Cartel
SDE apura denúncias
Empresas investigadas representam
70% do mercado de britas de São Paulo
Após
as denúncias de práticas de cartel
na venda do aço e da areia, outros segmentos de insumos da construção
civil estão sendo investigados pelo Ministério da Justiça.
No dia 16/7/2003, uma equipe composta por dois técnicos da Secretaria
de Direito Econômico (SDE), cinco agentes da Polícia Federal,
um representante da Advocacia-Geral da União e sete oficiais de
Justiça estiveram na sede do Sindicato da Indústria de Mineração
de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras), onde um suposto
cartel do mercado de britas se reunia para combinar a divisão do
mercado, direcionar e estipular volume de vendas de cada empresa, controlar
o volume de produção, visando aumentar os preços do
produto. Se condenadas, as empresas poderão ser punidas com multa
de 1% a 30% de seu faturamento anual.
O Diretor
Geral da PF Paulo Lacerda e o Secretário de Direito Econômico,
Daniel Goldberg: operação
conjunta Foto: Isaac
Amorim/Photo Agência
Na operação, foram
apreendidos documentos, relatórios, cadernos, folhas de transparência,
roteiro para utilização de programas de monitoramento do
suposto cartel, recibos, editais de concorrência e programas reunidos
em 12 caixas e 15 sacolas, seis computadores e fitas de áudio e
vídeo. O material ajudará na instrução do processo
administrativo que vai apurar a possível formação
de cartel entre o Sindipedras e 23 empresas que atuam em São Paulo.
Juntas, elas representaram 70% do mercado de britas do Estado.
São elas: Basalto Pedreira
e Pavimentadora Ltda., Constran S/A, Embu S/A, Entrando, Geocal Mineração
Ltda., Holdercim Brasil S/A, Indústria e Comércio de Extração
de Areia Khouri Ltda., Itapissera Mineração Ltda., Iudice
Mineração Ltda., Mendes Júnior S/A, Mineração
Britabrás, Mineração Pedrix Ltda., Panorama Indústria
de Granitos S/A, Paupedra Pedreira Pav. e Construções Ltda.,
Pedreira Cachoeira S/A, Pedreira Cantareira S/A, Pedreira Dutra Ltda.,
Pedreira Mariutti Ltda., Pedreira Santa Isabel Ltda., Pedreiras São
Matheus/Lajeados S/A, Pedreira Sargon Ltda., Reago Indústria e Comércio
S/A, e Serpav Mineradora Ltda./Minerpav Mineradora Ltda. (Sarpav Mineradora
Ltda.).
A instauração do processo
e relação das empresas foram publicados no DOU de
21/7/2003. A Polícia Federal usou técnicas investigativas
para acompanhar a movimentação na sede do Sindicato e constatou
que era grande a presença de dirigentes de empresas, principalmente
às vésperas de licitações e nas manhãs
de quarta-feira. A partir de análise nos documentos apreendidos,
verificou-se que:
a
cotação de preços era lançada pelas pedreiras
num programa de computador e as informações eram centralizadas
no Sindipedras; as
decisões do suposto cartel eram tomadas em reuniões chamadas
de “curso” e realizadas na sede do Sindicato; um
programa de computador, denominado Programa de Atualização
Estatística (PAE), reunia informações diárias
de vendas de 17 empresas, com vistas a monitorar as atividades do suposto
cartel; o
não cumprimento das determinações tomadas pelo grupo
era punido com multa; os
participantes do cartel dividiam os clientes e havia uma cota de venda
para cada empresa, inclusive no tocante a licitações públicas; a
listagem dos clientes pertencentes a cada empresa ficava armazenada em
um arquivo chamado Bíblia e um membro do cartel só
podia vender ao cliente de um outro membro do cartel se cobrasse um preço
de cobertura (geralmente R$ 2,00 acima do preço da empresa que detém
aquele cliente). |