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SANTOS DE ANTIGAMENTE
Dirigíveis Zeppelin em Santos, em 1933/6 (C)
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Em 30 de novembro de 1936, foi a vez do dirigível Hindenburg sobrevoar as cidades de Santos e São Paulo, fato registrado (mas sem referência a Santos) pelo jornal Folha da Manhã no dia seguinte, 1/12/1936, com manchete na página 20 (última) e telegramas da Agência Havas (H.), procedentes do Rio de Janeiro (ortografia atualizada nesta transcrição):

Duas esplêndidas fotografias do Hindenburg, quando a magnífica aeronave, a sol posto, sobrevoava a capital paulistana (gentileza daos fotógrafos amadores srs. Estanislau Ganz e Manoel P. Silva)

Imagem: reprodução parcial da Folha da Manhã de 12/5/1933, página 14

O dirigível Hindenburg voou sobre a nossa capital, ontem ao anoitecer

Foi intensa a curiosidade popular, nos diversos bairros - Às 21,35, o extraordinário aparelho, rumando para o Sul, passou pelo porto de Paranaguá

Indizível o espetáculo proporcionado, ontem às 19 horas, pelo gigantesco dirigível alemão Hindenburg, que voou sobre a Capital, longo tempo. As populações dos diversos bairros, alegremente alvoroçadas com a visita do genial aparelho, que enchia de sua presença o céu paulistano, puseram-se imediatamente à rua, para deliciar-se com esse espetáculo, aliás muito raro entre nós.

O Hindenburg partiu, do Rio de Janeiro, para a viagem de excursão, ontem, às 16,23 horas, com 68 passageiros, entre os quais os seguintes, convidados pelo embaixador da Alemanha, sr. Schmidt-Elskop, que também se achava a bordo: ministro Arthur de Souza Costa, ministro Gustavo Capanema, general João Gomes, almirante Guilhem, general Pinto, dr. Trajano Furtado dos Reis, diretor do Departamento de Aeronáutica Civil; dr. Luiz Vergára, secretário do presidente da República; dr. Souza Leão, representante do ministro das Relações Exteriores; deputados Waldemar Ferreira, Diniz Junior e Lauro Lopes.

Depois de sobrevoar nossa capital, o dirigível passou, às 20,03 horas, sobre Itanhaém, e às 21,35 por Paranaguá.

Fim da temporada - A viagem ora empreendida pelo dirigível Hindenburg para o Brasil é a vigésima e última das regularmente feitas pelos dirigíveis alemães entre a Alemanha e a América do Sul no corrente ano. Tais viagens, levadas a efeito dentro de um horário previamente fixado, mostram a plena eficiência de um serviço de transporte dessa ordem, correspondendo às exigências mais rigorosas.

Tanto a Deutsche Zeppelin-Reederei, como o Syndicato Condor Ltda., representante geral da empresa alemã para toda a América do Sul, esperam poder reiniciar o serviço em princípios do próximo ano, isto é, no mês de abril de 1937. Não fossem os acontecimentos políticos na Espanha, que aniquilaram os planos do estabelecimento de uma organização de terra para dirigíveis em Sevilha, a Deutsche Zeppelin-Reederei teria desde já estendido o serviço regular entre a Europa e a América do Sul para todo o ano.

Assim, a viagem do Hindenburg marca o fim da temporada e o cruzeiro sobre algumas cidades ao Sul da Capital Federal fecha-a com uma chave de ouro.

O Hindenburg provavelmente voltará hoje a S. Paulo - À noite, a agência local do Syndicato Condor informou-nos que o Hindenburg passou às 22,30 horas por São Francisco e às 23,20 horas pela barra do Araguari, próximo a Itajaí, em Santa Catarina.

A possante aeronave regressará hoje ao Rio e se o tempo permitir, voará de novo sobre São Paulo, entre 13 e 14 horas.

As características do Hindenburg - Por ocasião de sua primeira visita a São Paulo, é oportuno recordar o extraordinário esforço de engenharia que representa o Hindenburg, cujas características novas são interessantes, não sendo das menos importantes a ampla abundância de espaço. A distribuição do peso, que é essencial na construção de dirigíveis, aconselhou a colocação das acomodações para passageiros em dois tombadilhos, um acima do outro, quase ao centro da aeronave.

O problema da iluminação, durante o dia, foi resolvido de maneira engenhosa, antes inédita em dirigíveis. O invólucro, que é de lona impregnada de borracha, está pintado com uma tinta especial, à base de alumínio, para impedir a passagem da luz e do calor.

Entre a sala de estar e a sala de refeições, situam-se vinte e cinco cabinas, destinadas a conter cinquenta passageiros. Cada cabina dispõe de dois leitos, água corrente quente e fria, armário e escrivaninha. Há, no interior do dirigível, uma sala de música e uma biblioteca; o piano é feito de metal leve.

A decoração interior foi projetada e realizada pelo prof. F. A. Brehaus, o mesmo artista-decorador que decorou o famoso transatlântico alemão Bremen.

Há salas de fumar, salas de banho, lavatórios, cozinha, departamento de oficiais de bordo, sala de jantar para a tripulação e sala especial para os aeromoços. Foi a primeira vez que se reservaram acomodações especiais para aeromoços.

O Hindenburg tem: 5.500.000 rebites, 83 milhas de arame de aço, 71 1/2 milhas de chapas de aço, 43 1/2 milhas de vigas médias, 12 1/2 milhas de vigas pesadas e 27.000 metros quadrados de lona impregnada de borracha. Requer-se um metro cúbico de gás para levantar um peso de duas libras; o Hindenburg tem 190.000 metros cúbicos de gás, podendo, portanto, suspender no espaço 380.000 libras.

Os motores são a óleo Diesel, o que significa absoluta ausência de perigo de incêndio. A marca preferida foi a Mercedes Benz. cada motor desenvolve 1.000 cavalos de força. Dois outros motores Diesel geram energia elétrica para uso no interior do dirigível.

Cada compartimento de gás tem um núcleo de hidrogênio circundado de gás hélio, de maneira que o bojo se mantém ininflamável.