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COLISÃO DE NAVIOS FORA DO PORTO - Estes navios foram os protagonistas da grave colisão verificada na noite de anteontem, fora do porto, entre a
ilha das Palmas e a bóia verde que assinala o casco soçobrado do Guararema. Ambos já se encontram no estuário, um atracado e outro fundeado. O Tuscany nos exibe
as suas feridas da proa, mas que lhe poderão permitir viajar depois dos reparos recebidos, talvez mesmo em Santos.
O Lóide Chile tinha que ser, como se vê, a grande vítima. Suas chagas são bem grandes e bem abertas, mostrando a força do impacto sofrido quase a meia nau, com a destruição de uma grande parte da
superestrutura de bordo, inclusive a cabina de radiotelegrafista, onde morreu imprensado o 2º rádio Alberto Russo, cabina que se situava a uns seis metros do costado. A fotografia de
José Dias Herrera está nos mostrando quanta coisa se reduziu a frangalhos a bordo do navio nacional, construído no Canadá. O Tuscany, ao contrário, é de construção inglesa e
bem mais moço que o Lóide Chile: tem só quatro anos, 135 metros de comprimento, 7.454 toneladas brutas e 4.102 líquidas. (Ler a reportagem da nossa seção Porto & Mar).
Quase a meia nau, para vante, foi que o Tuscany atingiu o Lóide Chile. A escada de acesso ao navio, do lado de bombordo,
partiu-se em dois pedaços
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No porto os navios da grave colisão da noite de 4ª-feira
O Lóide Chile está descarregando e o Tuscany, fundeado - Retirado o corpo do radiotelegrafista - O navio nacional sofrerá reparos de emergência, em Santos - Obra definitiva em Mocanguê -
Técnicos vistoriaram os dois barcos
Conforme havíamos antecipado, o navio nacional Lóide Chile na madrugada de ontem foi rebocado para o interior do porto, uma vez que se poderia tornar perigosa a sua continuação no local em que sofreu o grave
abalroamento do cargueiro inglês Tuscany.
Por sua vez, este barco da Mala Real Inglesa, de manhã, veio também, pelos seus próprios meios, fundear no estuário, onde aguardará que o seu comandante e outros tripulantes deponham no inquérito aberto na
Capitania dos Portos.
Esse navio tinha carregado em Santos para Rio Grande e Porto Alegre 400 toneladas de carga geral, e estava de saída para aquele destino, quando ocorreu a sua colisão com o Lóide Chile, que vinha para o
porto, procedente da Europa.
Conseguimos falar, ontem, com o capitão J. Allason-Jones, do Tuscany, que tem 25 anos de serviço naquela companhia armadora britânica e tem feito freqüentes viagens na linha sul-americana. É um marinheiro
bem experimentado e conceituado na Marinha Mercante do seu país, com uma folha de bons serviços em diversos mares.
Pesar do cmte. do Tuscany - Disse-nos ele que não desejava falar nenhuma palavra sobre a causa do desastre com o Lóide Chile, porquanto não lhe era lícito antecipar-se ao que tinha o inquérito
de apurar. Todavia, cumpria-lhe dizer o quanto lamentava o ocorrido, principalmente por motivo de ter sido vítima do abalroamento um radiotelegrafista brasileiro e que se encontrava em seu posto de trabalho.
Logo que teve conhecimento da colisão do navio da Mala Real veio a Santos o sr. George E. Fox, representante geral da companhia no Brasil, e que ontem esteve assistindo a todas as providências que tinham de ser
tomadas com relação ao caso. Também o sr. Fox declarou a este jornal o pesar que sentia pelo acontecido, frisando que a morte do radiotelegrafista Alberto Russo fora o mais doloroso da colisão.
De alto a baixo, a proa do Tuscany foi marcada
pelo impacto contra o costado do navio do Lóide Brasileiro
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Retirado o cadáver do telegrafista - O cadáver deste foi retirado, ontem, dos escombros da parte atingida a bordo do Lóide Chile. Tendo sido o corpo removido para o necrotério da Santa Casa, ali foi
embalsamado para sepultura no Rio de Janeiro, conforme o desejo da esposa do morto, que se encontra na Inglaterra, e que telegrafou ao Lóide Brasileiro nesse sentido.
O Lóide Chile, depois de ter estado algum tempo fundeado no canal do porto, foi atracado ao cais do armazém n. 23, onde começou sua operação de descarga. Trouxe da Europa 3.700 toneladas de carga geral e
cuja relação damos, à parte, nesta seção. Ao contrário do que se supunha, não há avaria nessa carga, salvo quanto a uma parte da do porão n. 3, onde a forte batida do Tuscany quebrou garrafas da partida de vinho italiano que aí se
encontrava.
Até agora, pelo menos, foi o que se constatou.
Reparo dos navios - Para um exame das condições do Lóide Chile veio do RIo o comandante Osvaldo Rockert, superintendente técnico do Lóide Brasileiro. Interrogado, disse à A Tribuna que o navio
abalroado levará cinco ou seis dias no trabalho de descarga.
Finda esta é que sofrerá aqui no porto os reparos de emergência, de modo a poder ser rebocado para o Rio, onde entrará para o dique de Mocanguê, onde passará pela obra definitiva.
Sobre as avarias, disse-nos que estas foram bem graves, demandando maior tempo de reparos. A proa do Tuscany penetrou até seis metros no interior do Lóide Chile. Foi por isso que atingiu a cabina de
radiotelegrafista, que fica no plano longitudinal do navio, sob o passadiço.
Sobre a possibilidade do Tuscany sair do porto pelos próprios meios, o perito do Lloyd's, de Londres, estivera, ontem, a bordo, para depois apresentar o seu relatório.
Rombo à altura da linha d'água, no Lóide Chile,
vendo-se devassado um detalhe da casa de máquinas
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