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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o La Bretagne

1886-1919 - depois Alesia

O La Bretagne foi o oitavo navio da recém-constituída Compagnie de Navigation Sud Atlantique (CNSA) a zarpar entre setembro de 1912 e novembro do mesmo ano, com destino aos portos ao longo da Rota de Ouro e Prata. Ele havia sido adquirido pela CNSA poucos meses antes - era até então propriedade da Compagnie Generale Transatlantique (CGT) - e largou amarras de Bordeaux no dia 16 de novembro de 1912 para o Brasil e a Argentina, em sua primeira viagem nessa linha, onde permaneceria servindo apenas por dois anos.

Quando o La Bretagne cessou de servir a Rota de Ouro e Prata, a Sud Atlantique já havia construído uma boa reputação na linha sul-americana, graças à entrada, em 1913, do par Lutetia e Gallia.

As poucas viagens do Lutetia e do Gallia, realizadas antes do início da guerra, atraíram uma clientela sul-americana composta sobretudo de homens de negócios, argentinos e brasileiros, que procuravam o luxo e o refino tipicamente franceses, assim como a alta qualidade da cozinha daquele país.


O La Bretagne possuía linhas alongadas e elegantes

Gêmeos - O La Bretagne foi encomendado em 1884 aos estaleiros de Penhoet, no porto de Saint Nazaire (França), junto com outro navio gêmeo, o qual receberia o nome de La Champagne. O La Champagne foi o primeiro a ser lançado ao mar, em maio de 1885, sendo seguido em setembro daquele ano pelo La Bretagne. No dia 11 de agosto, havia sido feita uma tentativa de lançá-lo ao mar, porém, tal como acontecera ao La Champagne, o La Bretagne parou na rampa depois de percorrer 40 metros desta.

A razão por trás desses dois lançamentos infrutíferos era a existência de uns rochedos submersos não muito longe do ponto de lançamento e no mesmo eixo da rampa, o que obrigava os engenheiros do estaleiro a tomar precauções, diminuindo a inclinação da rampa. Tal diminuição impedia, porém, que a massa da quilha deslizasse com velocidade suficiente para alcançar a água.

Uma vez lançado e completado, o La Bretagne saiu de Le Havre para Nova Iorque em 16 de outubro de 1886, realizando sua viagem inaugural e sendo precedido, de poucas semanas, por dois outros transatlânticos recém-construídos pela CGT e que eram gêmeos entre si: o La Bourgogne e o La Gascogne.

Este par saído dos estaleiros Forges de la Mediterranée e o par La Bretagne e La Champagne eram quatro navios de construção muito semelhante e que representavam o que de melhor a indústria naval francesa podia oferecer. O La Bretagne, assim como os seus outros três navios gêmeos, possuía maquinário de propulsão construído sob licença da Barrow Shipbuilding Company, consistindo de uma máquina de tríplice expansão com oito caldeiras.

Correio - A CGT não havia medido despesas para aparelhar os "magníficos quatro" com todo luxo, conforto e novidades técnicas para a época. A intenção da CGT era a de ser a companhia líder francesa na rota do Atlântico Norte - rota onde, em 1885, havia sido renovado por mais de 15 anos o contrato dos correios franceses para o transporte de correspondência entre o hexágono gaulês e Nova Iorque.

Por essa razão, os quatro novos transatlânticos haviam sido desenhados para altas velocidades, superiores a 18 nós, que permitiam a travessia Le Havre-Nova Iorque, ou vice-versa, em aproximadamente oito dias.

O La Bourgogne, que dos quatro era considerado o mais veloz, chegou a realizar uma viagem entre Le Havre-Nova Iorque em sete dias e 12 horas, com velocidade média muito próxima ao recorde da chamada Fita Azul. O La Bretagne, por sua vez, alcançou em 1888 uma velocidade máxima de 19,5 nós (36 km/h).

Acidentes - Tal como seu irmão gêmeo, o La Bretagne teve uma carreira acidentada. Em maio de 1888, entrou em colisão no Canal da Mancha com o navio a vela norueguês Tellus, mandando este último a pique.

Onze anos mais tarde, em maio de 1899, na entrada do porto de Nova Iorque, o La Bretagne colidiu com o transatlântico alemão Barbarossa, sofrendo danos ligeiros - ficando, porém, durante algumas horas à deriva Rio Hudson abaixo, até que dois rebocadores conseguiram passar cabo e atracá-lo.

Em 1895, os "quatro magníficos" foram sucessivamente reformados, perdendo dois de seus quatro mastros originais, reduzindo-se o espaço destinado aos emigrantes e com suas máquinas e caldeiras substituídas por novas.

Com exceção do La Bourgogne - perdido em 1898 após colidir com um cargueiro britânico ao largo do Cabo Sable -, o grupo permaneceu fielmente a serviço da CGT até 1912, ano em que foi cedido o La Champagne (afretado temporariamente) para a Sud Atlantique.


O La Bretagne, em cartão postal francês de 1910, no porto de Le Havre

Navio-hospital - O La Bretagne realizou no total uma dúzia de viagens redondas na linha sul-americana, entre novembro de 1912 e julho de 1914, antes de ser requisitado pelas autoridades navais francesas e transformado rapidamente em navio-hospital.

Participou então, nessa condição, da evacuação de feridos de várias frentes de guerra, sobretudo no Mediterrâneo, e permaneceu nessa função até o término da guerra, em novembro de 1918.

Retornando à propriedade da Sud Atlantique, o La Bretagne permaneceu inativo por alguns meses, sendo em seguida rebatizado Alesia e posto no estaleiro construtor para ser reformado.

Tal reforma nunca seria completada, pois, no entretempo, a Sud Atlantique havia decidido desfazer-se de seus velhos navios, e assim o Alesia, ex-La Bretagne, foi vendido a uma empresa de demolição holandesa.

No caminho para o maçarico e sendo rebocado, o Alesia foi à deriva, encalhando perto da costa dos Países Baixos, sendo em seguida abandonado como perda total.

La Bretagne:

Outros nomes: Alesia
Bandeira: francesa
Armador: Compagnie de Navigation Sud Atlantique
País construtor: França
Estaleiro construtor: Penhoet (porto: Saint Nazaire)
Ano da viagem inaugural: 1886
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 7.315
Comprimento: 155 m
Boca (largura): 16 m
Chaminés: 2
Mastros: 4 (originais)
Velocidade média: 18 nós
Máquina: 1, a tríplice expansão, potência de 9.000 HP
Passageiros: 996
Classes: 1ª - 225
                2ª -   68
                3ª - 603

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 26/11/1992