Construção
PORTO - As
obras do complexo Termag/TGG
Novas instalações
ampliam a capacidade de importação e exportação
de granéis sólidos
Investimento
de R$ 440 milhões, a construção do complexo portuário
do Terminal Marítimo de Guarujá (Termag) e do Terminal Graneleiro
de Guarujá (TGG), na margem esquerda do Estuário do Porto
de Santos, no Município de Guarujá, compreende a reforma
e a ampliação do antigo Terminal de Fertilizantes (Tefer),
construído na década de 50 com dois berços de atracação
e seis armazéns.
Entre as obras
em execução, destaque para a construção de
dois novos armazéns graneleiros, novas vias de acesso rodoviário
e ferroviário, uma pêra ferroviária dotada de duas
moegas ferroviárias e pátio de manobras, duas moegas rodoviárias,
novas redes de água e esgoto, eletricidade, iluminação,
circuito de lógica. E novas facilidades, tais como castelo d'água,
portarias de entrada e controle, áreas de estacionamento, quatro
subestações, atracadouro para lanchas, entre outras edificações.
Complexo agilizará as operações de importação e exportação de granéis sólidos Foto: Henry Cesar Daltoé
As obras são
executadas pela Constran S.A., por meio de parcerias com empresas especializadas
do setor, como a Contracta, e, além da complexidade inerente ao
projeto, o maior desafio é conciliá-las com as operações
portuárias. O saldo tem sido altamente positivo, pois desde o primeiro
dia de instalação do canteiro de obras, em julho de 2005,
em nenhum momento foi necessária a paralisação das
atividades de operação do terminal de fertilizantes e enxofre.
O terreno de
470 mil m², onde funcionou o antigo Tefer, foi dividido ao meio para
abrigar as necessidades do Termag e do TGG. A logística da obra
definiu primeiro intervir na área do Termag, continuando a operação
de fertilizantes nas instalações que permaneciam, tanto na
área do próprio Termag como na área do futuro TGG.
Todo o fornecimento de pedra, brita, areia utilizado na obra, totalizando
cerca de 150.000 m³, foi feita pela Rubão e Pedreira Santa
Tereza.
Ações integradas possibilitam a realização das obras sem prejudicar as operações portuárias Foto: Henry
Cesar Daltoé
Termag
– Na área do Termag foi construído um novo pátio de
enxofre com capacidade de 80.000 t, em lugar do antigo de 40.000 t em fase
de desativação. Conforme exigências, o novo pátio
de enxofre recebeu proteção anticorrosiva nas estruturas,
pilares e vigamentos, além de pintura epóxi, executados pela
GHS.
Também
foi ampliado o Armazém 6 para o dobro da capacidade de estocagem
antiga e que, juntamente com outros dois (um deles já em obra),
atingirão conjuntamente a capacidade de estoque de 240.000 t. O
píer foi ampliado para 220 metros de comprimento e 24 metros de
largura, permitindo a atracação de navios de até 75.000
toneladas deadweight.
Esta obra,
que combina construção e reforma, teve uma peculiaridade:
o sucateamento de três guindastes portuários Takraf de 40
m de altura e 240 t de peso. Esta operação, em duas etapas
para cada guindaste, foi realizada pela Dopler Engenharia com auxílio
de quatro macacos hidráulicos de 113,5 t e uma cábrea (guindaste
sobre flutuante) de capacidade de 250 t. O espaço reduzido, a convivência
com os guindastes e realização destas operações
durante a fase de obra foram alguns dos desafios encontrados pela Constran
durante a execução.
Está
concluída e em fase de testes operacionais uma moderna estação
de tratamento de efluentes, com capacidade para descarga de 300 l/s, cuja
estrutura de concreto armado foi revestida com argamassa epóxica.
Também estão prontas duas subestações, casa
de compressores, portarias de entrada e controle.
Projeto de fundações adotou o sistema de estacas profundas pré-moldadas de concreto Foto: Sandra Netto
Estão
em andamento as seguintes obras: novas vias de acesso interligando o terminal
à Avenida Santos Dumont e à Rodovia Piaçaguera; instalações
de água, esgoto, drenagem, elétrica, lógica, atracadouro
para lanchas, escritório, casa de compressores, tanque e elevatória
para fertilizantes, duas tulhas geminadas dotadas de car puller,
para carregamento ferroviário, e uma pêra ferroviária
com cinco vias, operacionalmente a ser compartilhada com o TGG, para acesso/saída,
manobra e pátio transitório de composições
ferroviárias.
As montagens
mecânicas das correias transportadoras foram divididas em circuito
de expedição/execução e circuito de recepção.
Serão implantadas quatro torres pescantes: a primeira e maior delas, com 45 metros de altura acima do nível do mar Foto: Sandra Netto
TGG
– Com a conclusão das obras principais do Termag, já que
outras ampliações e serviços complementares continuam
se desenvolvendo no local, tiveram impulso as obras do TGG, visando a construção
de dois novos armazéns graneleiros, duas moegas ferroviárias
e duas moegas rodoviárias, ambas geminadas, para a recepção
de soja em grão e em farelo.
Para a implantação
do TGG, o píer está sendo requalificado com reforço
das fundações existentes e com ampliação de
novas áreas. Sobre a plataforma central do píer serão
erguidas quatro torres pescantes que atingirão a altura de 45 m
acima do nível do mar, sendo cada uma dotada de descarregador com
capacidade nominal de 1.500 t/h. Isto significa que na operação
simultânea com os dois armazéns e os quatro descarregadores
a capacidade chegará a 6.000 t/h. Ao mesmo tempo, no local onde
existiam os armazéns 1, 3 e 5, estão sendo construídos
dois grandes armazéns graneleiros com capacidade de 120.000 t cada.
Na mesma retroárea estão sendo construídas duas moegas
ferroviárias e duas rodoviárias, ambas geminadas.
Considerando
as características do solo - com camadas espessas de argila marinha
e argila orgânica -, o projeto de fundações do píer
propôs o estaqueamento profundo, com a cravação de
72 estacas a uma profundidade de 40 a 45 metros. A opção
foi por estacas fabricadas pela Scac, de concreto centrifugado, com diâmetro
que varia de 43 a 29 cm e reforço de armação, dotadas
de anel de emenda e cabeça de reforço, para possibilitar
a cravação por meio de martelos, tanto hidráulicos
como movidos a diesel.
Após
a estaca cravada, ela é arrasada, e, servindo de apoio, é
erigida a superestrutura da plataforma, com a montagem de pré-moldados
e concreto in loco. Durante a cravação, foram usadas
estruturas metálicas auxiliares, denominadas gabaritos de cravação,
que têm a responsabilidade de assegurar a linearidade e locação
da estaca a ser cravada. Muitas vezes, elas servem como plataforma auxiliar
para o arrasamento das estacas. Posteriormente, são montadas braçadeiras
e uma plataforma que serve de fôrma de fundo. As laterais são
fechadas com painéis fôrmas devidamente contraventadas, e
em seguida é executada a concretagem, com concreto fornecido pela
Engemix. Nessas bases está sendo utilizado concreto especial, com
resistência característica à compressão de 40
MPa, com adição de microsílica.
No atracadouro
do píer do TGG, como o projeto estabeleceu um avanço da linha
de atracação, houve necessidade de serem construídos
novos escudos para defensas portuárias. Também foram instalados
novos cabeços fornecidos pela BC, fabricados em aço carbono,
e que receberam pintura à base epóxi.
Como as obras
se desenvolvem em ambiente agressivo, a norma determina a utilização
de um concreto com alta taxa de cimento, em torno de 450 quilos por metro
cúbico.
No píer
do TGG, a obra é dinâmica, e assim que a base vai sendo liberada
tem início a montagem de equipamentos e componentes das correias
transportadoras. Já na retroárea o sistema de correias transportadoras
está sendo montado, tanto o circuito de recepção como
o de expedição.
Armazéns com capacidade para 120.000 t... Foto: Sandra Netto
Armazéns
– Em função das características do solo e prevendo
armazéns com capacidade para 120.000 t, o projeto definiu a construção
de uma grande laje de concreto armado estaqueada, com espessura de 25 cm.
Em cada armazém foi consumido um total de 40.000 m de estaca. O
objetivo foi construir uma laje que garantisse deformabilidade mínima,
para reduzir ao máximo a manutenção e a conservação.
O piso é
em concreto nivelado, sem juntas, para que a operação com
a pá-carregadeira seja feita sem grande abrasão à
superfície.
As paredes
pré-moldadas em concreto armado foram confeccionadas pela Zortea.
Elas são pré-montadas e os espaços entre elas são
concretados, consolidando e dando continuidade à parede. O telhado
é em estrutura metálica, fabricado pela Zortea Estrutural,
que possui também a tecnologia construtiva.
...paredes pré-moldadas em concreto armado, com telhado em estrutura metálica Foto: Sandra
Netto
Moegas
– O TGG é dotado de duas moegas, ou seja, cavas com profundidade
de até 9 metros, cuja infra-estrutura é executada pela Nova
Tecna Consolidações e Construções com o sistema
jet
grouting, de diâmetro de 1,20 m. O sistema jet grouting
compreende a introdução de uma haste no terreno com a injeção
de uma nata de cimento a alta pressão: 270 Kgf/cm². Essa haste
vai girando e quebrando a estrutura do solo, misturando-o com a nata de
cimento e formando uma coluna de solo-cimento, que se forma até
a superfície.
Essas paredes
com colunas jet grouting dão condição de estabilidade
durante a escavação e depois elas se incorporam à
obra para a condição de estabilidade final desejada. Essa
solução agiliza a execução da obra e gera uma
estrutura bastante eficaz quanto ao controle do fluxo de água para
dentro das cavas, pois impermeabiliza de forma significativa o terreno
natural.
Em alguns pontos
das moegas - uma ferroviária e outra rodoviária - estão
sendo colocados tirantes metálicos para combater a subpressão.
Nesses locais, as colunas são mais profundas e o tirante é
aplicado a posteriori. Depois da coluna pronta, ela recebe um furo,
onde o tirante é introduzido e injetada a nata de cimento, sem alta
pressão, somente para preencher o vazio do furo feito no núcleo
da coluna. O objetivo é solidarizar o tirante na coluna. Depois,
esse tirante é amarrado à estrutura da ferragem, da estrutura
de concreto armado que vai ser colocado no interior na cava.
Outro detalhe
é que, uma vez que as colunas jet grouting atinjam a resistência
adequada, se dá inicio a escavação da moega, sem necessidade
de escoramento da cava, uma vez que as colunas fazem este papel. Em seguida,
após a escavação, as faces laterais das colunas são
regularizadas e aplica-se um revestimento com argamassa de cimento e areia.
Sobre essa
argamassa vai uma manta impermeabilizante asfáltica, de 4 mm de
espessura, de forma a garantir um ambiente livre de infiltrações.
Após esta fase, as paredes laterais e central são armadas,
com aço CA50A, e em seguida são concretadas contra a parede
formada pelas colunas jet grouting, já impermeabilizadas.
A moega ferroviária
possui 52 metros úteis de comprimento, embora represente uma cava
de 60 metros, e comporta a descarga simultânea de três vagões
ferroviários graneleiros, padrão da Ferronorte, com 18 metros
de comprimento, ou quatro vagões antigos. Entre as moegas foi construído
um túnel de ligação, que se prolonga até chegar
a superfície, com 132 metros de extensão.
Toda essa estrutura
está sendo construída com a mesma sistemática, por
meio de colunas jet grouting. Já a moega rodoviária
comporta três tombadores de caminhão, representando uma cava
com 18 metros de extensão. Essa moega está colocada exatamente
em cima do túnel. Nesse local, as paredes do túnel vêm
até a superfície e formam uma cava.
Outro destaque
do complexo portuário é a pêra ferroviária.
Segundo a Constran, ela já está 90% concluída, faltando
apenas remanejar o acesso atual e fazer uma entrada exclusiva para o TGG
e uma para a área remanescente da Codesp. A entrada para o Termag
está pronta, só faltando uma alça de acesso.
Construção das moegas: moderna tecnologia garante a segurança da obra e supera a baixa qualidade do solo Foto: Sandra Netto
Flexibilidade do sistema
O TGG possui
duas moegas, uma ferroviária e outra rodoviária, interligadas
por um túnel, dotadas de um complexo sistema de correias, que inicialmente
conduz a carga para armazenagem num dos dois armazéns em construção
(ou para mais dois futuros armazéns).
Quando o produto
chega no armazém ele tem duas alternativas: ou é jogado numa
correia que passa na cobertura e forma uma pilha dentro do armazém,
ou é jogado diretamente para o nível de terra, para uma galeria
enterrada sob o armazém, onde passam as correias extratoras para
expedição, fazendo um circuito com destinação
direta ao navio, sem acumulação no armazém. Seja num
ou noutro armazém, há a flexibilidade de o produto ser jogado
direto para a correia de expedição.
O sistema de
correias não utiliza elevadores, que são pontos críticos
de manutenção e de contaminação do produto,
e também reduz de riscos operacionais. A solução traz
segurança, maior eficiência e menor custo operacional, embora
represente investimento mais alto.
Perspectiva artística mostra o projeto global do complexo portuário Foto: Arquivo
Constran
Logística
vence desafiosO conjunto de obras realizado pela Constran abarca diferentes especialidades na Engenharia,
desde a terraplenagem, construção de acessos viários,
internos e externos à área do terminal, execução
de via de acesso ferroviário, uma pêra ferroviária,
para descarga de produtos e manobra de composições.
E ainda: ampliações
do porto e renovação das estruturas portuárias. Áreas
industriais, armazéns graneleiros, bases para torres e edificações
em gerais, subestações, escritórios, estação
de tratamento de efluentes, reservatórios de água, parte
do sistema de drenagem, distribuição de água, combate
a incêndio.
Os projetos
estão sendo executados simultaneamente, sem a interrupção
das operações portuárias, de carga e transporte de
produtos, e ainda com a convivência com outras empresas que executam
os pacotes de montagem e instalação elétrica dos sistemas
de recepção e expedição dos produtos. O que
é considerado um desafio para a empresa, que conta com um corpo
técnico de 13 engenheiros.
Pêra ferroviária: investimento integra os modais de transporte Foto: Henry Cesar Daltoé
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