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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ITORORÓ
A fonte do Itororó (2)

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A fonte, em 2004
Foto: Prefeitura Municipal de Santos

A música - Em versão mais moderna, esta é a letra com que é cantada pelas crianças brasileiras, enquanto formam uma roda ao redor de uma menina. Na terceira estrofe, o nome Maria/Mariazinha pode ser substituído pelo da criança que está no centro (ou fora) da roda. A última estrofe é cantada pela criança no centro da roda, substituindo o nome Chico pelo de qualquer outra criança escolhida para sair da roda e ficar na área central:

Eu fui no Itororó
Beber água e não achei
Encontrei bela morena
Que no Itororó deixei

Aproveita minha gente
Que uma noite não é nada
Se não dormir agora
Dormirá de madrugada

Ó dona Maria
Ó Mariazinha
Entrará na roda
E ficará sozinha

Sozinha eu não fico
Nem hei de ficar
Porque tenho o Chico
Que será meu par

O escritor Veríssimo de Melo, de Natal/RN, registra em sua obra Folclore Infantil (Editora Itatiaia Ltda., Belo Horizonte/MG, volume 20 da Biblioteca de Estudos Brasileiros, cerca de 1981) diversas variantes da letra, recolhidas em vários pontos do Brasil. No Ceará, por exemplo, uma variante da letra usa o nome Itararé.

Veríssimo de Melo relaciona Itororó com o ribeirão homônimo, palco de grande batalha em 6/12/1868 entre as tropas do Brasil e do Paraguai. Para isso, ele se baseia numa versão recolhida em Santa Catarina, em que aparecem os nomes do famoso general Pedro Juan Caballero e do major Moreno, que controlava a artilharia, impedindo a passagem da ponte de Itororó, provocando muitas mortes e assim ensangüentando as águas do ribeirão - daí a alusão de não se achar água para beber. O último verso seria uma reminiscência da frase latina "Veni, vidi, vinci" dita por Júlio César ao Senado de Roma. Esta é a versão catarinense:

Eu fui lá no Tororó
Beber agua e não achei,
Ver Moreno e Caballero
Já fui, já vi, já cheguei

O autor registra ainda que Frei Pedro Sinzig (O Brasil Cantando, Ed. Vozes, Petrópolis/RJ, 1938) comenta ter o compositor Luiz Heitor se surpreendido em notar que o motivo musical conhecido da ópera O Guarany, de Carlos Gomes, ser o mesmo desta canção, não sabendo dizer qual originou qual.

Anota, porém, a informação do escritor Augusto César Pires de Lima (Jogos e Canções Infantis, Domingos Barreira Editora, Porto/Portugal, 1943) de que em Portugal existiu uma versão sem letra dessa parte inicial da brincadeira, apenas com a dança, em que também as crianças trocam o pé, "alternadamente, um para cá e outro para lá".

Na segunda parte da brincadeira, as duas crianças, no centro da roda, dançam e cantam, (conforme a versão brasileira registrada em 15/4/1947 por Noemi Noronha, também em Natal/RN):

Tira, tira o seu pezinho,
Bota aqui ao pé do meu;
E depois não vá dizer
Que seu pai se arrependeu.

A mamãe está me chamando
Eu não sei para que é;
Se for pra varrer a casa
Varra ela se quiser

A versão lusitana, anotada por Augusto de Lima, é:

Ora ponha aqui, ora ponha aqui,
Ora ponha aqui o seu pezinho.
Ora ponha aqui, ora ponha aqui,
Ora ponha aqui ao pé do meu
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