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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/03/02 18:30:02
Edição 114 - NOV/2002 

Editorial

Sem medo do vizinho

Luiz Carlos Ferraz

A impressão que se tem é que o tema cooperativismo assusta. A grande imprensa, por exemplo, intencionalmente ou não, nem quer falar dele. Talvez a teoria de Jung seja capaz de explicar o que significa cooperação no inconsciente coletivo do indivíduo. 

Em face disso, e mesmo por que não podemos nos enquadrar nesta categoria de imprensa, não foi sem muitas considerações sobre os prós e os contras que o tema foi alçado à condição de reportagem de capa da edição e trazido ao editorial, sem qualquer intenção de desafio à ordem econômica, muito menos de desculpas antecipadas por enfocar um tema que, internacionalmente, é levado muito a sério, com grande repercussão em economias fortes, como na Alemanha, Canadá, Japão, EUA, onde algumas das principais instituições, inclusive bancos poderosíssimos, são cooperativas. 

Afinal, aconteceu em Santos um encontro histórico, pelas circunstâncias e pela qualidade dos presentes, que ainda parece ser de difícil digestão pelo status quo. O cooperativismo, no caso, enfocou a habitação, setor que ao longo dos anos é relegado ao abandono pelos governos em todos os níveis, apesar dos discursos de campanha eleitoral. 

A massa de excluídos que mora em favelas e em condições subumanas é formidável. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que vai apoiar o cooperativismo. E quem já se conformou com a derrota nas urnas, que se prepare para não temer a felicidade do seu vizinho pobre.