Alvo de intensa e irresponsável especulação
imobiliária, que até mesmo altera o clima (formando os chamados "micro-climas", tornando-se sufocantemente quente), apoiada por uma legislação
voltada apenas aos interesses das empresas imobiliárias, Santos está se tornando irreconhecível na paisagem urbana. O horizonte desaparece, o
trânsito se torna caótico pelo excesso de veículos (é a cidade brasileira com maior número de veículos por habitante), os serviços públicos não dão
conta do novo contingente populacional, a fiscalização inexiste.
Continua uma bela cidade, em muitos
aspectos, mas com uma poderosa nota de preocupação. As imagens foram feitas durante o ano de 2012 por Sérgio
Furtado Imagens Aéreas e mostram como, em poucos meses, a paisagem pode mudar drástica e irreversivelmente:
Fácil, não é? Bem, aqui é o
Gonzaga. Ache o coração do Gonzaga, a Praça da Independência. Dica: no cantinho
superior esquerdo existe uma praia. Procure um prédio característico da praça, agora
Aliás... ache algum ponto de referência.
Dica: compare o prédio mais alto com a foto acima. Anote, para futura referência: o edifício em "L" invertido fica na Rua Paraíba, 37. Não procure
pela igreja da Pompéia, ela está escondida entre o edifício mais alto à direita e o edifício branco com faixa vertical
cinza-chumbo à sua frente
Ok, esta foto é junto à praia. Mas... em
que bairro? Dica: compare os prédios com a foto abaixo
Parabéns, achou o navio azul. Agora, ache
o porto. Dica: a mancha à esquerda é o Monte Serrat
Pois é... do alto deste novo prédio ainda
dá para ver onde fica, aparece até a ponte ferroviária...
Onde fica? Dica: suba
2 fotos acima e observe o prédio branco com "L"s invertidos, no centro...
Agora que achou o prédio branco com os
"L"s invertidos em amarelo, ache o morro nesta foto...
A especulação imobiliária sobre o morro,
vai às alturas. Lá em baixo fica o Mosteiro de São Bento
Ah, uma casinha simpática sendo
construída na beira da praia...
Casinha?...
A "Colméia" da
Prodesan era referência arquitetônica na cidade, na Praça dos Expedicionários, confluência das avenidas Ana Costa e
Francisco Glicério. Tente achá-la, perto dos heliportos da "catedral" e do prédio laranja recém-concluído, ao lado de mais um prédio em construção
Bem lá no alto da foto, o
Morro Santa Therezinha. Ache a igreja São Judas Tadeu, aí no Marapé. Dica: procure no
"subsolo" dos novos prédios, bem no centro da foto
Tsunami no Gonzaga? (Ainda) não, só um
pouco de "fog"...
Agora, um pouco do verde que (ainda)
resta, para descansar a vista...
Estes prédios do Marapé parecem dançar ao
som de uma antiga cantiga de roda. Então, para terminar, uma seresta em adeus ao morro e ao bairro que já começa a ficar irreconhecível, assim como
o resto da cidade...
Bastião era meu filho,
Dita era minha mulher,
Que morava onde eu morava,
No morro do Marapé,
Mesmo num tendo dinheiro,
Nóis vivia tão feliz,
Nisso chega um engenhero,
Se vira pra nóis e diz,
Vocêis têm que se mudá porque,
O morro vai desabá.
Dita chorô, chorô,
Mais num se acovardô,
Ela disse: Corrê, num corro,
Onde é que nóis vai morá,
Se num fô aqui no morro ?
Duas semana dispois,
Eu saí pra trabalhá,
Num sabendo, na vorta,
O que eu ia encontrá:
O barraco que tava lá em cima,
Veio pará aqui no chão,
E no meio dos destroço,
Eu vi o paletó do Bastião...
Fechei os óio pra num vê,
Dispois saí a corrê,
Só parei lá numa curva,
Pra olha pra trás e dizê:
Adeus Marapé, adeus Marapé,
Que levô meu filho,
E também minha mulhé,
Adeus Marapé, adeus Marapé,
Vô pra junto deles,
Quando Deus quisé.