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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - COMÉRCIO
O pioneiro que se mudou para o Gonzaga

Na época, era loucura um comerciante deixar o centro santista e se estabelecer junto à praia

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Matéria publicada em 18 de junho de 1988 no suplemento especial Gonzaga - 100 anos - do jornal santista A Tribuna (página 16):


Antônio Domingues acreditou no potencial do Gonzaga
Foto: Adalberto Marques, publicada com a matéria

Uma história de pioneirismo

Ele chegou a ser chamado de louco, ao importar uma central de ar condicionado e fechar as portas da butique do Centro, atitude impensável há pouco mais de duas décadas (N.E.: anos 1960/70, portanto). Comentário que novamente circulou entre os comerciantes quando decidiu construir, há cerca de 15 anos, um imóvel na Rua Galeão Carvalhal, exclusivamente para ampliar suas atividades. Foi, na verdade, o primeiro prédio de três andares construído em Santos para tal finalidade, substituindo a improvisação e as adaptações que, aliás, ainda se fazem na Cidade.

Mas Antônio Domingues teve paciência para esperar e confiança para acreditar em seus sonhos. E a prova está aí, incontestável: a Gato Boutique é, sem dúvida alguma, a mais tradicional butique, não apenas de Santos, mas de toda a Baixada Santista, um nome que se fez há 50 anos e que hoje chega a vestir quatro gerações, conforme atesta seu proprietário, com inegável ponta de orgulho.

E não ouse duvidar, porque ele é capaz de citar famílias inteiras, cujas mulheres - da bisavó à neta - se vestem com os modelos, quase todos exclusivos ou únicos, encomendados por seo Antonio junto a renomadas estilistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Ele foi, na verdade, o primeiro comerciante tradicional do Centro a abrir uma filial no Gonzaga, acreditando no potencial que há quase duas décadas já se delineava no bairro. A butique funcionou, inicialmente, na esquina da Praça da Independência com a Rua Goitacazes. Em pouco tempo a clientela cresceu tanto que seo Antonio resolveu investir mais ainda, aplicando valores que hoje ultrapassariam Cz$ 600 milhões, construindo o prédio onde funciona atualmente.

Seu pioneirismo começou há 25 anos, quando comprou um estabelecimento no Gonzaga, no lugar onde está montada a Gatinho Boutique. Entretanto, com a proibição da abertura do comércio nas tardes de sábado, em função de uma lei municipal, e do jogo no País, o movimento entrou em declínio: "Fui obrigado a fechar a loja, ficando apenas com a butique do Centro", lembra-se com uma certa dose de tristeza. Um sentimento que durou pouco tempo, por sinal. É que seo Antonio tinha muitos planos pela frente e tratou de concretizá-los, importando moda e vestindo mulheres santistas com modelos de coleções adquiridas diretamente na Europa.

Há cerca de 10 anos, a loja do Centro foi fechada, tendo em vista as mudanças na fisionomia do bairro, invadido por escritórios e desestimulando a clientela, que já sentia dificuldades em encontrar vaga para os veículos. As restrições nas importações também alteraram o guarda-roupa da butique do Gonzaga, que procurou manter o alto nível e a qualidade, buscando estilistas próprios e de gabarito. Na semana passada, foi vendido o vestido mais caro da loja: um modelo em crepe, exclusivo de uma confecção paulistana para a Gato, com o corpo drapeado em tecido preto, branco e lilás.

Mas seo Antonio não deixou de sonhar. Quer voltar a importar moda da Europa, uma possibilidade que pode ser concretizada, face às mudanças já delineadas pelo Governo Federal. E, quem sabe, dentro em breve, transferir a Gatinho para a Avenida Floriano Peixoto, num amplo prédio hoje ocupado por outra atividade comercial.

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