Formação
O jovem e a hora da escolha
Célia de Jesus Souza Carias
(*)
A imprensa
tem divulgado com muita ênfase o alto número de universitários
que abandonam os cursos superiores logo nos primeiros anos. Os índices
são alarmantes. Cerca de 85% dos estudantes acabam desistindo do
curso no decorrer do primeiro ano. A maioria destes jovens alega dois fatores
para desistir da profissão que está começando a aprender:
problemas financeiros e falta de identificação com o curso.
O primeiro, certamente, reflete
um problema constante na vida do brasileiro: a falta de dinheiro. Já
o segundo, pode ser evitado com a ajuda da psicologia.
A fase pré-vestibular, na
qual o jovem se vê às portas do mundo adulto, é tensa
e cheia de transformações na vida do ser humano. É
nesta fase que o adolescente tem que tomar decisões que vão
influenciar para sempre sua vida. E, justamente a principal delas, que
é seu futuro profissional, nem sempre é encarado com a seriedade
que ela necessitaria ter. Uma avaliação consciente se faz
necessária. É preciso que o jovem verifique e entre em contato
com suas habilidades, descubra o que mais gosta de fazer, saiba pesar e
considerar as sugestões familiares, reconheça suas expectativas,
para depois fazer com mais clareza sua opção profissional.
Uma maneira de dar consciência
ao jovem de seus potenciais e habilidades é a orientação
vocacional. Por analisar vários aspectos envolvidos neste processo
de escolha, o acompanhamento psicológico com ênfase vocacional
é considerado uma medida preventiva, já que permite uma tomada
de consciência por parte do adolescente, evitando que ele interrompa
o curso no transcorrer do mesmo.
Apesar de todo este auxílio
que a orientação vocacional dá aos jovens, neste momento
de escolha, ela tem sido procurada por poucos jovens. O percentual de estudantes
brasileiros que se submetem a um processo de orientação vocacional
é de 1%. Só para traçar um comparativo, na Argentina,
92% dos adolescentes fazem orientação vocacional antes de
ingressar na faculdade.
Somente quando os jovens brasileiros
e seus familiares tomarem consciência da importância do auxílio
psicológico que a orientação vocacional dá,
neste processo de escolha de profissão, com certeza, o número
de desistências nos cursos universitários irá diminuir.
(*) Célia
de Jesus Carias é psicóloga especializada em orientação
vocacional, diretora-tesoureira da Cooperativa de Trabalho dos Psicólogos
da Baixada Santista e presidente da Sociedade Santista de Psicodrama. |