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SANTOS DE ANTIGAMENTE
Centro de Santos em 1900-1904 (3)
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Em 1º de janeiro de 1900, a revista quinzenal Brasil-Portugal, editada em Lisboa por Luiz Antonio Sanches e impressa nas oficinas da Companhia Nacional Editora, dedicou a página 14 de sua edição 23/Ano 1 à cidade de Santos (acervo Hemeroteca Digital - Lisboa - ortografia atualizada nesta transcrição - acesso em 7/6/2014):


Foto publicada na revista Brasil-Portugal, de Lisboa, em 1/1/1900


Imagem: reprodução da página com a matéria

 A cidade de Santos (Brasil)

Estamos na presença de uma das mais laboriosas e importantes cidades do Brasil. Cerca de 80 quilômetros a separam de S. Paulo, a formosa capital do Estado, e com ela comunica pela estrada de ferro de Santos a Jundiaí, ao centro da qual se eleva a serra do Cubatão, alcantilada, pitoresca, grandiosa.

A Santos, fundada em 1545, apenas em 1839 foi concedido o título de cidade. E bem cabido foi, porque em Santos se concentra tudo o que constitui uma cidade moderna. Excelentes edifícios públicos como a Alfândega, a Câmara, o Arsenal, o Hospital, que é um dos melhores do Estado, e que a Misericórdia sustenta e o da Beneficência Portuguesa, teatros, igrejas magníficas como a matriz dedicada a Nossa Senhora do Rosário, e residências particulares que provam ao mesmo tempo o gosto e a fortuna dos proprietários. Mas o que acima de tudo valoriza a cidade é o seu magnífico porto, a 10 quilômetros da baía de O. Abre diretamente para o Oceano abrangendo uma área de 36 quilômetros quadrados.

Todos os anos centenas de navios nacionais e estrangeiros visitam o porto de Santos, cuja importância tem aumentado na proporção do seu vasto movimento comercial. Além dos portos brasileiros dá comunicação direta e a vapor com os portos europeus de Lisboa, Liverpool, Bordéus, Londres, Havre, Hamburgo, Bremen e ainda outros.

Para se fazer ideia do florescimento comercial que o porto de Santos atingiu, bastaria desfiar algarismos por esta coluna. Seria suficiente, para não ocupar espaço com longas estatísticas, dizer a cifra atingida em alguns casos com a exportação e reexportação de gêneros, em que o primeiro lugar é ocupado pelo café. Vêm depois o algodão, o tabaco e outros artigos. A produção do café nas várias regiões do Estado era em tal quantidade que muito contribuiu para a baixa de preço que ele tem ultimamente sofrido. Essa razão e a da concorrência de fora do Brasil bastam a explicar a crescente e triste depreciação no valor de um gênero que tem constituído a maior riqueza do Brasil.

Tão importante comércio torna a praça de Santos uma das mais consideradas e valiosas. A sua associação comercial, os seus vários estabelecimentos bancários estrangeiros e nacionais, as suas vastas casas de comissões de algodão e de café, de negociantes de importação e exportação, as suas agências de seguros e os seus muitos estabelecimentos de comércio a retalho, tudo isso, em resumo, dá a Santos foros de uma grande cidade, que pelo trabalho se tem elevado e desenvolvido e na qual têm representantes consulares, senão todos, quase todos os Estados europeus e americanos.

Além de ser a segunda cidade do Estado de S. Paulo, e o seu empório comercial, Santos se orgulha também de ser a pátria de homens ilustres que altamente contribuíram para a glória do Brasil. O padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão, célebre inventor do aeróstato, nasceu em Santos, que também foi berço do malogrado poeta Xavier da Silveira, do notável fundador do Instituto Histórico do Brasil, o visconde de S. Leopoldo, de frei Gaspar da Madre de Deus, dos três Andradas e de tantos outros cujos nomes são o  orgulho da laboriosa cidade brasileira.


Imagem: capa da publicação