Editorial
Sem medo do
vizinho
Luiz Carlos Ferraz
A impressão
que se tem é que o tema cooperativismo assusta. A grande imprensa,
por exemplo, intencionalmente ou não, nem quer falar dele. Talvez
a teoria de Jung seja capaz de explicar o que significa cooperação
no inconsciente coletivo do indivíduo.
Em face disso, e mesmo por que não
podemos nos enquadrar nesta categoria de imprensa, não foi sem muitas
considerações sobre os prós e os contras que o tema
foi alçado à condição de reportagem de capa
da edição e trazido ao editorial, sem qualquer intenção
de desafio à ordem econômica, muito menos de desculpas antecipadas
por enfocar um tema que, internacionalmente, é levado muito a sério,
com grande repercussão em economias fortes, como na Alemanha, Canadá,
Japão, EUA, onde algumas das principais instituições,
inclusive bancos poderosíssimos, são cooperativas.
Afinal, aconteceu em Santos um encontro
histórico, pelas circunstâncias e pela qualidade dos presentes,
que ainda parece ser de difícil digestão pelo status quo.
O cooperativismo, no caso, enfocou a habitação, setor que
ao longo dos anos é relegado ao abandono pelos governos em todos
os níveis, apesar dos discursos de campanha eleitoral.
A massa de excluídos que mora
em favelas e em condições subumanas é formidável.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que vai
apoiar o cooperativismo. E quem já se conformou com a derrota nas
urnas, que se prepare para não temer a felicidade do seu vizinho
pobre. |