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ROTA DE OURO E PRATA - ARMADORAS
Transatlantica Italiana S. A. di Navigazione

 

A empresa armadora Transatlântica Italiana foi a continuação, sob outro nome, da famosa Ligure Brasiliana.

 

Esta última havia sido fundada em Gênova em dezembro de 1897 pelo impulso de Gustavo Gavotti, personagem bem conhecido nos meios da navegação peninsular e que havia dedicado boa parte de sua vida armando navios que eram empregados no tráfego de emigrantes para o Brasil e o Prata.

 

A Transatlântica surgiu oficialmente em julho de 1914, com um capital social de 5 milhões de liras italianas, subdividido em 20 mil ações de 250 liras cada uma.

 

Deste capital, a armadora alemã Hapag detinha 97% e os herdeiros da família Parodi os outros 3%.

 

Seus objetivos eram ambiciosos: estabelecer um serviço marítimo regular de primeiro plano entre a Itália e as duas Américas, a do Norte e a do Sul, com ênfase no transporte de emigrantes destinados ao continente americano.

 

Linha expressa - De início a Transatlântica operou com apenas dois antigos vapores, o Cavour e o Garibaldi, ambos provindo dos ativos da Ligure Brasiliana, mas, logo após sua fundação, ordenou a construção de um par de transatlânticos intermediários que lhe oram entregues no decorrer de 1915.

 

Eram o Dante Aliguieri e o Giuseppe Verdi, destinados a servir a rota norte-atlântica, entre Gênova e Nova Iorque.

 

Da Ligure Brasiliana, a nova companhia conservou as mesmas cores para seus vapores: casco preto, superestrutura branca e chaminés vermelhas, com topo preto e grande estrela branca de cinco pontas.

 

Guerra - Com a declaração de estado de beligerância entre a Itália e a Alemanha em maio de 1915, a Hapag foi obrigada a ceder o controle majoritário da Transatlântica a empresas ou cidadãos italianos, daí resultando que em 1916 a armadora encontra-se de fato nacionalizada sob a bandeira italiana.

 

Um ano mais tarde, agosto de 1917, a assembleia de sócios da Transatlântica decidiu um aumento de capital da ordem de 40 mil ações de 250 liras cada uma, o que representava um incremento de 200% sobre o capital inicial. Tal iniciativa financeira visava levantar recursos para a construção de novos transatlânticos tão logo findasse o conflito e foi largamente patrocinada pelos interesses do grupo Ansaldo, conhecida firma construtora naval de Gênova.

 

Expansão - Ao findar-se a guerra, em novembro de 1918, procedeu-se a novo aumento de capital, que foi ratificado na assembleia geral da empresa em março de 1919.

 

O capital social passou a ser de 20 milhões de liras, dos quais o grupo Ansaldo detinha cerca de três quartos.

 

Em 1919 acontece novo aumento de capital, desta vez maciço, da ordem de outros 80 milhões de liras.

 

Resolvidos os aspectos financeiros e sociais, terminado o grande conflito com grande escassez de tonelagem a nível mundial, a Transatlântica podia dar sequencia a seus planos de expansão.

 

Surgiram assim no espaço de tempo de seis anos quatro novos transatlânticos de passageiros e dois navios de carga, respectivamente denominados Cesare Battisti (1922), Nazario Sauro (1924), Ammiraglio Bettolo (1924), Leonardo da Vinci (1925), Caffaro e Casaregis, ambos de 1925.

 

Norte e Sul - A distribuição operacional das unidades da Transatlântica ficou assim dividida: o Dante Alighieri e o Giuseppe Verdi permaneceram, junto com o novíssimo Leonado da Vinci, na linha norte-americana, enquanto que os outros rês foram destinados à linha sul-americana, para o Brasil e o Prata, esta última revelando-se ser altamente deficitária.

 

A forte inflação registrada na Itália, nos primeiros anos da década de 20, a valorização cambial da lira italiana e o alto preço da construção dos quatro navios do após-guerra provocaram forte corrosão nas finanças da armadora, o que resultou, em meados de 1925, numa série de manobras político-financeiras para salvar a empresa da falência.

 

Concorrência - Além dos fatores acima mencionados, foi a intensa concorrência de outras armadoras peninsulares no tráfego marítimo de passageiros no Atlântico (com a entrada em serviço do par Duílio e Giulio Cesare, da N.G.I.; do par Conte Rosso e Conte Verde, do Lloyd Sabaudo) a não permitir utilização rentável dos seis navios da Transatlântica.

 

Após várias manobras e tentativas junto ao Ministério das Comunicações para salvaguardar seus interesses, a Transatlântica Italiana, sempre em lento declínio, acabou por entrar em liquidação forçada em abril de 1932.

 


"Garibaldi - Este belo cartão-postal mostra o navio Garibaldi, sob a bandeira da companhia Transatlantica Italiana Società Anonima di Navigazione, com suas chaminés pintadas de vermelho e uma estrela branca ao centro. Mas o navio, de 5.181 toneladas e 116,24 metros de comprimento, foi construído pelo Lloyd Italiano nos estaleiros da Società Esercizio Bacini e lançado ao mar em 1906 com o nome de Virginia, na linha Gênova-Nova York. Tinha acomodações para 65 passageiros de primeira classe e 1.600 imigrantes. Em 1911 passou à frota da Ligure Brasiliana, com o mesmo nome, na linha Gênova-Buenos Aires, incluindo Santos. Ficou na mesma linha quando foi vendido para a Transatlantica, em 1914. Foi vendido mais duas vezes, em 1925 para a Citra e em 1932 para a Tirrenia. No dia 2 de agosto de 1944 foi bombardeado e afundado durante ataque aéreo em Gênova. Em 1946 foi reflutuado e demolido num estaleiro italiano".

Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso: 13/3/2006)

Texto: condensação de material publicado nas páginas referentes aos navios