Eleições 2000
Em Santos, a escolha será
no segundo turno
De acordo com a regra que autoriza
o segundo mandato de prefeitos, os eleitores farão em 1º de
outubro a opção entre os que já estão no poder
há quatro anos, os que dizem representar o novo, e aqueles que significam
a volta a um passado não muito distante.
Santos, que polariza a atenção
no quadro político estadual, exibe cinco candidatos, três
dos quais com potencial, disposição e chances reais de ocupar
o Palácio José Bonifácio, sendo que dois inevitavelmente
se enfrentarão no segundo turno, em novembro.
O atual prefeito Beto Mansur, do
PPB, assumiu em 1997 após oito anos de PT, e, após arrumar
a casa, está pedindo mais quatro anos para completar seu programa
de governo. Se não executou grandes obras, como o projeto da plataforma
do emissário submarino e um centro de convenções,
ou implantou uma política habitacional, teve como aliada a oposição
do PT e a generalizada escassez de recursos, combinada com a pouca arrecadação
tributária e tímidos investimentos da iniciativa privada.
Traz como vice de sua chapa o presidente da companhia de trânsito,
João Paulo Tavares Papa, resultado do apoio do PMDB de Oswaldo Justo.
A deputada federal Telma de Souza,
do PT, é uma adversária de peso. Esperando contar com a fidelidade
da militância partidária, que representa pouco mais de 40%
dos votos válidos, Telma tem dificuldade em atrair novos segmentos,
como resultado da fraca atuação parlamentar, apontada em
pesquisas realizadas na Câmara dos Deputados. Traz Marcelo Gato como
vice, após administrar correntes divergentes entre os partidos de
apoio.
Outro com potencial é o deputado
estadual Edmur Mesquita, do PSDB de Covas e FHC. Se ambos pesam para o
vôo do candidato tucano, pelas críticas a que estão
sujeitos enquanto situação, também podem significar
que a mesma linhagem ideológica será capaz de produzir políticas
integradas no âmbito social, apontando para investimentos na cidade
e região. Carregando a bandeira da honestidade, Edmur foi oxigenado
ao coligar-se com o Partido Verde, que forneceu o candidato a vice, o jornalista
Gilson Miguel.
As outras duas candidaturas, do advogado
Vicente Cascione, do PTB, e do pastor Tomas Söderberg, refletem a
incapacidade de articulação política de ambos. Cascione
traz como vice Rony Dutra, do mesmo partido. Tomas, outro anti-PT, foi
lançado por um partido desconhecido, e conta com o apoio de significativa
parcela de evangélicos. Apresenta como vice uma professora sem expressão
política.
O panorama na região
O prefeito Márcio França,
do PSB, tem grandes chances de ser reeleito em São Vicente, no único
turno da eleição majoritária, tendo como vice Paulo
de Souza, do PSDB. Sua administração não merece a
acusação de incompetente por não conseguir atrair
recursos para suprir as necessidades sociais do Município, e pode
ser reconhecida como transparente, tendo adotado uma série de providências
na área fiscal e administrativa, que certamente pavimentam o caminho
para a vinda de investidores num segundo mandato.
Cubatão - Com invejável
capacidade de composição política, o prefeito Nei
Serra, do PSP, foi beneficiado com a desistência da candidatura do
adversário político, o ex-prefeito José Passarelli.
Não só por neutralizar a estratégica da oposição,
que ficou impedida de repetir o bordão contra a alternância
de poder nos últimos anos entre Serra e Passarelli, mas por ter
sido capaz de implodir o ensaio de uma candidatura única de oposição.
Agora, a disputa que fará com vários candidatos poderá
facilitar sua vitória no único turno eleitoral, embora esteja
sendo tratado como inimigo comum. Disputam contra Serra, o vereador José
Ivaniel, do PSDB; a professora Marilda Canelas, do PSB; e o médico
Clermont, do PL, que lidera as pesquisas.
Guarujá - Comparável
a um trator, o prefeito Maurici Mariano, do PTB, é responsável
pela demolição da desorganizada oposição que
havia em Guarujá. Sem adversário à altura, e com o
apoio do sindicalista bancário Manoel dos Santos, que permanece
na chapa como vice, é muito improvável que não seja
mantido no cargo de prefeito.
Praia Grande - Mais do que
simplesmente ser prefeito de Praia Grande, o deputado federal Alberto Mourão,
do PMDB, está disposto a ocupar o espaço perdido na mídia,
que o esqueceu desde que foi eleito em 1998 para o mandato parlamentar.
Para isso, conta com o apoio do atual prefeito de Praia Grande, Ricardo
Yamauti, que foi seu vice e conquistou o atual cargo devido ao sucesso
do primeiro governo de Mourão. Yamauti, por seu turno, fez uma administração
básica, e não serve de argumento de campanha à oposição.
Mourão apresenta como vice o vereador Alexandre Cunha, também
do PMDB.
O principal adversário é
o ex-prefeito Dorivaldo Lória Júnior, do PTB, que tem como
vice o comerciante Antonio França, o “Toninho do Esmeralda”, do
PPB. Eleito Alberto Mourão, a Baixada Santista perderá um
de seus dois representantes na Câmara Federal; o outro é Telma
de Souza, do PT, que quer ser prefeita de Santos. |