Editorial
Setembro será
melhor
Luiz Carlos Ferraz
Mês
considerado de mau agouro, agosto de 2003 não deixou por menos,
ao ser marcado pela tragédia da Base de Alcântara, com 21
mortes. Antes, tudo parecia indicar que terminaria bem, com os setores
produtivos animados com a redução de 2,5 pontos na taxa básica
de juros (Selic), como aplaudiu o esperançoso presidente do Secovi-SP,
Romeu Chap Chap, embora tal sinalização do governo tenha
sido suficiente para causar protesto da oposição. Aliás,
a mesma que apontou o fracasso na aprovação da Reforma da
Previdência, que por sua vez foi comemorada como uma vitória
histórica pelo governo...
Aos magistrados, entre outros servidores
públicos, pelo menos, os resultados devem ter sido positivos, eis
que aparentemente retomaram o ritmo paquidérmico da máquina
estatal. Em agosto, por exemplo, juízes estaduais de Santos sentenciavam
processos conclusos desde março.
Queremos crer que setembro não
repetirá a tragédia do dia 11, nos EUA, estopim da ação
insana do presidente George W. Bush e aliados na invasão do Iraque.
Se risco não havia, como demonstraram os fatos que se seguiram,
foi suficiente para aglutinar o terrorismo e gerar atentados em série,
contra alvos até então inesperados, como o recente ataque
que destruiu o QG da ONU em Bagdá e matou, entre tantos, o diplomata
brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
A Primavera, contudo, poderá
fazer alguns milhões de vítimas, abaixo do Equador, onde
se cuida da aprovação de outra Reforma, desta vez a Tributária.
A voracidade dos governantes, agora irmanados o federal e estaduais na
disposição de aprovar emendas de caráter confiscatório,
é uma ameaça ao contribuinte. Para quem gosta de parábolas,
deve-se lembrar aquela da galinha dos ovos de ouro. Em outubro próximo,
o cidadão estará um pouco mais nu, ainda que flagrante a
sensação que continuam a lhe meter a mão no bolso. |