólares.
Além de uma dezena de casos envolvendo o humanitarismo que teve oportunidade de praticar, Quim ressalta que o radioamadorismo, como todo veículo de comunicação, é, acima de tudo, cultura. Foi
conhecendo radioamadores de outros países que ele aprende, também sem sair de casa, três idiomas. |