Editorial
Final de século
Luiz Carlos Ferraz, editor
Espetáculo
político reservado para o final de cada exercício, a temporada
de votação do Orçamento da União para 2001,
em cartaz no Congresso Nacional, traz à baila, mais uma vez, a censurável
prática do “toma lá dá cá” e do “é dando
que se recebe”. Ainda que haja esperanças de que esses hábitos
possam um dia mudar no cenário nacional, constata-se que a peça
orçamentária do primeiro ano do III milênio está
sendo forjada sob o signo do favorecimento a grupos, para dizer o mínimo.
FHC apresentou a proposta visionária
de elevar o salário mínimo para 180 reais, daqui a quatro
meses; mas, sob uma alegada falta de recursos, constrange os parlamentares
a abrir mão de emendas que levem melhorias a seus rincões
– o que a maioria não admite, ainda que o sacrifício possa
resultar em melhoria salarial do povo.
As negociações vão
acirrar em dezembro e enjoam, tal qual a fumaceira patrocinada pela indústria
tabagista, que conquistou significativas vantagens na votação
do projeto que regulamenta a propaganda do produto venenoso.
A boa notícia, contudo, vem
do Sul. Seguindo uma tendência de especialização, a
Justiça Federal implantou no Paraná uma vara exclusiva que
pretende agilizar as ações que tratam de financiamentos imobiliários.
Aliada à implantação do Sistema Financeiro Imobiliário
e à lei da alienação fiduciária do imóvel,
poderá ser uma alternativa para incentivar a indústria da
construção civil e afastar a inadimplência. |