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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Teutonia

1856-1894 - depois Regina, Piemontese, Città di Savona e Mentana

A Companhia de Transportes Marítimos a Vapor Hamburgo-Brasileira (Hamburg-Brasilianische Packetschiffahrt Gesellschaft) foi uma das empresas que, surgida no século XIX, não conseguiu sobreviver no transporte regular de passageiros ao Brasil.

Era costume da época as empresas que se lançavam no pioneirismo do transporte de imigrantes para o Novo Mundo obterem altos subsídios dos respectivos governos de seus países, através de contratos com os Correios em seus portos de origem.

A Hamburgo-Brasileira iniciou sua valiosa e indispensável concessão e seu primeiro navio, de uma frota que contou com três unidades, chamou-se Teutonia, e foi encomendado a estaleiros ingleses, é óbvio.

Por outro lado, não se deve confundir a Hamburg-Brasilianische Packetschiffahrt Gesellschaft, sobre a qual ora tratamos, com a Hamburg-Brasilianische Dampfschiffahrts Gessellschaft, a qual foi precursora da hoje mundialmente conhecida Hamburg-Sud, que surgiria 13 anos mais tarde, em 1869.

Lançado ao mar em Grenock (Inglaterra), o Teutonia media 86 metros de comprimento por 12 metros de boca (largura) e tinha 2.693 toneladas de arqueação bruta.

Um navio de proporções habituais para a sua época, o Teutonia teve seu casco construído de ferro, três mastros com velas, o que na época ainda era um detalhe compulsório na construção naval, uma chaminé (o Teutonia já tivera uma máquina a vapor prevista em seu projeto original), sua proa era tipo clipper e a popa, elíptica.

O maquinário a vapor desenvolvia 1.300 cavalos, o qual, acionado a um hélice e associado ao velame, davam-lhe uma velocidade de 10 nós (18,5 quilômetros horários).

Com uma tripulação composta de 80 homens, as acomodações para passageiros dispunham de alojamentos para 54 pessoas na primeira classe, 136 na segunda, além de 310 em salões-dormitórios, que se destinavam aos imigrantes de baixa renda.

Entregue aos armadores em 23 de novembro de 1856, saiu de Hamburgo (Alemanha) em viagem inaugural ao Brasil em 20 de dezembro de 1856, com escalas em Southampton (Inglaterra), Lisboa (Portugal), Recife, Salvador e Rio de Janeiro.


O Teutonia tinha características idênticas às do irmão-gêmeo Bavaria
Foto: reprodução, publicada com a matéria

Maior escala - Na sua época, o combustível era o carvão e a escala em Lisboa era alternada com São Vicente, no arquipélago português de Cabo Verde.

Era a escala mais movimentada e demorada da viagem, pois, além do embarque dos passageiros, procedia-se também o fornecimento de carvão suficiente para a travessia do Atlântico até a chegada ao Rio de Janeiro; os víveres indispensáveis e perecíveis para alimentação de todos a bordo eram também aí embarcados, sendo que a viagem redonda, de Hamburgo ao Rio e de volta a Hamburgo, demorava três meses, aproximadamente.

Dois outros vapores foram construídos no Estaleiro Caird & Company, de Grenock; contudo, o Teutonia fez somente cinco viagens ao Brasil. Sua última saída de Hamburgo foi em 20 de outubro de 1857 e pode ser registrada como um recorde.

Cinco dias mais tarde, largou de Southampton, tendo a bordo 196 passageiros, porém dinheiro e jóias no valor de 40 mil libras esterlinas, além de quase 1.000 toneladas de carga geral destinada ao Brasil, compunham o maior e mais valioso carregamento de que se teve notícia na linha da América do Sul na época.

Nos últimos anos da década de 1850, oito das nove então grandes empresas de navegação européias que circulavam no serviço da América do Sul tiveram que fechar suas portas, pois era virtualmente impossível manter um serviço viável com saídas regulares dos portos europeus sem o imprescindível subsídio que os contratos com os Correios facultavam.

Não obstante, acredita-se que, se a Hamburgo-Brasileira tivesse perseverado, conseguiria vencer os obstáculos e sobreviver aos sombrios e difíceis anos da metade do século XIX, quando a Revolução Industrial era apenas um embrião.

Mudanças - Em 21 de outubro de 1858, o Teutonia foi entregue à armadora alemã Hamburg-Amerika Linien e manteve seu nome, permanecendo desarmado em Hamburgo durante os nove meses seguintes, como navio reserva da frota dessa empresa.

Sua primeira viagem para Nova Iorque (Estados Unidos) ocorreu em 15 de julho de 1859, permanecendo nessa rota até 1877, quando foi vendido à empresa britânica Dominium Line, de Liverpool (Inglaterra), e colocado no serviço de transporte de passageiros dessa cidade inglesa a Nova Iorque.

Em 1884, após uma breve passagem pela armadora britância Baker, que o explorou por um só ano, foi adquirido pela armadora italiana F. Graggino, de Gênova, que o rebatizou com o nome Regina.

Já velho e com os incrementos da engenharia naval de então, seguiu-se um período de vendas e compras entre as armadoras italianas da época, tendo recebido os nomes de Piemontese em 1889, Città di Savona em 1890 e, finalmente, Mentana em 1891, nome com o qual entrou para a História, ao ser demolido na Itália, no ano de 1894.

Teutonia:

Outros nomes: Regina, Piemontese, Città di Savona, Mentana
Bandeira: inglesa
Armador: Hamburg-Brasilianische Packetschiffahrt Gesellschaft
País construtor: Inglaterra
Estaleiro construtor: Caird & Company (porto: Grenock)
Ano da viagem inaugural: 1856
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 2.693
Comprimento: 86 m
Boca (largura): 12 m
Velocidade média: 10 nós
Motor: 1.300 HP
Passageiros: 500
Classes: 1ª - 54
                2ª - 136
                + 310 em salões-dormitórios, para imigrantes

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 26 de março de 1992