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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/09/01 14:26:39
Edição 099 - AGO/2001 

Formação

O jovem e a hora da escolha 

Célia de Jesus Souza Carias (*)

A imprensa tem divulgado com muita ênfase o alto número de universitários que abandonam os cursos superiores logo nos primeiros anos. Os índices são alarmantes. Cerca de 85% dos estudantes acabam desistindo do curso no decorrer do primeiro ano. A maioria destes jovens alega dois fatores para desistir da profissão que está começando a aprender: problemas financeiros e falta de identificação com o curso.
O primeiro, certamente, reflete um problema constante na vida do brasileiro: a falta de dinheiro. Já o segundo, pode ser evitado com a ajuda da psicologia.

A fase pré-vestibular, na qual o jovem se vê às portas do mundo adulto, é tensa e cheia de transformações na vida do ser humano. É nesta fase que o adolescente tem que tomar decisões que vão influenciar para sempre sua vida. E, justamente a principal delas, que é seu futuro profissional, nem sempre é encarado com a seriedade que ela necessitaria ter. Uma avaliação consciente se faz necessária. É preciso que o jovem verifique e entre em contato com suas habilidades, descubra o que mais gosta de fazer, saiba pesar e considerar as sugestões familiares, reconheça suas expectativas, para depois fazer com mais clareza sua opção profissional.

Uma maneira de dar consciência ao jovem de seus potenciais e habilidades é a orientação vocacional. Por analisar vários aspectos envolvidos neste processo de escolha, o acompanhamento psicológico com ênfase vocacional é considerado uma medida preventiva, já que permite uma tomada de consciência por parte do adolescente, evitando que ele interrompa o curso no transcorrer do mesmo.

Apesar de todo este auxílio que a orientação vocacional dá aos jovens, neste momento de escolha, ela tem sido procurada por poucos jovens. O percentual de estudantes brasileiros que se submetem a um processo de orientação vocacional é de 1%. Só para traçar um comparativo, na Argentina, 92% dos adolescentes fazem orientação vocacional antes de ingressar na faculdade.

Somente quando os jovens brasileiros e seus familiares tomarem consciência da importância do auxílio psicológico que a orientação vocacional dá, neste processo de escolha de profissão, com certeza, o número de desistências nos cursos universitários irá diminuir.

(*) Célia de Jesus Carias é psicóloga especializada em orientação vocacional, diretora-tesoureira da Cooperativa de Trabalho dos Psicólogos da Baixada Santista e presidente da Sociedade Santista de Psicodrama.