Entrevista:
Vereador José Antonio
Marques Almeida (Jama)
Lei municipal previne o uso de drogas
O vereador
e presidente da Câmara Municipal de Santos, José Antonio Marques
Almeida, o Jama (PPS), que tem seu trabalho voltado à questão
das drogas, foi feliz ao encaminhar ao Legislativo, em 2001, um projeto
pioneiro. Aprovado e já colocado em prática, faz com que
as escolas da rede municipal de ensino insiram, em sua grade curricular,
o estudo da dependência química e suas conseqüências
nos aspectos neurológicos, psicológicos e sociais. Conhecida
como “Lei Jama”, ela levou o nº 1989/2001, e entrou em vigor visando
quebrar o tabu no que tange a droga no ambiente escolar.
Perspectiva
- Como surgiu a idéia de criar a “Lei Jama”?
Jama - Uma pesquisa nacional
feita pela Unesco sobre o envolvimento dos jovens com as drogas me chamou
a atenção. A pesquisa revelou que a escola se tornou o local
preferido para o consumo de entorpecentes.
Perspectiva
- Na prática, como funciona o projeto nas escolas?
Jama - O projeto beneficia
62 escolas municipais atingindo 42 mil estudantes do ensino fundamental
e médio. Os professores abordam o tema dentro ou fora da sala de
aula. A droga pode virar discussão durante uma aula de Ciências,
por exemplo. A abordagem é feita de maneira interdisciplinar, sem
se tornar um peso para os alunos. O objetivo é mostrar os riscos
que a dependência traz. Vale ressaltar que a Secretária de
Educação, Jossélia Fontoura, vem trabalhando bem a
questão.
Perspectiva
- O sr. acha que os professores estão preparados para abordar o
assunto?
Jama - Os educadores que ainda
não estão preparados para lidar com o tema terão agora
uma boa oportunidade, pois a Secretaria de Educação está
também investindo no treinamento desses profissionais.
Perspectiva
- Qual tem sido a receptividade entre os alunos?
Jama - As informações
que me chegaram é de que os alunos estão aceitando bem a
inclusão do tema como discussão em sala de aula. A constatação
está registrada em recente matéria levada ao ar pela TV Cultura.
Fiquei sensibilizado ao ver a entrevista de uma garota de 12 anos, que
afirmou: “tendo conhecimento, não haverá motivos para nos
envolvermos com as drogas”.
Perspectiva
- Como o sr. vê a relação das drogas com a violência?
Jama - O combate à
violência deve ser amplo e as drogas têm um peso de culpa nessa
questão. É por isso que o poder público precisa investir
em campanhas preventivas.
Perspectiva
- Como a “Lei Jama” está repercutindo na comunidade?
Jama - A lei está sendo
conhecida agora, com a volta às aulas. Trata-se de uma iniciativa
pioneira no ambiente escolar, que sempre viu o assunto com certo preconceito.
Perspectiva
- O sr. é autor do “Projeto Adeus Drogas. Há Deus!” Como
ele funciona?
Jama - Milito no combate as
drogas há quase 20 anos. Entrei na política já com
o propósito de doar o meu salário e de meus assessores às
entidades que eu conheço bem e que atuam na recuperação
de dependentes químicos. A doação que está
registrada em cartório ajuda na infra-estrutura dessas casas. Já
foram atendidas, graças ao projeto, mais de 2 mil pessoas e o repasse
de salários já ultrapassou R$ 1,2 milhão. As casas
de recuperação têm um papel muito importante, pois
o dependente não consegue se libertar do vício sem ajuda. |