Especial
Vista
externa da instalação submersa em Eilat
Obras no
fundo do mar (II) |
Em Israel, a idéia surgiu
numa gravidez
Carlos Pimentel Mendes (*)
Todo
o projeto de decoração do restaurante israelense Red Sea
Star, instalado na cidade de Eilat e assinado pela escultora e criadora
de mobiliário Ayala S. Serfaty, começou com uma gravidez.
A artista israelense, em férias no Mar Vermelho, teve a inspiração
que mudaria sua vida durante um mergulho com snorkel, que realizava durante
uma gravidez como forma de ter "um maior contato espiritual com seu futuro
filho". Ao emergir, começou a desenhar sua nova coleção
de abajures e móveis Aqua Creations, mostrada pela primeira vez
em uma galeria de Tel-Aviv em 1994. Inspirada pelas vidas de Matisse, Joseph
Bueys e Eva Hesse, Ayala começou a reproduzir em suas peças
a vida marinha em toda a sua beleza, tomando a forma de uma explosão
floral subaquática.
Com o marido, iniciou a divulgação
internacional da Aqua Creations e em 1996 se destacou na feira de móveis
de milão e na feira internacional de móveis contemporâneos
de New York, ganhando vários prêmios. Essa projeção
lhe trouxe importantes encomendas, como a do restaurante subaquático
israelense. Ayala foi convidada a criar e produzir cada aspecto do projeto.
Submerso em 20 pés de água
e localizado a 100 pés da praia, o restaurante incomum é
baseado na filosofia de criação de Ayala: telas orgânicas
inspiradas pela natureza, evocando delicadeza e tons vivos e coloridos.
Isso é especialmente relevante porque ela necessita compensar no
restaurante o exterior frio e intimidante. Uma ponte leva os convidados
a um pavilhão de entrada que flutua a o nível do mar e abriga
uma área de estar/cafeteria/cozinha.
Descendo por uma escada em espiral para
o salão principal de jantar, o visitante é convidado a entrar
em um espaço pontuado com 62 janelas acrílicas que oferecem
incríveis vistas submarinas. O salão de jantar seria originalmente
pintado de azul, mas
pesquisas de cores lembraram Ayala de que esta não é uma
cor atraente para um local de refeições. Para corrigir isso,
Ayala usou uma paleta que inclui tons quentes de vermelho e laranja nos
móveis, acabamentos e luzes.
Ayala criou um tema orgânico
para o restaurante que flui em um balanço delicado com as vistas,
convidando as pessoas a experimentar um ambiente em que não se sintam
como intrusos. "O restaurante é uma síntese de minha experiência
subaquática", diz ela. O piso do restaurante é um epoxy transparente
sobre areia do mar, que cria um efeito de praia.
Ela também desenvolveu tampas
de mesa em epoxy, cobriu as paredes com painéis de gesso e cobriu
o teto com mais de 200 estruturas. Feitas com melamina acústica
e coberta com feltro, algumas das peças do teto inteligentemente
acomodam saídas de ar-condicionado. Alguns detalhes incluem grades
em metal cortado a laser que lembram coral, peças personalizadas
de bar com tentáculos de metal, e o estilo Ayala de iluminação,
que parece flutuar e dançar por todo o espaço, como relata
a editora da revista Interior Design, Elana Frankel, em matéria
transcrita no site da decoradora.
Ayala se considera feliz "por não
ter estudado design, mas arte. Os princípios são os mesmos,
mas meu ponto de partida é completamente livre. Meus trabalhos são
esculturas. E a única questão extra-estética que me
preocupa é o conforto. Eu estou constantemente buscando ampliar
esse lado de meus trabalhos, verificando proporções, ajustes,
materiais". Ela treinou primeiro em sua casa em Israel e na Academia de
Arte Bezalel de Jerusalém, continuando na Middlesex Polytechnic,
de Londres.
(*) Carlos
Pimentel Mendes é jornalista, editor do jornal eletrônico
Novo
Milênio.
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Obras
no fundo do mar (I) |