Editorial
Soninha e a liberdade
Luiz Carlos Ferraz
Sobre
o episódio envolvendo a apresentadora Soninha, que declarou ser
usuária de maconha, é importante fazer algumas breves reflexões
para não restar dúvidas sobre o alcance da liberdade de Imprensa
na divulgação de fatos e informações, quaisquer
que sejam as conseqüências na opinião pública.
A princípio, a responsabilidade
para tratar de assuntos que envolvam o conflito de garantias individuais
do cidadão, no caso, a liberdade e a privacidade, previstas da Constituição
Federal, há de ser prerrogativa de profissional habilitado e não
de qualquer ZéMané, com todo respeito aos Josés e
Manoéis que existem aos montes neste Brasil.
Assim, deve ser repudiado o golpe
orquestrado por setores da grande Imprensa para suprimir a exigibilidade
de que as redações sejam ocupadas apenas por jornalistas
formados. Manobra, aliás, que tomou fôlego com a sentença
apressada de primeira instância, duma juíza federal em ação
civil pública, negando a necessidade de diploma universitário
para o exercício profissional.
Deve, outrossim, causar redobrada
preocupação o movimento de bastidor dos barões da
Comunicação, que pugnam a aprovação de emenda
constitucional para autorizar a injeção de capital estrangeiro
nos veículos de comunicação brasileiros. Se lutamos
por liberdade, é possível imaginar o que poderá acontecer
com a Imprensa nas mãos de grandes corporações multinacionais.
Já sobre a apresentadora Soninha,
coitada, foi uma ingênua. Aliás, o hábito de usar maconha
passa primeiro pela sua descriminalização, conforme projeto
de lei do deputado federal Fernando Gabeira. Enquanto a maconha não
for retirada do rol das substâncias entorpecentes que causam dependência
não adianta bradar aos quatro ventos que “fumo, sim” que vai tomar
paulada do status quo. Urge que seja esclarecida a opinião
pública sobre a maconha, pois, como já se sabe, causa menos
mal que a droga do cigarro. |