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Edição 146 - Nov/2005
Editorial

Eu não sou o presidente...
 


Luiz Carlos Ferraz

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva até que ia bem ao safar-se de dar entrevistas à Imprensa, enquanto o País se afunda no lamaçal da corrupção, temperado nas últimas semanas com a doação dos dólares cubanos e o envolvimento do ministro Antonio Palocci com os bingueiros do Estado de São Paulo, o que torna iminente a sua queda.

Mas foi por pouco tempo, pois, à guisa de participar do programa Roda Viva nº 1.000, da TV Cultura, no dia 7 de novembro, deu uma desastrada coletiva, quando deixou evidente que está impossível enganar o povo brasileiro com argumentos vazios, na vã tentativa de negar a existência de um esquema de corrupção que, desde a sua candidatura até muito recentemente, assaltava os cofres de empresários igualmente corruptos, assim como também de estatais dirigidas por corruptos, como comprovado no Banco do Brasil, para pagamento a políticos corruptos.

Repetia, candidamente, que até agora nada foi apurado e que a maior demonstração de estabilidade política é o funcionamento simultâneo de três CPIs – que, aliás, por todos os meios, o Governo tentou brecar sem sucesso –, uma delas, a dos Correios, já prorrogada até abril de 2006, o que significa que a crise fugiu do controle.

E se alguém ainda tinha dúvidas sobre a sua responsabilidade, o próprio presidente assumiu a culpa na famosa entrevista, ainda que na forma de mais uma bravata e falando como se tratasse de uma terceira pessoa: "Pelo bem ou pelo mal, não tem como o presidente da República dizer que não tem responsabilidade. Sabendo ou não sabendo, o presidente da República tem responsabilidade e tem que mandar apurar". Aliás, eu não estou nem aqui...