No Ana Costa, 23 prédios, 828 apartamentos e esgoto misturado à água
No Ana Costa, o velho problema do esgoto na água
Quem agüenta? Da torneira, ao invés de um líquido cristalino
e potável, jorra água misturada com esgoto.
Isso vem acontecendo nos 36 apartamentos do prédio da Rua Guedes Coelho, 202, no Conjunto Ana Costa, desde que
os moradores se mudaram para lá. A princípio, todos pensavam que a cor estranha fosse devido às tubulações novas, mas uma análise encomendada ao
Instituto Adolfo Lutz apurou: havia coliformes de origem fecal misturados à água que o pessoal usava para beber, preparar a comida e tomar banho.
Protestos gerais, como era de se esperar. Só que todos os protestos até agora caíram no vazio, pois os mutuários
continuam convivendo com o problema. Vejam só: foi preciso até criar uma Comissão da Água.
O grupo cansou de procurar o Inocoop e a Construtora Oxford e finalmente conseguiu que, há poucas semanas, a
segunda iniciasse obras no prédio. Mas, para desespero do pessoal, a Oxford desapareceu, deixando o serviço inacabado.
Pode sair da torneira água preta, marrom ou amarela, dependendo do tempo que ela permaneça fechada. Os moradores
perderam as contas do que já gastaram comprando água e ficam indignados cada vez que pensam nisso. Mandaram até uma carta para o presidente
Figueiredo, portanto, já não sabem para quem apelar.
Pois é: os mutuários do Ana Costa ainda não pararam de enfrentar dificuldades e ter dor de cabeça. Tudo começou
com o atraso de um ano no prazo de entrega dos 23 prédios (transferido do início de 1978 para julho de 1979), que resultou em aumentos de 40 a 50
por cento em relação às expectativas iniciais quanto ao preço dos apartamentos. Mobilização geral: abaixo-assinados, recurso na Justiça.
Finalmente o BNH se convenceu a reduzir o custo final e o Banco Sul-Brasileiro (agente financeiro) diminuiu em 5 por cento os juros anuais. Em
contrapartida, o prazo de pagamento foi elevado em dois anos.
Quando os mutuários conseguiram se mudar, se viram às voltas com rachaduras nas paredes e infiltração de água. A
Oxford voltou lá, fez pequenos serviços e contentou a maioria. E, apesar do grave problema da água contaminada, pode-se dizer com tranqüilidade
que o Ana Costa é, juntamente com o Martins Fontes, o conjunto habitacional que menos tem problemas em Santos.
Todo fim de semana, batucada no Bar Santista
Os rapazes e sua alegria regada a samba e cantoria
Amizade, samba, cantoria e uma cervejinha bem gelada.
Em torno desses ingredientes, mais de 20 jovens se reúnem todos os fins de semana no Bar Santista, na Rua
Carvalho de Mendonça, 58. E isso vem acontecendo ano após ano, renovando-se de geração em geração, desde uma época que ninguém sabe dizer ao
certo.
Tudo começou por causa do Clube Atlético Santista. Sabe como é, o clube sempre ofereceu muitas opções de lazer,
constituindo-se em um atrativo para os jovens. Vai daí que alguns rapazes começaram a se reunir para bater papo no Bar Santista, que fica bem em
frente. A coisa evoluiu e logo havia um grupo muito unido, desses que gostam de cantar e fazer samba junto.
No carnaval, imagina se a rapaziada não varava a noite pelas avenidas, engrossando um ou outro grupo de foliões.
Até que surgiu a idéia de criar um bloco: foi aí que nasceu o Pé-na-Cova, que há 11 anos ajuda a animar o tradicional desfile Dona
Dorotéia, Vamos Furar Aquela Onda? Os ensaios para 1983 já começaram sob o comando do presidente Luís César de Almeida Lourenço, o Pingüim.
O tema promete boas novidades: Os Corsários do Amor.
Entre uma batucada e outra, os rapazes invadem a cozinha do Santista. Aos domingos, costuma ter
churrascada ou peixada e os dias transcorrem em ambiente de festa total. Tudo isso com o apoio do Antônio Santana, o Toninho, dono do bar,
que gosta de ver aquela moçada descontraída, enchendo o ambiente de alegria.
E como se não faltasse mais nada, alguns mais chegados ao futebol fundaram um time, o Tarrabufado, que se está
preparando para o jogo de estréia. Um fato ninguém pode negar: seja ou não um bom time, representa mais um ponto de união do grupo. Uma união que,
além de evidente, vem expressa nos versos do compositor Pingüim, que presta uma homenagem a antigos freqüentadores do bar neste sambinha:
O meu negócio é samba
Não é bolero e nem tango
O meu negócio, malandro,
É tomar no domingo
Um bom calango
Não adianta nada
De nada vai adiantar
de janeiro a janeiro
Faço samba lá no bar
Lá tem Paulo
Tem o Guilha
Tem o Miro e o Terém
E o gatuno Benjamin
Que não paga nada a ninguém |
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