De Vaney à esquerda, na década de 1960
Foto exclusiva de José Dias Herrera, publicada com a matéria
Entidades resgatam memória esportiva
A criação do Centro de Memória Esportiva e do Museu De
Vaney, pela Prefeitura Municipal de Santos, através de sua Secretaria de Esportes, é possivelmente uma das mais valiosas contribuições para a
preservação da memória de importante setor da cidade e da devida homenagem a quem tanto lutou pelo engrandecimento do esporte, não apenas da região,
mas do país.
A inauguração, simples e descontraída como cabe a qualquer evento esportivo, para
muitos significou apenas a entrega de mais uma entidade à população. No entanto, para aqueles que contribuíram para com o desenvolvimento de Santos
através das várias modalidades dentro do esporte amador e para quem conviveu com De Vaney, a importância do evento só se compara à de que esse
espaço seja mantido, cuidado e ampliado para que as futuras gerações não desconheçam a importância do esporte amador da cidade para o Brasil e - por
que não? - para o mundo.
Localizados na Praça Washington, 77, próximo ao Orquidário, o Centro de Memória
Esportiva e Museu De Vaney funcionam como um centro de atividades, com uma biblioteca contendo livros e publicações sobre temas esportivos,
videoteca, espaço para exposição de fotos, desenhos, ilustrações, quadros e sala de reuniões. No projeto da Semes - Secretaria Municipal de Esportes
de Santos, está prevista a edição de publicações, em forma e brochuras sobre várias modalidades esportivas.
Museu De Vaney - Em homenagem a Adriano Neiva de Motta e Silva, o De Vaney,
falecido em janeiro do ano passado, aos 83 anos, o Museu que leva seu nome é composto pelo rico acervo que montou durante anos e que foi doado pelos
filhos à Prefeitura Municipal de Santos. Até a máquina de escrever Remington está lá, junto com a coletânea de vários jornais e revistas.
De Vaney, um exemplo de dedicação ao jornalismo esportivo, iniciou sua carreira em
1923, aos 16 anos, no Rio de Janeiro, foi editor de política de O Globo, passou pelo Diário de Notícias, foi perseguido durante o
golpe de 1937 (Estado Novo), passou um tempo vivendo das crônicas que vendia a 10 contos de réis. Segundo pesquisa da Semes, foi correspondente de
41 jornais brasileiros e nove estrangeiros.
Em Santos trabalhou em A Tribuna e no extinto Cidade de Santos. Em 1984
perdeu a visão, mas continuou ditando seus artigos. Com certeza, aqueles que conviveram com De Vaney, nos últimos anos que trabalhou no Cidade de
Santos, ao visitarem o museu, lembrarão aquela figura de gestos longos, sentado àquela mesa do canto, onde o amontoado de recortes de jornais
era motivo de piadas sobre ninho de ratos, ciclones e outras, às quais dava de ombro dizendo: "Se querem, tiro daqui e coloco nas outras mesas. O
que preferem?"
O Centro de Memória Esportiva e Museu De Vaney foram inaugurados pela prefeita Telma
de Souza e pelo secretário de Esportes de Santos, Ouhydes Fonseca. As entidades localizadas na casa em que residiu De Vaney são administradas por
Oswaldo Rodriguez Perez e funcionam de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 e aos sábados, das 9 às 16 horas. |