O Miramar projetou Santos e o Boqueirão no exterior: ao lado, o Parque Indígena de Júlio
Conceição (imagem: bico-de-pena de Ribs)
Miramar, quem não ouviu falar?
Em Santos, só é chic quem vai ao Miramar
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Vá ao Miramar ainda mesmo que chova
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Os moradores de Santos com mais de 50 anos na certa cansaram
de ver anúncios com essas frases estampados nos jornais. E quem atendia ao apelo publicitário e ia ao Miramar não se arrependia: além de muito bem
instalado, oferecia uma variedade incrível de atividades sócio-recreativas.
Quando da inauguração, a 12 de janeiro de 1896, sobraram elogios. "Aquilo é simplesmente esplêndido, encantador,
poético e rejuvenescedor para quem passa o dia entregue às preocupações da vida material", destacava o Diário de Santos, mencionando ainda
os "serviços de luz elétrica bem instalados, com luz firme e nítida, abundante e bem distribuída".
Famílias de todos os cantos passaram a freqüentar o Miramar todas as noites e aos domingos. Com o tempo,
inaugurou novas instalações e se transformou no maior centro de diversões da América do Sul: o chamado Palácio Dourado do Boqueirão ocupava a
quadra onde estão hoje grandes edifícios como o São Domingos e o Jangada.
Em 1897, as batalhas de confete, nas alamedas do Miramar, começavam a 1º de janeiro e se prolongavam até
terça-feira de carnaval, fazendo a alegria da moçada.
Todo carnaval era a mesma coisa: uma multidão de animados foliões lotava o jardim, a pista de patinação, o
music hall (lado da praia) e, posteriormente, o salão do cassino e o cine-teatro. Todos os espaços disponíveis eram ocupados e neles se
realizavam batalhas de confete e lança-perfume, concursos de fantasia e concorridas matinês e bailes de máscaras. Até corso automobilístico o
Miramar promoveu em suas dependências.
O dinheiro corria solto no cassino e imensas fortunas ficaram sobre as mesas e máquinas. No cabaré,
apresentaram-se ninguém menos que Enrico Caruso, considerado o maior tenor do mundo, e Carlos Gardel, o inesquecível Rei do Tango.
Em 1918, uma autêntica jazz-band regida pelo norte-americano Harry Kosarim movimentou os salões do
Miramar e, em 1930, todo mundo falava e queria participar dos populares concursos de charleston.
Mas o Miramar veio abaixo, deu lugar a edifícios, levando o mesmo fim que o igualmente famoso Parque Balneário.
Restaram fotos, anúncios de jornais e o testemunho de muita gente para provar o que representou para Santos e para o Boqueirão.
Na pérgula, momentos agradáveis observando o mar
ou o corre-corre da Avenida Conselheiro Nébias
Todo 25 de outubro, festa e homenagens
Todo 25 de outubro é dia de festa no Boqueirão. Além de a
data ser dedicada ao bairro, nela se comemora o aniversário da sociedade de melhoramentos, fundada em 1960, por iniciativa de Joaquim Ribeiro de
Morais. Aliás, seu Joaquim, ex-diretor do Aquário e do Instituto de Pesca, ajudou também a fundar as sociedades de melhoramentos do José
Menino e do Gonzaga. Os motivos que o levaram a criá-las foram sempre os mesmos: reivindicar melhorias e defender os interesses do bairro em seus
aspectos histórico, cultural e turístico.
Logo da Sociedade Amigos do Bairro do Boqueirão
Dessas
três, apenas a SM do Gonzaga desapareceu. Não houve gente com a fibra de seu Joaquim para dar continuidade aos trabalhos. A SM do Boqueirão, que
completa 22 anos, é presidida por Rachid Hadid e conta com cerca de 600 sócios. Não tem sede própria, mas em compensação, uma barraca de praia
muito disputada nos meses de verão.
O programa comemorativo começa no sábado, às 8h30, quando será celebrada missa em intenção dos sócios falecidos,
na Basílica do Embaré. No mesmo dia, o trecho final da Avenida Conselheiro Nébias ficará interditado, até às 24 horas, para a realização de Feira
do Verde e shows e, no domingo, haverá chopada na barraca de praia. |