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Edição 143 - Ago/2005
EDITORIAL

O Poder acuado

Luiz Carlos Ferraz

A multiplicação de indícios revelados nas últimas semanas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento de fatos escabrosos, nitidamente imorais, ilegais e corruptos, que aconteciam sob a sua barba - entre os quais, a sociedade privilegiada do filho Lulinha; o envolvimento de ministros e assessores diretos na malversação dos cofres públicos; a relação promíscua entre dirigentes do Partido dos Trabalhadores e lobistas para engordar o caixa 2 de campanhas do PT e de partidos coligados, cujos recursos por vezes foi desviado para proveito próprio; assim como doações eleitorais feitas por empresas de forma irregular, o que, aliás, assumiu numa entrevista em Paris -, é suficiente para pôr a pique a presunção de inocência a princípio admitida a seu favor. 

Tudo leva a crer que Lula não tinha como não saber que algo de podre estava acontecendo a sua volta, especialmente em face de tantos indicadores de mudanças no padrão de vida de antigos companheiros e familiares. 

Ainda que a economia do País permaneça estável e Lula corte fiapos de carne, demitindo companheiros e apaniguados, aqui e acolá, a sugestão é que o presidente se afaste espontaneamente do cargo, para que, ao mesmo tempo em que as investigações sejam ampliadas, alcançando também o período Fernando Henrique Cardoso, responda ao processo de impeachment, no plano político, e ao devido processo judicial para deixar clara a sua responsabilidade no esquema de corrupção agora desvelado, mas que há tempos sangra o erário.