EDITORIAL
O Poder acuado
Luiz Carlos Ferraz
A multiplicação
de indícios revelados nas últimas semanas de que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento de fatos escabrosos,
nitidamente imorais, ilegais e corruptos, que aconteciam sob a sua barba
- entre os quais, a sociedade privilegiada do filho Lulinha; o envolvimento
de ministros e assessores diretos na malversação dos cofres
públicos; a relação promíscua entre dirigentes
do Partido dos Trabalhadores e lobistas para engordar o caixa 2 de campanhas
do PT e de partidos coligados, cujos recursos por vezes foi desviado para
proveito próprio; assim como doações eleitorais feitas
por empresas de forma irregular, o que, aliás, assumiu numa entrevista
em Paris -, é suficiente para pôr a pique a presunção
de inocência a princípio admitida a seu favor.
Tudo leva a crer que Lula não
tinha como não saber que algo de podre estava acontecendo a sua
volta, especialmente em face de tantos indicadores de mudanças no
padrão de vida de antigos companheiros e familiares.
Ainda que a economia do País
permaneça estável e Lula corte fiapos de carne, demitindo
companheiros e apaniguados, aqui e acolá, a sugestão é
que o presidente se afaste espontaneamente do cargo, para que, ao mesmo
tempo em que as investigações sejam ampliadas, alcançando
também o período Fernando Henrique Cardoso, responda ao processo
de impeachment, no plano político, e ao devido processo judicial
para deixar clara a sua responsabilidade no esquema de corrupção
agora desvelado, mas que há tempos sangra o erário. |