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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CIDADE FESTIVA
Banda do Corpo de Bombeiros

Esta matéria foi publicada no jornal santista A Tribuna, possivelmente em setembro de 1999 (data imprecisa porque o recorte não tinha datação):

Uma banda centenária, orgulho da Cidade

J. Muniz Jr. (*)
Colaborador

A exemplo de outras corporações congêneres, o antigo Corpo Municipal de Bombeiros contou, em tempos idos, com uma eficiente banda de música, que se constituiu, ao longo dos anos, num patrimônio artístico-cultural e numa grata tradição da história da Cidade. Após a sua incorporação à extinta Força Policial do Estado, passou a prestar serviços na Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Criada por indicação do intendente municipal Adolpho Vaz Guimarães e aprovada através de sessão da Câmara Municipal em 20 de setembro de 1899, a Banda Musical do Corpo de Bombeiros contou, de início, com 25 músicos, sob a regência do professor de Música Aurélio da Silva Prado, nomeado tenente em 6 de setembro daquele ano. Os instrumentos foram doados pelos munícipes, que arrecadaram a soma de cinco contos de réis, e os ensaios passaram a ser realizados numa sala do quartel, então localizado entre as ruas São Francisco e Onze de Junho (Rua Riachuelo).

Sua primeira apresentação ocorreu no dia 15 de novembro, como parte das comemorações do 10º aniversário da Proclamação da República, constando de alvorada festiva e desfile pelas ruas da Cidade, com visitas e cumprimento ao intendente Adolpho Vaz Guimarães, ao presidente da Câmara, José Carneiro Bastos, e ao senador Cesário Bastos. À noite, houve um concorrido concerto sinfônico na Praça dos Andradas, com apresentação de um belo programa musical, intensamente aplaudido pelo público, que também ovacionou o regente Aurélio Prado. Ainda no final do mesmo ano, seguiu para a Cidade de Itu, onde participou das festividades comemorativas da passagem do século. Era o início de uma longa atividade.

E no alvorecer de uma nova centúria, prosseguiu nas suas apresentações em praça pública e já em 1904 contava, além do maestro e do contramestre, com 39 músicos. Um dos fatos mais marcantes do início do século ocorreu em 18 de novembro de 1903, quando acompanhou o cortejo fúnebre da inesquecível parteira Maria Patrícia, a Mãe Negra, cujo esquife mortuário, levado numa carreta, foi conduzido por senhoras, a pé, até o Cemitério do Paquetá.

Além da rotina do quartel, a banda continuou suas atividades musicais, atuando em inúmeras festividades públicas, através de concertos, tocatas e retretas (N.E.: retreta é a apresentação da banda para o público). Todavia, em 20 de junho de 1906, foi desligada da corporação, ficando então agregada ao Poder Público com a denominação de Banda Municipal de Santos. Entrementes, voltou a integrar o Corpo de Bombeiros a partir de novembro de 1910.

Reintegrada ao quartel da Rua Bittencourt, deu seqüência à sua rotina de apresentações pelos logradouros da Cidade, participando ainda das cerimônias cívicas, de desfiles, festivais, procissões, cortejos fúnebres, nos festejos de Nossa Senhora do Monte Serrat, e até carnavalescos. Em 1914 abrilhantou a solenidade inaugural da famosa Ponte Pênsil, em São Vicente, vindo a participar, posteriormente, de centenas de apresentações, para o gáudio da população da Baixada Santista.

O público vibrava com suas peças musicais, onde figuravam divertimentos, fantasias originais, galopes, favotes, hinos diversos, músicas variadas, marchas, mazurcas, dobrados e marchinhas carnavalescas, além de óperas famosas, ouvertures, sinfonias, rapsódias, serenatas, schotichs, tangos, valsas, polcas e outras mais.

Na década de 20, dentre outras, tomou parte na recepção aos aviadores portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho, após a travessia do Atlântico com o hidroavião Luzitânia, marcando presença em festas assistenciais, festivais esportivos, em concertos nos teatros Guarani e Coliseu, bem como nas reuniões da alta sociedade, animando, inclusive, os festejos carnavalescos, nas ruas, junto ao povo.

Como se vê, sua participação no seio da sociedade santista abrangia todas as camadas sociais, desde os majestosos saraus até as festas populares. Já em março de 1930 acompanhou o cortejo fúnebre do coronel Joaquim Montenegro e, quatro anos depois, prestou a derradeira homenagem ao capitão Aurélio Prado, fundador da banda, no Cemitério do Paquetá. Ainda em fins daquela década, abrilhantou as festividades do Centenário de Santos (elevação a cidade).

Nos anos 40, teve uma ativa participação junto aos Tiros de Guerra (11 e 598), das Escolas de Instrução Militar (EIM), da Organização Feminina Auxiliar de Guerra (OFAG), colaborando também com as organizações das Forças Armadas sediadas na região da Baixada. Com a incorporação do Corpo Municipal de Bombeiros à antiga Força Pública do Estado de São Paulo (N.E.: através do Decreto-Lei nº 6.860 de fevereiro de 1947), passou a integrar o 6º Batalhão de Caçadores, atual 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior, ficando, posteriormente, subordinado ao Comando de Policiamento de Área do Interior-6.

O certo é que a inesquecível banda do Corpo Municipal de Bombeiros, que teve seqüência no 6º BC, 6º BPMI e no CPA/I-6, se notabilizou ao longo do tempo, merecendo elogios das autoridades constituídas e os calorosos aplausos do povo pelas admiráveis apresentações e na execução pública de obras monumentais, deixando lembranças duradouras para o regozijo público. E, neste ano em que comemora o seu centenário, mereceu uma homenagem da Câmara Municipal de Santos, pelos relevantes serviços prestados à comunidade santista.

(*) J. Muniz Jr. é jornalista, pesquisador de História e escritor.

Recortes de jornais sobre a atuação da Banda do Corpo de Bombeiros de Santos


Seleção de publicações feita por Ary O. Céllio, 2º Ten. Músico P. M. da Reserva da Polícia Militar, alistado em 1970 no 6º BPM/I, onde serviu como músico por 29 anos, passando para a reserva em seguida.


Reprodução do jornal Diário de Santos, em fevereiro de 1900:

Reprodução do jornal Diário de Santos, em 7 de setembro de 1902:

Reprodução do jornal Diário de Santos, em 8 de janeiro de 1902:

Reprodução do jornal Diário de Santos, em 23 de maio de 1907:

Reprodução de um jornal santista de 1927, sobre solenidade no Tiro de Guerra 11:

Reprodução do jornal santista Diário, em 12 de janeiro de 1945:

Reprodução do jornal O Correio da Tarde, em 10 de março de 1945:



Ary O. Céllio relata que "a Policia Militar destina uma unidade Militar que se denomina Corpo Musical, fundada em 7 de abril de 1857, situada na Rua Jorge Miranda, no bairro da Luz, na capital paulista, para administrar as treze bandas espalhadas pelo interior, capital e litoral. O Corpo Musical organiza anualmente um concurso musical entre as treze bandas, e a banda de Santos sagrou-se Penta-Campeã em 1973 no comando do Mestre Antonio Cesar".

Sobre a Banda do Corpo de Bombeiros de Santos, Ary informa ser esta a seqüência de Mestres, desde a sua criação em 1899 até 2007:
  
1899 - Alferes Aurélio da Silva Prado
1930 - 1º sargento Luiz Dinardi
1939 - 2º tenente Antonio Garofallo
1940 - 1º sargento Marcos Gomes Tavares
1942 - 1º sargento Rafael Moscarello ("este músico foi o avô do Pepe
              Moscarello, propritário da casa de Música Pepe Música, e pai do
              músico falecido Betinho do Vibrafone")
1947 - Brigada Inácio Pinto de Sousa ("este Músico também foi maestro da
              Banda Carlos Gomes e meu professor de música na década de 60")
1956 - Brigada Donato Pinho Junior
1957 - 1º sargento Antonio Justo
1958 - sub-tenente Laudelino Clemente
1963 - sub-tenente Antonio Lemela
1967 - sub-tenente Antonio Cesar
1977 - sub-tenente José dos Santos
1983 - sub-tenente Adail Calixto de Oliveira
1990 - 1º sargento João Salles Pereira
1993 - 2º tenente Noel Sampaio
1997 - sub-tenente José Lucio Justino
1999 - sub-tenente Rubens Cardoso
2001 - sub-tenente José Oscar Guzella
2004/2007 - sub-tenente Sérgio Paula de Andrade