Patrimônio
Prédio da Alfândega
é restaurado
Recuperação do
antigo edifício revitaliza o patrimônio histórico de
Santos
Quem
conhece o edifício da Alfândega de Santos possivelmente não
o reconhecerá, se entrar novamente no local. Ao ser alvo da terceira
grande reforma desde a sua fundação, em 1934, o prédio
resgata a riqueza arquitetônica do século passado, numa das
edificações mais valiosas da região. O mármore
sem vida e os vitrais deteriorados deram lugar às cores e ao brilho
originais. Em vez das goteiras e vazamentos que faziam do prédio
um casarão em precário estado, uma clarabóia atravessará
as quatro cúpulas do edifício, através da qual visitantes
e funcionários poderão vislumbrar o brasão da República
refletido na luz do sol.
O tempo e a falta de manutenção
não foram os únicos inimigos enfrentados pelo prédio
de 13.120 m², localizado na Praça da República, no Centro
histórico de Santos. “Tivemos outras reformas que colaboraram para
a destruição do patrimônio”, contou Diva Kodama, inspetora
da unidade aduaneira.
Das duas últimas grandes restaurações
realizadas no edifício, datadas de 1978 e 1986, restaram vestígios
de intervenções mal projetadas que aceleraram o processo
de deterioração, como é o caso do mármore dos
batentes. “Há 16 anos, foi aplicada uma mão de verniz que
o deixou completamente opaco”, afirmou o engenheiro Carlos Vicente Bonaldo,
da construtora catarinense Engebras, responsável pela obra.
Conforme contou, os 23 tipos de mármores
importados encontrados no local foram polidos e recuperados, num processo
que demorou oito meses. “O tratamento do mármore teve que ser executado
durante a madrugada, em função da grande quantidade de pó
liberada no polimento”, explicou o engenheiro. Os mármores importados
que precisavam ser substituídos foram fornecidos pela importadora
Terrazzo.
A reforma foi iniciada em agosto
de 1999, a um custo de R$ 8 milhões, com entrega prevista para 11/2002.
“Começamos pela cobertura, reformamos o terceiro andar e estamos
concluindo o segundo”, detalhou Bonaldo, acrescentando que resta recuperar
o andar térreo e o subsolo, onde funciona o laboratório.
O serviço de pintura está sendo executado pela Erguida Comércio
e Pintura. Para esta tarefa, a Tintas & Tintas está fornecendo
todo o material necessário, com produtos da melhor qualidade no
mercado.
A reconstituição do edifício,
construído no estilo Art Decô, foi possível graças
à documentação reunida pelos profissionais empenhados
na obra. Segundo o engenheiro civil e técnico da receita federal,
Norberto Gonçalves Júnior, a Codesp colocou à disposição
os projetos originais, além de um grande número de fotos
da época.
Além da restauração
arquitetônica e da modernização estrutural, a obra
prevê a troca do sistema de ar condicionado e do maquinário
dos dois elevadores existentes no prédio. O piso de carpete, predominante
nas repartições, assim como as bancadas e divisórias
dos banheiros, foram substituídos por granito tipo exportação,
na cor arabesco, fornecido pela Marmoraria Romarco (Prêmio Tops da
Fehab 2000 e 2001), em parceria com a Romar Granitos do Brasil. Segundo
informou Romeu Sciamarella, diretor da Romarco, todo o material foi cortado
e acabado dentro das normas do IPT.
A reforma segue à risca as exigências
do Conselho de Desenvolvimento do Patrimônio Histórico de
Santos (Condepasa). “Através de fotografias da época, fizemos
a réplica dos lustres. Já os vitrais são de origem
italiana e todas as peças tiveram de ser separadas e catalogadas
antes de passarem pela restauração”, disse Bonaldo, da Engebras.
Para pôr um ponto final nas
goteiras e vazamentos que atormentavam os funcionários, a Engebras
contratou a Impermec para executar o trabalho de impermeabilização.
Foram utilizadas mantas de quatro milímetros nas quatro cúpulas
do edifício, nos reservatórios de água, nos banheiros
e no hall de entrada. “Ao todo, impermeabilizamos 1.700 m²
de área neste edifício”, esclareceu o diretor Sidney de Barros,
da Impermec, ao informar que 80% da impermeabilização já
foi concluída.
Apesar das obras, as atividades no
edifício seguem em ritmo normal. Além dos 300 empregados
da Alfândega, circulam diariamente no local cerca de 1.500 pessoas. |