A embarcação começou a navegar em 1947 e operou até 1969, em todas as linhas da estatal Por decreto assinado pela Presidência
da República em 19 de fevereiro de 1890, nascia oficialmente a armadora Lloyd Brasileiro, formada pelo amálgama de quatro outras empresas de navegação: a COmpanhia Braziliana de Navegação a Vapor, a Companhia Nacional de
Navegação a Vapor, a Companhia Progresso Marítimo e a Companhia de Navegação da Estrada de Ferro Espírito Santo-Caravelas.
No ano seguinte, foram incorporados à nova empresa os vapores pertencentes a outras três pequenas armadoras: a Companhia Bahiana de Navegação, a Companhia paraense de Navegação e a Companhia Brasileira de Estradas
de Ferro e Navegação.
Uma das cláusulas do estatuto de formação do Lloyd Brasileiro obrigava a empresa a colocar à disposição do Governo os seus navios para uso naval, como auxiliares ou como transporte de material e tropas. No total,
eram 27 vapores.
Lloyd America tinha 137 metros de comprimento por 18 de boca (largura), navegava à velocidade máxima de 17 nós (31,5 quilômetros horários), e
escalou nos principais portos da América
Imagem: reprodução, publicada com a matéria
Desafios - A nova armadora encontrou, porém, sérias dificuldades operacionais e financeiras e já em 1893 encontrava-se praticamente falida, o que obrigou o Governo da República a intervir e passar ao
controle estatal a frota de então cerca de 40 navios. Este período de intervenção durou aproximadamente seis meses.
Por volta de 1897, o número de embarcações já havia sido reduzido a 31 unidades, a maior das quais era o Maranhão, de .916 toneladas de arqueação bruta (tab), que originalmente integrava a frota da
Braziliana. A sede da empresa ficava na Rua da Saúde, 14, no Rio de Janeiro.
Dois anos mais tarde, nova crise existencial e declaração de falência oficial, seguida, em 1901, pela aquisição dos ativos pelo então maior credor da massa falida, o Banco da República do Brasil, e posterior venda,
por parte deste, ao empreendedor Manoel Buarque.
Com grandes altos e baixos, o Lloyd Brasileiro manteve-se ativo até os dias do presente, quando, após 106 anos de existência, veio a ser decretada a sua liquidação oficial, fechando-se, assim, o último capítulo da
história da maior e mais importante armadora brasileira na época da navegação marítima.
|
Em 1945, o Lloyd resolveu ordenar
a construção de 20 navios em 2 estaleiros
|
|
Pós-guerra - Ao findar-se a Segunda Guerra Mundial, o Lloyd Brasileiro encontrou-se com uma frota composta de antigas unidades do período pré-bélico e de várias unidades apreendidas pelo Governo Brasileiro
em agosto de 1942, quase todas também de construção antiga.
Começou então o período mais glorioso da armadora, com a renovação da frota financiada generosamente pela abertura dos cofres públicos federais e a colaboração técnica e financeira do governo dos Estados Unidos.
No início desse período, o Lloyd Brasileiro adquiriu uma série de quatro navios de pequena capacidade, construídos em Montreal (Canadá) pela Canadian Vickers, e outra série de 12 cargueiros, construídos sob as
ordens da U.S. Maritime Comission, do tipo C-1-M-AV1.
Insuficiência - Tal reforço não era, porém, suficiente para as grandes ambições de crescimento do movimento marítimo brasileiro e internacional da época e novas unidades de carga, maiores e mais velozes,
eram necessárias para responder ao tráfego interoceânico.
Foi assim que, no decorrer de 1945, a direção geral do Lloyd Brasileiro decidiu ordenar 20 navios, a serem construídos em dois estaleiros diferentes.
O Canadian Vickers recebeu ordem para seis unidades e o Estaleiro Ingalls, de Pascagoula (Estados Unidos), para outras 14 unidades.
Esta série de navios, praticamente similares, ficou conhecida com o nome de série Nações das Américas, pois a todos seriam dados nomes homenageando os países do continente americano.
|
A renovação condenou o uso dos antigos navios
|
|
Características - Estes navios tinham características de desenho e técnicas semelhantes, cujos pontos principais aqui resumimos:
Inteiramente em aço com proa (frente) convexa e popa (ré) do tipo cruzador.
Máquina de propulsão a turbina vapor e engrenagem de dupla resolução, tipo Cross Compound, construídas pela General Electric.
Potência de máquina igual a 6.600 cavalos-vapor ou 92 rotações por minuto (rpm), alimentada por duas caldeiras aquatubulares de 440
libras.
Hélice de quatro pás, com leme compensado.
Equipados para navegação com radiogoniômetro, telêmetro e medidor de profundidade.
Seis porões com capacidade total para 12,4 milhões de metros cúbicos de carga, das quais 400 mil em espaço frigorificado, servidos por
oito guinchos elétricos Westinghouse.
Duas baleeiras de alumínio a motor, com capacidade para 43 pessoas em cada uma e dois botes de salvamento de madeira e velas para 18
pessoas cada um.
Calado máximo de 25 pés (7,62 metros) e mínimo de nove pés (2,74 meros).
Pioneiro - O Lloyd América foi o primeiro da série a ser lançado ao mar e entregue à armadora após os testes de mar.
Zarpou do Rio Mississipi em julho de 1947, chegando em princípios de agosto ao Rio de Janeiro, onde foi recebido em meio a diversas celebrações.
O então diretor geral do Lloyd Brasileiro, comandante Augusto do Amaral Peixoto, subiu a bordo do novo cargueiro assim que este transpôs a barra do porto.
Uma vez fundeado na Baía de Guanabara, o cargueiro foi aberto para a visita de inúmeras personalidades do cenário marítimo carioca, todos a convite da armadora.
Recebia os convidados o capitão-de-longo-curso Renato Socci o seu imediato, Raimundo Pantoja, enquanto outros oficiais percorriam o navio com os visitantes curiosos em ver todas as dependências e instalações.
Em todo lugar - O Lloyd América prestou serviço por bem 22 anos, percorrendo centenas de milhares de milhas de navegação em todas as linhas servidas pela armadora estatal e praticamente não houve
porto principal das Américas (na costa Leste) e da Europa que não tivesse tocado, nas suas viagens.
De 1948 a 1969, não passava dia em que nos portos do Rio de Janeiro e Santos não entrasse pelo menos um dos 20 cargueiros que compuseram a série Américas. As suas silhuetas eram absolutamente únicas e
inconfundíveis.
Em 1967, o Lloyd Brasileiro passou a adquirir nova tonelagem, navios mais modernos, quase todos construídos em estaleiros brasileiros e, a partir de 1970, foram integrados à frota em expansão os primeiros
pré-cargueiros da nova série de famosos produtos do período de ouro da construção naval do Brasil, providos sobretudo de dois estaleiros; o Ishikawajima do Brasil e o Verolme Estaleiros Reunidos.
Esta renovação da frota condenou inevitavelmente o fim dos já famosos navios da série Nações das Américas e, assim, em blocos, estes foram vendidos para demolição a empresas especializadas na Espanha e na Itália.
A frota do Lloyd |
Navios que compunham a série Nações das Américas
construídos pelo Estaleiro Canadian Vickers (Canadá) |
1. |
Lloyd Argentina |
2. |
Lloyd Bolívia |
3. |
Lloyd Canadá |
4. |
Lloyd Chile |
5. |
Lloyd Paraguai |
6. |
Lloyd Uruguay |
Construídos pela Ingalls Shipbuilding (Pascagoula, Estados Unidos) |
1. |
Lloyd America |
2. |
Lloyd Brasil |
3. |
Lloyd Colômbia |
4. |
Lloyd Cuba |
5. |
Lloyd Equador |
6. |
Lloyd Guatemala |
7. |
Lloyd Haiti |
8. |
Lloyd Honduras |
9. |
Lloyd México |
10. |
Lloyd Nicarágua |
11. |
Lloyd Panamá |
12. |
Lloyd Peru |
13. |
Lloyd São Domingos |
14. |
Lloyd Venezuela |
|