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Edição 097 - JUN/2001 

Metrópole

Alavancar o turismo de negócios 

Armênio Mendes confia que o empreendimento atrairá investimentos na construção de hotéis e apart hotéis, restaurantes, shoppings e obras de infra-estrutura

Luiz Carlos Ferraz

Contabilizando despesas extras – como a compra de mais um gerador de energia, que custou 150% mais que outro igualzinho adquirido 30 dias antes! -, o empresário Armênio Mendes entrega oficialmente nos próximos meses a obra do Mendes Convention Center, um mega-empreendimento de 24 mil metros quadrados de construção, que contempla um auditório para 4.195 lugares e um pavilhão de Armênio: acreditando no progresso da regiãoexposições, equiparável aos mais modernos complexos de eventos da América Latina. Trata-se do grande salto que Santos dará para o desenvolvimento do Turismo de Negócios, um segmento que tem tudo para alavancar a economia da Região Metropolitana da Baixada Santista.

O Mendes Convention Center ainda não tem data para a inauguração oficial, mas já está sendo utilizado para a realização de eventos. As despesas de última hora não causam mais preocupação que o clima de crise que se abateu sobre o País, capaz de adiar compromissos e desacelerar a economia como um todo. O pavilhão de exposições recebeu uma feira em junho e tem programada outra no início de setembro, e no pavimento de convenções aconteceu um congresso internacional no final de junho. Quando o empreendimento estiver funcionando a pleno vapor, com danceterias, praças de alimentação, shopping, a expectativa é que Santos e Região Metropolitana experimentem um surto de prosperidade.

A previsão é do próprio Armênio Mendes, que projeta investimentos para os próximos anos compatíveis com o que seu grupo fez para implantar o Mendes Convention Center, algo em torno de 25 a 30 milhões de reais – mas que crescem com imprevistos. O empresário acredita que o empreendimento atrairá investimentos na construção de hotéis e apart hotéis, restaurantes, shoppings, além de obras de infra-estrutura por parte dos poderes públicos. Afinal, no final de 2002, começa a operar a segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, aproximando ainda mais a Capital e o Interior de São Paulo ao Litoral.

“Na medida em que estivermos inseridos nos calendários de eventos nacional e internacional, o Mendes Convention vai demandar um volume de leitos muito grande para acolher essas pessoas que virão à região. Santos foi no passado a cidade com maior fluxo de turismo de São Paulo, e a segunda maior do Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro. Isso foi se perdendo ao longo do tempo, até com o crescimento das cidades vizinhas e do interior do Estado. Hoje precisamos reconquistar essa posição, e isso só acontecerá com o turismo de negócios, a exemplo de diversas cidades do mundo”, argumenta o empresário.

Pavilhão de exposições e centro de convenções colocarão Santos na rota dos grandes eventos
Mudança de foco - Tradicionalmente, o Grupo Mendes é da construção civil. Há 13 anos, para aproveitar o terreno onde está implantado o Shopping Miramar, construiu dois hotéis e passou a investir em turismo. Naquela ocasião, lembra Armênio, a título de experiência, foi montado um escritório na capital paulista, na Rua José Maria Lisboa. Há 11 anos, foi comprada uma sala na Avenida Paulista, onde é mantida uma equipe de funcionários, que é responsável por mais de 50% do movimento nos 3 hotéis do grupo. Essa estrutura está sendo incrementada com pessoas de conhecimento na área de congressos e exposições e é dessa forma que serão atraídos eventos para o Mendes Convention.

O fomento à construção civil é inevitável. Segundo estudos realizados pelo empresário, haverá nos próximos anos uma demanda muito grande no segmento hoteleiro. Hoje a cidade tem 8 mil apartamentos desocupados fora de temporada e até mesmo na temporada há uma quantidade muito grande de unidades vazias. 

“Esses 8 mil apartamentos com certeza darão lugar a 8 mil apartamentos em termos de apart hotel ou hotel”, afirma Armênio. “Isso representa um volume de investimentos muito grande. Além disso, consideramos que ao longo do tempo a tendência é que essas pessoas que hoje esqueceram a região, por falta de atrativos, voltem a ocupar também esses apartamentos. Afinal, os proprietários desses apartamentos estão desinteressados porque a cidade está vazia, não tem vida noturna, não tem diversão, não oferece aquilo que eles esperam de uma cidade turística, o que tende a mudar”.

Planos - Da parte do Grupo Mendes, que já entregou cerca de 6 mil apartamentos na Baixada em mais 30 anos de atividades, a pretensão é continuar atuando na construção. “Temos na cidade quase 7 hectares de terreno disponível. E, diga-se, os melhores terrenos estão em nossas mãos. Assim, acredito que possamos construir alguns apart hotéis na cidade. Entendemos também que devemos talvez investir em mais um shopping em São Vicente, cujo projeto está pronto. Estamos disponíveis para sentir o mercado, considerando a segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, que vai beneficiar a região”, avalia o empresário.

Para ele, com a duplicação da Imigrantes, os prefeitos da Baixada Santista têm que ter um cuidado muito grande, pois será necessária a construção de acessos compatíveis, para que as pessoas possam circular com facilidade. “Santos tem investimentos grandes a fazer. Acho que esse túnel que o prefeito Beto Mansur vem falando, de ligação da Zona Noroeste à Zona Leste, é muito importante. Precisamos também da ligação entre Santos e Guarujá, pois o centro de convenções irá também lotar os hotéis de Guarujá”, finalizou.

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