HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE
- F.ITAIPU
Centenária Fortaleza de Itaipu (6)
Em 2004, ocorreram mudanças significativas na ocupação militar dessa fortaleza, como
foi relatado em matéria publicada no jornal santista A Tribuna, na edição de 1º de outubro de 2004:
Criada há 62 anos, a Fortaleza de Itaipu deverá abrigar equipamentos de artilharia
antiaérea
Foto: Adalberto Marques, publicada com a matéria
EXÉRCITO
6º GACosM vai deixar a Fortaleza do Itaipu
No lugar da unidade ficará o 6º Grupo Lançador Múltiplo de Foguetes (GLMF)
Da Sucursal
O 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM)
José Bonifácio, instalado na Fortaleza do Itaipu, em Praia Grande, comemora hoje 62 anos de criação. Porém, a solenidade militar programada para
marcar a data terá sabor de despedida. É que, por determinação do Comando do Exército Brasileiro, a fortificação vai passar a abrigar o 6º Grupo
Lançador Múltiplo de Foguetes (GLMF), tornando-se uma unidade antiaérea.
Após ocupar as instalações da fortaleza por 44 anos, o 6º GACosM será transferido para
Formosa (GO), segundo o comandante da unidade, tenente-coronel Boanerges Lavra Júnior. "Por ordem do comandante do Exército, já foi dado o input
inicial para este processo e agora aguardamos a publicação de uma portaria confirmando a mudança".
De acordo com Lavra Júnior, a intenção do comando é reunir todos os equipamentos do
tipo Astros II - que hoje estão espalhados em unidades no Rio de Janeiro, Macaé, Brasília e Cruz Alta - em Formosa, criando um Centro de Treinamento
Integrado de Mísseis e Foguetes no local.
O comandante do 6º GACosM esclarece que o Astros II é um sistema bastante emblemático
para o Exército Brasileiro, devido ao poder de fogo e capacidade de mobilização. "Mas, exige uma manutenção constante e um dos principais motivos
desta centralização é otimizar recursos".
Por outro lado, o tenente-coronel avalia como positiva a vinda de uma artilharia
antiaérea para a região. Isso porque a Baixada Santista apresenta vários "pontos sensíveis" para o Brasil, como o Porto de Santos, as indústrias de
Cubatão e, em breve, um aeroporto com movimentação de cargas em Guarujá. "No caso de invasão do espaço aéreo, o 6º GLMF pode ser acionado pelo
sistema nacional de vigilância por satélite".
Fim do Astros - Com esta substituição, a região perderá o espetáculo anual
proporcionado pelos exercícios do Astros II. Desde 1999, o lançador múltiplo de foguetes assegura à Fortaleza um poderoso sistema de artilharia. "Em
compensação, deverão vir para a Baixada Santista os equipamentos do 2º Grupo de Artilharia Antiaérea".
De acordo com Lavra Júnior, a Fortaleza passaria a contar com um Equipamento de
Direção de Tiro (EDT-Fila), dois canhões do tipo 40 milímetros e uma bateria de mísseis Egla, de origem russa. "Estes armamentos são considerados
tecnologia de ponta para artilharia antiaérea de baixa altura", assegura o oficial, acrescentando que o alcance máximo será de cinco quilômetros.
Unidades na Fortaleza |
1902-1911 |
24º Batalhão de Caçadores (24º BC) - para realizar a segurança das obras para construção da Fortaleza |
1911-1917 |
2ª Bateria do 3º Batalhão de Artilharia de Posição (2ª/3º BAP) - oriunda da Fortaleza da Barra Grande
(1584-1911) |
1918-1919 |
2ª Bateria do 1º Grupo do 5º Distrito de Artilharia de Costa (2ª/1º/5º DAC) |
1919-1934 |
3º Grupo de Artilharia de Costa (3º GACos) |
1934-1960 |
5º Grupo de Artilharia de Costa (5º GACos) |
1960-2004 |
6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM) |
Fonte: Revista Fortaleza de Itaipu - Edição Histórica pelo centenário |
Exercício de tiros de canhão terá nova logística
Lavra Júnior explica mudança
Foto: Adalberto Marques, publicada com a matéria
Com
a experiência de quem já atuou como instrutor em baterias antiaéreas e de proteção de costa, o tenente-coronel Boanerges Lavra Júnior afirma que o
EDT-Fila é um dos equipamentos mais eficientes na localização de alvos aéreos. Dotado de um radar para controle de operações dos canhões, o
equipamento permanece protegido em um veículo fechado, que precisa ser rebocado.
Mesmo com a mudança, a Fortaleza de Itaipu continuará realizando exercícios de tiro com os
canhões. Porém, com uma logística diferente. "Em vez de pontos no mar, o alvo será um avião não tripulado (vant) com porte suficiente para
ser identificado pelo radar", diz Lavra Junior.
Cerimônia - A previsão é de que a Fortaleza passe a abrigar o 6º GLMF a partir
de 31 de dezembro. Em seguida, Lavra Júnior acompanhará a transferência do 6º GACosM para Formosa "Lá, devo receber uma bateria de canhões que logo
passarei para outro comandante", comenta, revelando que espera ir para a reserva em breve, para retornar a Praia Grande.
Para marcar o que poderá ser o último aniversário do 6º GACosM na Fortaleza de Itaipu,
o comandante organizou uma solenidade militar com início previsto para as 10 horas, na qual autoridades e personalidades que contribuíram com a
unidade serão agraciados com o Diploma de Amigo da Fortaleza de Itaipu. |
Astros II
Foto: Adalberto Marques, publicada com a matéria
Memória
A história da Artilharia de Costa na Baixada Santista começou no período do
descobrimento do Brasil, em 1584, com a construção da Fortaleza da Barra Grande, em Guarujá. O local foi
desativado em 1911, em função das limitações estruturais e da construção da Fortaleza de Itaipu. A fortificação praiagrandense recebeu a primeira
geração de Artilharia - composta por canhões fixos Schneider Canet, calibre de 150 mm - em 1920.
Após diversas mudanças de organização militar, em 1º de abril de 1960, a unidade foi
ocupada pelo 6º GACosM, que possuía sede em Santos, recebendo a segunda geração de armamentos: canhões móveis Vickers Armstrong 152,4 mm. Em 1999,
os equipamentos foram substituídos pelo sistema de saturação de área Astros II, de origem brasileira, considerado uma cortina de defesa virtual. |
A mudança ocorreu meses depois, sendo registrada nesta matéria de A Tribuna, em 21 de dezembro de 2004:
Durante a solenidade, o tenente-coronel João Batista Leonel Filho
assumiu o comando da unidade
Foto: Adalberto Marques, publicada com a matéria
ITAIPU
Forte passa a ter artilharia antiaérea
Da Sucursal
O processo de mudança de função da Fortaleza de Itaipu,
que deixará de abrigar o 6º Grupamento de Artilharia de Costa Motorizado (GACosM) José Bonifácio para sediar o 2º Grupo de Artilharia Antiaérea (GAAAe)
a partir de 31 de dezembro, foi aberto ontem, com a troca de comando.
Em solenidade que contou com a participação de autoridades civis e militares, dentre
as quais o general de Exército Oswaldo Muniz Oliva e o presidente da Câmara de Praia Grande, Edson Milan, o comandante do 6º GACosM, tenente-coronel
Boanerges Lavra Júnior, passou as instalações da fortaleza e o acervo histórico da unidade ao comandante do 2º GAAAe, tenente-coronel João Batista
Bezerra Leonel Filho.
O ato foi acompanhado pelo comandante da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea,
general-de-brigada Sincair Mayer, responsável pela coordenação das duas unidades. Até o início de 2005, a Fortaleza receberá novos equipamentos
bélicos, despedindo-se do famoso Astros II. O lançador múltiplo de foguetes parte para Formosa, em Goiás.
Conforme o Plano de Estruturação do Exército, o 6º GACosM será transformado em 6º
Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes, sendo transferido para Formosa, onde também será criado um centro de instruções de foguetes. Já a
Fortaleza de Itaipu passa a abrigar o 2º GAAAe, oriundo da cidade de Osasco-SP, que após janeiro passa a ser denominado Grupo Fernando de Noronha e
José Bonifácio.
Mudanças - Já no posto de comandante da fortaleza, o tenente-coronel João
Batista Bezerra Leonel Filho afirmou que dará continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelos comandantes, sempre aberto a parcerias com a
comunidade. "Já estudei o projeto cultural e darei atenção especial à proposta", disse, reconhecendo o valor histórico e turístico da unidade.
Quanto à estrutura bélica, o tenente-coronel explicou que, até o final do mês, estará
promovendo uma reorganização interna, para poder receber sem problemas o acervo do 2º GAAAe, que ainda se encontra em Osasco. Segundo ele, a unidade
conta com canhões antiaéreos com radar e mísseis, que, inclusive, já participaram de exercícios na fortaleza, em outubro último.
"O sucesso do treinamento que realizamos entre os dias 12 e 14 de outubro já anuncia
um bom trabalho. Nossa operação é diferente do Astros II, mas também é bem interessante", disse o novo comandante, ressaltando que a mudança de
função exigirá ainda um aumento no número de soldados. Segundo o comandante, o efetivo atual, de aproximadamente 450 soldados, deve ser ampliado
para quase 600 homens.
|
Comando da nova unidade assume acervo histórico do local
|
|
Despedida - Após quase dois anos à frente da Fortaleza de Itaipu, o
tenente-coronel Boanerges Lavra Júnior despediu-se ontem da unidade com a sensação do dever cumprido. Ele destacou que, com ajuda da comunidade,
sempre receptiva, e da Administração Municipal, conseguiu realizar importantes trabalhos, como a implantação do Projeto Soldado Cidadão.
Agora, o tenente-coronel Boanerges parte para Formosa, onde aguardará até o dia 31
para passar o comando da estrutura do 6º GACosM para o tenente-coronel responsável pelo Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes. Em seguida,
assumirá um cargo na Diretoria do Serviço Militar, em Brasília.
A solenidade de ontem foi encerrada com o descerramento da foto de Boanerges na
galeria dos ex-comandantes da fortaleza e a troca de flores entre a sua filha, Priscila, e a esposa de Leonel, Sirlei. A cerimônia de troca de
comando contou com a presença ainda do comandante da Base Aérea de Santos, Marcelo Ruff, e do comandante da Capitania dos Portos, o
capitão-de-mar-e-guerra Juarez Alves Júnior. |
|