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Edição 139 - Mar/2005
Editorial 

Basta de generosidade

Luiz Carlos Ferraz

Na esteira das transformações sociais, vira e mexe surgem cacoetes lingüísticos com a pretensão de conceituar, rotular, marcar comportamentos, políticas, seja lá o que for, gerando paradigmas quando projetados pelos meios de comunicação de massa. 

Foi assim, mais recentemente, com o fenômeno da globalização, do desenvolvimento sustentável, da responsabilidade ou balanço social, entre tantos, ou mesmo expressões, do tipo "politicamente correto" ou "a nível de"... 

A bola da vez, salvo melhor análise - e, claro, sujeita a mudanças de última hora -, é o vocábulo "generosidade", alçado à síntese do tudo-de-bom, para classificar ações e situações que não conseguem explicação por meio da terminologia usual - esta, cada vez mais pobre de sentido. 

A tendência é muito forte e, agora, não basta mais ser simplesmente "probo". É preciso ser "generoso". Da mesma forma, parecerá insuficiente declarar-se "responsável". É fundamental conotar generosidade. Solidário? Competente? Muito pouco. Vale a pena ficar atento aos generosos de plantão e, a despeito de modismos e manias, priorizar os bons e velhos conceitos para tentar separar o joio do trigo.