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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/09/02 14:10:05
Edição 105 - FEV/2002 

Patrimônio 

Prédio da Alfândega é restaurado

Recuperação do antigo edifício revitaliza o patrimônio histórico de Santos

Quem conhece o edifício da Alfândega de Santos possivelmente não o reconhecerá, se entrar novamente no local. Ao ser alvo da terceira grande reforma desde a sua fundação, em 1934, o prédio resgata a riqueza arquitetônica do século passado, numa das edificações mais valiosas da região. O mármore sem vida e os vitrais deteriorados deram lugar às cores e ao brilho originais. Em vez das goteiras e vazamentos que faziam do prédio um casarão em precário estado, uma clarabóia atravessará as quatro cúpulas do edifício, através da qual visitantes e funcionários poderão vislumbrar o brasão da República refletido na luz do sol.

Fachada do prédio, situado na Praça da República
O tempo e a falta de manutenção não foram os únicos inimigos enfrentados pelo prédio de 13.120 m², localizado na Praça da República, no Centro histórico de Santos. “Tivemos outras reformas que colaboraram para a destruição do patrimônio”, contou Diva Kodama, inspetora da unidade aduaneira. 

Das duas últimas grandes restaurações realizadas no edifício, datadas de 1978 e 1986, restaram vestígios de intervenções mal projetadas que aceleraram o processo de deterioração, como é o caso do mármore dos batentes. “Há 16 anos, foi aplicada uma mão de verniz que o deixou completamente opaco”, afirmou o engenheiro Carlos Vicente Bonaldo, da construtora catarinense Engebras, responsável pela obra.

Conforme contou, os 23 tipos de mármores importados encontrados no local foram polidos e recuperados, num processo que demorou oito meses. “O tratamento do mármore teve que ser executado durante a madrugada, em função da grande quantidade de pó liberada no polimento”, explicou o engenheiro. Os mármores importados que precisavam ser substituídos foram fornecidos pela importadora Terrazzo.

A reforma foi iniciada em agosto de 1999, a um custo de R$ 8 milhões, com entrega prevista para 11/2002. “Começamos pela cobertura, reformamos o terceiro andar e estamos concluindo o segundo”, detalhou Bonaldo, acrescentando que resta recuperar o andar térreo e o subsolo, onde funciona o laboratório. O serviço de pintura está sendo executado pela Erguida Comércio e Pintura. Para esta tarefa, a Tintas & Tintas está fornecendo todo o material necessário, com produtos da melhor qualidade no mercado.

No interior do prédio, 23 tipos de mármores
A reconstituição do edifício, construído no estilo Art Decô, foi possível graças à documentação reunida pelos profissionais empenhados na obra. Segundo o engenheiro civil e técnico da receita federal, Norberto Gonçalves Júnior, a Codesp colocou à disposição os projetos originais, além de um grande número de fotos da época.

Além da restauração arquitetônica e da modernização estrutural, a obra prevê a troca do sistema de ar condicionado e do maquinário dos dois elevadores existentes no prédio. O piso de carpete, predominante nas repartições, assim como as bancadas e divisórias dos banheiros, foram substituídos por granito tipo exportação, na cor arabesco, fornecido pela Marmoraria Romarco (Prêmio Tops da Fehab 2000 e 2001), em parceria com a Romar Granitos do Brasil. Segundo informou Romeu Sciamarella, diretor da Romarco, todo o material foi cortado e acabado dentro das normas do IPT.

Vitral recupera as antigas cores, com a restauração
A reforma segue à risca as exigências do Conselho de Desenvolvimento do Patrimônio Histórico de Santos (Condepasa). “Através de fotografias da época, fizemos a réplica dos lustres. Já os vitrais são de origem italiana e todas as peças tiveram de ser separadas e catalogadas antes de passarem pela restauração”, disse Bonaldo, da Engebras.

Para pôr um ponto final nas goteiras e vazamentos que atormentavam os funcionários, a Engebras contratou a Impermec para executar o trabalho de impermeabilização. Foram utilizadas mantas de quatro milímetros nas quatro cúpulas do edifício, nos reservatórios de água, nos banheiros e no hall de entrada. “Ao todo, impermeabilizamos 1.700 m² de área neste edifício”, esclareceu o diretor Sidney de Barros, da Impermec, ao informar que 80% da impermeabilização já foi concluída.

Apesar das obras, as atividades no edifício seguem em ritmo normal. Além dos 300 empregados da Alfândega, circulam diariamente no local cerca de 1.500 pessoas.