Editorial
O Poder Imoral
Luiz Carlos Ferraz
A defesa
da Imoralidade é que, no mais das vezes, por não ser Ilegal,
não faz parte do mundo jurídico e, sendo assim, não
deve ser questionada no âmbito das decisões, sejam elas vinculantes
entre as partes ou com efeito, dir-se-á, erga omnes, a todos.
É Imoral, mas não é Ilegal, contesta e vence. E por
aí vai, afrontando a inteligência do ser humano médio,
privilegiando pessoas e mesmos setores inteiros de uma sociedade, perpetuando
desigualdades, sempre acobertada pela farsa de que não fere a lei.
Ora, então que se mude a lei!
Hoje, a bola da vez é o Poder
Judiciário, cujo presidente da mais alta corte do País, o
Supremo Tribunal Federal, Ministro Maurício Corrêa, saiu em
defesa dos magistrados, e em sua própria, ao justificar os vencimentos
de 29.000 reais por mês, fruto do salário de 17.000 reais
do STF, uma aposentadoria como ex-procurador e outra como ex-parlamentar.
Ele se expôs, ao repudiar que
os juízes sejam atingidos pela Reforma da Previdência, tal
como proposta pelo Governo, o que fará com que um deles, ao se aposentar,
passe a receber um teto, sugerido em 2.400 reais, em vez do salário
integral, como acontece hoje, na média de 8.000 reais. Enquanto
isso, um aposentado do setor privado ganha entre 1 e 2 salários
mínimos.
Além de Imoral, não
é Justo, mas parece que o Judiciário pouco se importa com
a Justiça. Bola da vez, contudo, a Imoralidade ostentada pelo Judiciário
também está presente no Executivo e no Legislativo, o que
faz crer que todo o poder é imoral e só muita vontade será
capaz de mudar este País. |