EDITORIAL
Confiar na
promessa
Luiz Carlos Ferraz
Passada
a náusea inicial, há de prevalecer o princípio constitucional
da presunção de inocência para o atual Governo. Mesmo
porque, o País charfurdado na lama da corrupção não
é imagem inédita. Pelo contrário, sempre perturbaram
o inconsciente coletivo da Nação o arquétipo da impunidade
e a máxima de que o crime compensa.
Dessa vez, contudo, há esperança
de que será diferente; e não há motivo, por ora, para
não acreditar nas palavras do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, alardeadas em cadeia nacional, e reiteradas com um pacote de
medidas anticorrupção. Roberto Jefferson é corrupto
confesso e no passado liderou a tropa de choque do impinchado Fernando
Collor de Mello. O funcionário dos Correios Maurício Marinho,
flagrado embolsando 3.000 reais, há tempos arrecadava dinheiro de
incautos.
O secretário-geral e o tesoureiro
do PT, Silvio Pereira e Delúbio Soares, foram afastados do partido.
E o publicitário Marcos Valério de Souza, sob o risco iminente
de ser preso, é velho conhecido nos círculos palacianos e
de políticos de todos os partidos.
A diferença agora, se espera,
é que as denúncias sejam investigadas com seriedade, não
apenas no palco das CPIs, e os corruptos sejam punidos, ainda que se corte
na carne, como prometeu Lula. |