Editorial
Eu não
sou o presidente...
Luiz Carlos Ferraz
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva até que ia bem ao safar-se de dar
entrevistas à Imprensa, enquanto o País se afunda no lamaçal
da corrupção, temperado nas últimas semanas com a
doação dos dólares cubanos e o envolvimento do ministro
Antonio Palocci com os bingueiros do Estado de São Paulo, o que
torna iminente a sua queda.
Mas foi por pouco tempo, pois, à
guisa de participar do programa Roda Viva nº 1.000, da TV Cultura,
no dia 7 de novembro, deu uma desastrada coletiva, quando deixou evidente
que está impossível enganar o povo brasileiro com argumentos
vazios, na vã tentativa de negar a existência de um esquema
de corrupção que, desde a sua candidatura até muito
recentemente, assaltava os cofres de empresários igualmente corruptos,
assim como também de estatais dirigidas por corruptos, como comprovado
no Banco do Brasil, para pagamento a políticos corruptos.
Repetia, candidamente, que até
agora nada foi apurado e que a maior demonstração de estabilidade
política é o funcionamento simultâneo de três
CPIs – que, aliás, por todos os meios, o Governo tentou brecar sem
sucesso –, uma delas, a dos Correios, já prorrogada até abril
de 2006, o que significa que a crise fugiu do controle.
E se alguém ainda tinha dúvidas
sobre a sua responsabilidade, o próprio presidente assumiu a culpa
na famosa entrevista, ainda que na forma de mais uma bravata e falando
como se tratasse de uma terceira pessoa: "Pelo bem ou pelo mal, não
tem como o presidente da República dizer que não tem responsabilidade.
Sabendo ou não sabendo, o presidente da República tem responsabilidade
e tem que mandar apurar". Aliás, eu não estou nem aqui... |