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Edição 109 - JUN/2002 

Especial
Vista externa da instalação submersa em Eilat

Obras no fundo do mar (II)

Em Israel, a idéia surgiu numa gravidez

Carlos Pimentel Mendes (*)

Todo o projeto de decoração do restaurante israelense Red Sea Star, instalado na cidade de Eilat e assinado pela escultora e criadora de mobiliário Ayala S. Serfaty, começou com uma gravidez. A artista israelense, em férias no Mar Vermelho, teve a inspiração que mudaria sua vida durante um mergulho com snorkel, que realizava durante uma gravidez como forma de ter "um maior contato espiritual com seu futuro filho". Ao emergir, começou a desenhar sua nova coleção de abajures e móveis Aqua Creations, mostrada pela primeira vez em uma galeria de Tel-Aviv em 1994. Inspirada pelas vidas de Matisse, Joseph Bueys e Eva Hesse, Ayala começou a reproduzir em suas peças a vida marinha em toda a sua beleza, tomando a forma de uma explosão floral subaquática.

Com o marido, iniciou a divulgação internacional da Aqua Creations e em 1996 se destacou na feira de móveis de milão e na feira internacional de móveis contemporâneos de New York, ganhando vários prêmios. Essa projeção lhe trouxe importantes encomendas, como a do restaurante subaquático israelense. Ayala foi convidada a criar e produzir cada aspecto do projeto.

Submerso em 20 pés de água e localizado a 100 pés da praia, o restaurante incomum é baseado na filosofia de criação de Ayala: telas orgânicas inspiradas pela natureza, evocando delicadeza e tons vivos e coloridos. Isso é especialmente relevante porque ela necessita compensar no restaurante o exterior frio e intimidante. Uma ponte leva os convidados a um pavilhão de entrada que flutua a o nível do mar e abriga uma área de estar/cafeteria/cozinha. 

Descendo por uma escada em espiral para o salão principal de jantar, o visitante é convidado a entrar em um espaço pontuado com 62 janelas acrílicas que oferecem incríveis vistas submarinas. O salão de jantar seria originalmente pintado de azul, mas pesquisas de cores lembraram Ayala de que esta não é uma cor atraente para um local de refeições. Para corrigir isso, Ayala usou uma paleta que inclui tons quentes de vermelho e laranja nos móveis, acabamentos e luzes.

Ayala criou um tema orgânico para o restaurante que flui em um balanço delicado com as vistas, convidando as pessoas a experimentar um ambiente em que não se sintam como intrusos. "O restaurante é uma síntese de minha experiência subaquática", diz ela. O piso do restaurante é um epoxy transparente sobre areia do mar, que cria um efeito de praia. 

Ela também desenvolveu tampas de mesa em epoxy, cobriu as paredes com painéis de gesso e cobriu o teto com mais de 200 estruturas. Feitas com melamina acústica e coberta com feltro, algumas das peças do teto inteligentemente acomodam saídas de ar-condicionado. Alguns detalhes incluem grades em metal cortado a laser que lembram coral, peças personalizadas de bar com tentáculos de metal, e o estilo Ayala de iluminação, que parece flutuar e dançar por todo o espaço, como relata a editora da revista Interior Design, Elana Frankel, em matéria transcrita no site da decoradora

Ayala se considera feliz "por não ter estudado design, mas arte. Os princípios são os mesmos, mas meu ponto de partida é completamente livre. Meus trabalhos são esculturas. E a única questão extra-estética que me preocupa é o conforto. Eu estou constantemente buscando ampliar esse lado de meus trabalhos, verificando proporções, ajustes, materiais". Ela treinou primeiro em sua casa em Israel e na Academia de Arte Bezalel de Jerusalém, continuando na  Middlesex Polytechnic, de Londres.

(*) Carlos Pimentel Mendes é jornalista, editor do jornal eletrônico Novo Milênio.

Veja mais:
Obras no fundo do mar (I)