Eu sei que tudo acaba. A flor definha,
as aves emudecem, morre o dia,
os frutos caem, a folhagem seca,
Da morte a um sopro a inteligência esfria.
Sei que as harpas sonoras e plangentes
Perdem também acordes gemedores,
Chamas da inspiração, luz do talento
Tudo fenece como murcham flores.
Sei, por isso, que a hora do silêncio
Para mim dentro em breve soará,
Ave ou flor, dia ou fruto, folha, idéia,
Tudo o sono perpétuo dormirá.
Contudo, a morte não me assombra a crença,
Não morre a alma que de Deus decorre,
Se a crença é d'alma predileta filha,
Bem como a alma a minha fé não morre.
O tempo pode devorar estátuas,
a morte pode aniquilar a vida,
Mas a crença d'alma que abandona o corpo
É flor da terra para o céu partida.