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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/05/01 23:16:41
Edição 102 - NOV/2001 

Editorial

Soninha e a liberdade

Luiz Carlos Ferraz

Sobre o episódio envolvendo a apresentadora Soninha, que declarou ser usuária de maconha, é importante fazer algumas breves reflexões para não restar dúvidas sobre o alcance da liberdade de Imprensa na divulgação de fatos e informações, quaisquer que sejam as conseqüências na opinião pública. 

A princípio, a responsabilidade para tratar de assuntos que envolvam o conflito de garantias individuais do cidadão, no caso, a liberdade e a privacidade, previstas da Constituição Federal, há de ser prerrogativa de profissional habilitado e não de qualquer ZéMané, com todo respeito aos Josés e Manoéis que existem aos montes neste Brasil. 

Assim, deve ser repudiado o golpe orquestrado por setores da grande Imprensa para suprimir a exigibilidade de que as redações sejam ocupadas apenas por jornalistas formados. Manobra, aliás, que tomou fôlego com a sentença apressada de primeira instância, duma juíza federal em ação civil pública, negando a necessidade de diploma universitário para o exercício profissional. 

Deve, outrossim, causar redobrada preocupação o movimento de bastidor dos barões da Comunicação, que pugnam a aprovação de emenda constitucional para autorizar a injeção de capital estrangeiro nos veículos de comunicação brasileiros. Se lutamos por liberdade, é possível imaginar o que poderá acontecer com a Imprensa nas mãos de grandes corporações multinacionais. 

Já sobre a apresentadora Soninha, coitada, foi uma ingênua. Aliás, o hábito de usar maconha passa primeiro pela sua descriminalização, conforme projeto de lei do deputado federal Fernando Gabeira. Enquanto a maconha não for retirada do rol das substâncias entorpecentes que causam dependência não adianta bradar aos quatro ventos que “fumo, sim” que vai tomar paulada do status quo. Urge que seja esclarecida a opinião pública sobre a maconha, pois, como já se sabe, causa menos mal que a droga do cigarro.