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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 06/14/01 21:35:56
Edição 096 - MAI/2001 

Editorial

De crise em crise 

Luiz Carlos Ferraz, editor

Agora, com a crise de energia elétrica, o presidente FHC tem um bom argumento para justificar outra vez o adiamento da divulgação de um Programa Nacional de Habitação – o que se estava esperando para o seu discurso de 4/6/2001, durante o 2º Confic, no Rio de Janeiro. Tudo indica que as expectativas serão frustradas. E mais: caso se confirmem as previsões de que o controle no consumo de energia vai durar nos próximos dois anos, isso significa que não será mais neste governo que a indústria imobiliária será finalmente contemplada com um plano de desenvolvimento. 

Mudam-se as prioridades, mas no fundo revela-se mesmo é a falta de vontade política para alavancar o setor que possui a melhor resposta para gerar empregos, como se isso não fosse mais preciso, pelo menos por ora. A falta de energia, aliás, poderia transformar-se na luz do fim do túnel da construção civil, caso o governo federal, de resto os estaduais e municipais, decidisse discutir a escassez (?) crônica de recursos públicos e, especialmente, se conscientizasse da necessidade de compartilhar a gestão do setor habitacional com a iniciativa privada e a sociedade civil organizada. 

Os três setores, como se sabe, realizam planos limitados de produção habitacional, e juntos poderiam obter melhores resultados. Modelos como o consórcio de imóveis e o cooperativismo, aliados aos sistemas de administração e financiamentos pelas próprias construtoras, têm-se revelado eficazes para satisfazer nichos de mercado. 

O sistema de mutirão, organizado pelas próprias comunidades, também realiza inegáveis avanços em camadas sociais específicas – o que acontece também com o tímido programa oficial. Conjugar a gestão de todas essas iniciativas é o que se deve fazer neste momento de indefinição, no qual, sob o manto de mais uma crise, vai-se adiar sine die a solução para o crescente déficit habitacional brasileiro.