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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SFC - 2
Guerra parou para verem futebol do Santos

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Nos tempos de Pelé, o Santos Futebol Clube registrou um tento especial: interromper uma guerra - entre a futura República do Congo (ex-Congo-Brazzaville ou Congo Francês, capital Brazzaville) e a futura República Democrática do Congo (ex-Zaire, capital Kinshasa) - para que o time bicampeão do mundo jogasse com as seleções locais. Aconteceu em 1969, conforme estes registros do jornal paulistano O Estado de São Paulo:


Imagem: reprodução parcial da página 17 do jornal O Estado de São Paulo de sexta-feira, 27 de dezembro de 1968 (Acervo Digital Estadão - acesso em 23/6/2012)

O Estado de São  Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 1968, página 17:

[...]  No dia 11, a delegação embarcará para Minas, jogando no dia seguinte contra o Atlético. Logo após a partida, o Santos tomará um avião na Pampulha e depois outro no Galeão, que o levará à África, com destino a Dacar, capital do Senegal.

O bom programa - Na África, o Santos estreará no dia 16, jogando em Brazzaville, Congo, contra a seleção regional de Kioulo. No dia 19, nessa mesma cidade, o Santos tem uma partida marcada contra a seleção nacional do Congo. No dia 21, o jogo será em Kinshasa, Congo, contra o Clube dos Leopardos.

No dia 24, o Santos fará uma partida contra o Clube Koto, em Kumasi, Ghana. No dia 26, em Lagos (N. E.: cidade portuária da Nigéria), jogará com o Anackreec. Três dias depois, a partida será em Bamako, contra a seleção do Mali. A excursão deve terminar no dia 2 de fevereiro, em Orã, contra a seleção da Argélia.

[...] Escola do mundo - O Santos recebeu uma carta de Cheshana, Inglaterra, na qual o pai de um menino de apenas 10 anos de idade pede informações sobre como fazer para mandar seu filho a Vila Belmiro. O pai do menino diz na carta que seu filho Christopher Nasha quer aprender a jogar bola e gostaria de mandá-lo para treinar no Santos, "pois só assim alcançarei minhas aspirações e as do garoto".


Imagem: reprodução parcial da página 23 do jornal O Estado de São Paulo de quinta-feira, 16 de janeiro de 1969 (Acervo Digital Estadão - acesso em 23/6/2012)

O Estado de São  Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1969, página 23:

Point-Noir vê o Santos hoje

O Santos faz hoje à tarde, no Congo, a primeira partida de sua excursão à África, jogando contra uma seleção da cidade de Ponte-Noir (N. E.: Pointe-Noire - "Ponta Negra" em francês - é o principal centro comercial da atual República do Congo, no litoral atlântico). A delegação do Santos chegou anteontem a Brazzaville e ontem um avião especial levou o time para Ponte-Noir. Em Brazzaville, o técnico Antoninho anunciou que o Santos, em sua primeira partida, vai jogar com Gilmar, Haroldo, Ramos Delgado, Marçal e Rildo; Joel e Lima; Edu, Toninho, Pelé e Abel.

No dia em que a delegação chegou a Brazzaville, o técnico Antoninho dirigiu um leve individual à tarde, no Estádio da Revolução. No próximo sábado, o Santos volta a Brazzaville par jogar contra a seleção do Congo. Depois, o time brasileiro tem jogos marcados em Congo-Kinshasa, Nigéria, Moçambique e Argélia.

AFP e Reuters


Imagem: reprodução parcial da página 17 do jornal O Estado de São Paulo de sexta-feira, 17 de janeiro de 1969 (Acervo Digital Estadão - acesso em 23/6/2012)

O Estado de São  Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1969, pág. 17:

Santos estreia hoje na África

Em jogo transferido pra hoje, devido às fortes chuvas que caíram ontem, o Santos faz a sua primeira apresentação na excursão pela África, enfrentando o Pointe Noire em Brazaville.

As autoridades desta cidade resolveram decretar feriado para que os trabalhadores possam ver Pelé em ação. O Santos começará assim: Gilmar; Haroldo, Ramos Delgado, Marçal e Rildo; Joel e Lima; Manoel Maria, Toninho, Pelé e Edu.

Em entrevista concedida ontem a uma emissora de Brazaville, Pelé afirmou que "não podia dizer quem venceria o jogo, porque na última excursão do Santos pela África, as equipes do Congo é que haviam dado mais trabalho".

Alguns comentaristas locais não parecem confiar muito em uma boa atuação de Pelé no jogo de hoje. "A primeira visita de Pelé - disse um deles - à África foi um fracasso. Agora ele deve ter perdido ainda mais de seu vigor".

Jogo em Lourenço será com Áustria - O primeiro jogo do Santos em Lourenço Marques (N. E.: capital de Moçambique, rebatizada em 1976 com o nome atual Maputo) no dia 1 de fevereiro será realizado contra o Áustria de Viena, segundo se informou ontem.

A delegação brasileira é esperada em Lourenço no dia 27 ou 28 deste mês. O Santos deverá fazer outro jogo contra adversário a ser designado.

Enquanto isto, os austríacos deverão chegar no dia 31. O jogo será realizado em um campo que foi inaugurado com a partida Brasil 2 vs. Portugal 0, o "Oliveira Salazar".

Muito interesse - A visita do Santos a Lourenço está despertando muito interesse entre os torcedores, sabendo-se que 10 mil pessoas sairão de Joanesburgo, em trens e aviões especiais, para assistir à partida contra o Áustria.

A equipe austríaca foi convidada a jogar contra o Santos, devido aos seus últimos triunfos: 4 a 0 sobre o Rapid, também da Áustria; 5 a 2 sobre o Manchester United, campeão da Europa; 1 a 0 sobre o Glasgow Celtic e 1 a 0 sobre a seleção argentina.

Devido à presença de Pelé, o Santos ganhará 60 mil dólares, 20 a mais do que o Áustria.

(Reuters e AFP)

Chapa 2 não desiste

Da sucursal de Santos

Embora derrotados anteontem por 835 votos contra 130, os elementos da chapa 2 poderão voltar à luta, formando a sua própria diretoria para concorrer à eleição da nova diretoria, a ser escolhida nos próximos dias em assembleia convocada pelo presidente do Conselho.

Por enquanto, sabe-se que José Bernardes Ferreira foi eleito para continuar como vice-presidente de Esportes, o seu diretor será o general Osman de Moura.

Modesto Roma, ex-vice presidente do clube, tinha a seguinte opinião sobre o resultado das eleições de anteontem: "Faltou motivação aos elementos da chapa 2. Como ambas as chapas apontassem Athiê como candidato, quase todos os conselheiros ficaram com a número um, que era a dele mesmo. Dou os parabéns ao Athiê, porque ele conseguiu eleger o Conselho que queria". [...]


Imagem: reprodução parcial da página 26 do jornal O Estado de São Paulo de terça-feira, 21 de janeiro de 1969 (Acervo Digital Estadão - acesso em 23/6/2012)

O Estado de São  Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 1969, página 26:

Santos volta a jogar na África

Depois de derrotar o Brazaville por 3 a 2, anteontem, o Santos voltará a jogar hoje à noite, enfrentando a seleção B de Kinshasa no Estádio Tata Raphael, em Kinshasa. Na quinta-feira, o Santos jogará contra a seleção A de Kinshasa, conhecida como "Os Leopardos", campeã africana do ano passado.

O time do Santos para o jogo de hoje será o mesmo que derrotou a seleção de Brazaville no domingo: Gilmar, Haroldo, Ramos Delgado, Marçal e Rildo; Joel e Lima; Manoel Maria, Toninho, Pelé e Edu. Em Brazaville, ainda estão falando da "extraordinária categoria e a resistência física dos jogadores do Santos demonstradas com a vitória sobre nossa seleção por 3 a 2".

O Santos repetiu a vitória de 1967, quando fez os mesmos 3 a 2 no Estádio da Revolução sobre a seleção de Brazaville. Os jornais de lá comentam que a presença do Rei Pelé e de seus companheiros foi, até hoje, o único fator capaz de causar a lotação completa do estádio".

Ao contrário do que aconteceu na primeira partida do Santos na África - em Ponte Noire - anteontem em Brazaville o time brasileiro precisou esforçar-se mais para chegar à vitória, porque terminou o primeiro tempo perdendo de 2 a 0. Os congoleses entraram para tentar definir a partida logo nos primeiros minutos. Os 95 mil torcedores vibraram logo aos 10 minutos de jogo, quando Socier marcou o primeiro gol para Brazaville; ele deu uma arrancada desde a ponta-esquerda e foi passando pelos zagueiros do Santos, na mais espetacular jogada de toda a partida. Rikouri, também em jogada individual, fez 2 a 0 para Brazaville aos 35 minutos.

No segundo tempo, o cansaço dos jogadores congoleses e um erro do juiz, marcando pênalti em Pelé, mudaram completamente o jogo. Logo aos 7 minutos do segundo tempo, Pelé recebeu de Lima na meia-lua e, de virada, mandou a bola no canto esquerdo.

Aos 17 minutos, Pelé foi derrubado na área e o juiz Nkounkou marcou o pênalti, numa jogada bastante duvidosa e que provocou muita reclamação por parte dos jogadores de Brazaville. Pelé cobrou o pênalti e fez o empate de 2 a 0.

O terceiro gol saiu aos 23 minutos, numa boa jogada de Pelé, que enganou os dois zagueiros de área e Brazaville com um drible de corpo e ficou sozinho no centro da área para mandar a bola no ângulo, fazendo 3 a 2.

Os congoleses, que fizeram um bom primeiro tempo, cederam completamente no segundo. Além da falta de preparo físico, ainda encontraram dificuldades com o gramado, bastante pesado depois das chuvas que caíram durante todo o domingo passado em Brazaville.

Já com a vitória de 3 a 2, o Santos limitou-se a passear em campo, dando uma demonstração de habilidade com a bola. Quanto à seleção de Brazaville, viu-se claramente que ela se entregou em vez de procurar a reação. Se o Santos tivesse forçado mais o jogo no segundo tempo, a sua vitória poderia ter sido por um resultado bem maior. O chefe de Estado de Brazaville, comandante Marien Ngouabi, também esteve no Estádio da Revolução e depois da partida entrou no gramado para cumprimentar Pelé.

O Santos viajou ontem para Kinshasa, onde joga hoje contra o time B de "Os Leopardos". A partida mais difícil do Santos nesta sua excursão à África será na próxima quinta-feira, contra a equipe principal dos Leopardos, campeã africana do ano passado.

Rio Congo se abre para o Santos

O Santos chegou ontem a Kinshasa, depois de atravessar o Rio Congo graças a um serviço especial de transporte que as autoridades da cidade providenciaram. Quando a delegação do Santos chegou ao rio, não havia barcos para fazer a travessia, pois as relações entre Brazaville e Kinshasa foram rompidas em outubro do ano passado, provocando a suspensão do serviço de transporte de uma margem para outra.

Por isso, as autoridades de Kinshasa tiveram que mandar um barco especial para apanhar o Santos do outro lado do rio. O Santos fará dois jogos nesta cidade, contra as duas seleções do Kinshasa, também conhecida como "Os Leopardos": o time tem esse nome porque leopardo é o símbolo do Congo.

Além desse, houve outro pequeno incidente na chegada da delegação do Santos a Kinshasa: todos os hotéis estavam completamente reservados para os delegados que participarão da Conferência da Organização da Comunidade Africana e Malga, que começa hoje.

O Ministério do Interior tinha reservado um quarto especial para Pelé no melhor hotel da cidade, mas tinha programado hospedar o resto da delegação do Santos em outros hotéis. Mas Pelé não concordou com a ideia e toda a delegação acabou ficando num mesmo hotel.

Os jogadores passearam ontem à tarde pela cidade e hoje cedo haverá um treino leve no estádio Tata Raphael, onde serão realizados os jogos de hoje e de quinta-feira.

Em Kinshasa, Pelé declarou que pretende jogar ainda por mais três ou quatro anos:

- Espero jogar na equipe nacional brasileira durante a Copa do Mundo de 1970, no México, e depois continuar jogando por mais uns dois anos.

Pelé e o Santos provocaram um grande interesse no Congo Kinshasa, onde o futebol é, de longe, o esporte mais popular. Os jornais dedicaram páginas inteiras aos próximos jogos do time brasileiro. A maior parte dos críticos fala "da esperança de que Pelé desta vez mostre todo o seu talento, porque ele não estava em sua melhor forma quando visitou a África em 1967".

UPI, AP, FP, Reuters


Pelé fez três e deu a vitória ao Santos

Imagem: reprodução parcial da página 26 do jornal O Estado de São Paulo de terça-feira, 21 de janeiro de 1969 (Acervo Digital Estadão - acesso em 23/6/2012)


Imagem: reprodução parcial da página 26 do jornal O Estado de São Paulo de quinta-feira, 23 de janeiro de 1969 (Acervo Digital Estadão - acesso em 23/6/2012)

O Estado de São  Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1969, pág. 26:

Santos tem jogo "difícil"

A equipe do Santos Futebol Clube, que ontem derrotou em Kinshasa o segundo quadro do Congo, por 2 a 0, terá pela frente um jogo mais difícil amanhã, contra a seleção nacional congolesa, segundo os comentaristas locais.

A agência noticiosa congolesa disse que a equipe local não tinha coordenação, baseando seus ataques em jogadas individuais.

Pelé aplaudido - O jornal Le Progrés aplaudiu a mestria de Pelé, embora o jogador não tivesse marcado tentos na partida. Outro diário de Kinshasa, Le Courrier d'Afrique, em artigo com o título "Os brasileiros ganharam demasiadamente fácil", disse que o Santos às vezes dava a impressão de jogar contra um adversário muito fraco.

L'Etoile diz que nunca viu um futebol verdadeiramente magistral, até apreciar os brasileiros em campo. Acrescentou que o Santos poderia ter mostrado todo o seu jogo na partida de ontem.

Da "Reuters"

Também o jornal paulistano Folha de São Paulo registrou a excursão africana do Santos F. C. em suas páginas:


Imagem: reprodução parcial da página 20 do jornal Folha de São Paulo de sábado, 18 de janeiro de 1969 (edição 14.461 (Acervo Folha - acesso em 9/12/2012)


Imagem: reprodução parcial da página 8 do jornal Folha de São Paulo de segunda-feira, 20 de janeiro de 1969 (edição 14.463 (Acervo Folha - acesso em 9/12/2012)


Imagem: reprodução parcial da página 30 do jornal Folha de São Paulo de terça-feira, 21 de janeiro de 1969 (edição 14.464 (Acervo Folha - acesso em 9/12/2012)

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