Um exemplar do Macintoshico
Um dia a Lua quis um Pauerbuque
Diz a lenda que uma vez a Lua estava olhando cá pro mundo quando viu
Macnaíma brincando cum treco esquisito. Lua desceu virando em cunhã formosa e perguntou pro piá:
- Ó Mac, que qué isso?
- Chouriço - disse o Mac (era assim que o curumim era conhecido no BBS
da tribo).
- Ô traste, diz logo que muiraquitã é esse!
- Num é muiraquitã coisa nenhuma. É Pauerbuque. Dona inglesa deu pra nós
brincar enquanto amassa mapará, abiu, xiririm, ipê e pau rosa pra mandar lá pra terra dela. Tem oitenta mega de discão.
- Puxa, Mac. Dá ele pra mim.
- Nem podendo! Isso aqui é Alta Pajelança. Acabei de comprar mais
memória e tô conseguindo rodar o Quarquesprés e o Fótoxopi ao mesmo tempo. Vai te catar.
A Lua se enfezou e foi se esconder num grotão lá no Cafundó do Judas.
Daí pintou Vei, o sol, e não despintou nunca mais. E o calor esquentou tanto, mais tanto, que pifou o condicionador de ar da oca
de Macnaíma. O índio preocupado com os efeitos do calor em seu equipamento, botou o Powerbook no embornal e foi levar pra Lua.
Ela ficou toda contente e pediu pro Mac mostrar como é que ele funcionava.
- Ih, Lua, precisa de um disquete que eu esqueci.
A Lua virou em um disquete de 3,5" que o Mac pegou e enfiou no drive do
Powerbook. Daí ele clicou no ícone da Lua e arrastou pro System Folder, onde ela está até hoje, transformada em Start Up Item.
COMPORTAMENTO
Macmaníacos criam fanzine de humor
A vida é muito mais que CONTROL-ALT-SHIFT/C, dizem
Circula na praça mais uma pérola do humor micreiro: o fanzine
Macintóshico, que se autodefine como "maczine da desordem brasileira de Nossa Senhora do PostScript Error". Distribuídas por
fax, são sete páginas cheias de tiradas inteligentes, dicas de trabalho, ilustrações e piadas informatas.
Trazem até uma oração para espantar PC que começa avisando, em
maiúsculas: "Eu não nasci pra trabalho/eu não nasci pra sofrer/eu descobri que a vida/é muito mais que CONTROL-ALT-SHIFT/C".
Assinam o projeto do Macintóshico o ilustrador Tony de Marco,
criador da primeira história em quadrinho brasileira feita no padrão PostScript, e o jornalista Heinar Gonçalves, da Gazeta
Mercantil. O próximo passo dos dois parceiros será tornar o "maczine" disponível em um novo BBS
[N.E.: Bulletin Board System ou quadro eletrônico de mensagens,
antecessor do correio eletrônico e das listas de debates da Internet], já em formação, e achar um
patrocinador para manter a distribuição gratuita aos usuários.
A segunda edição do Macintóshico, com tiragem de 200 exemplares,
conquistou o coração da comunidade Mac. A produção do fanzine é toda feita em dois micros - SE e Si -, com os programas FreeHand,
PhotoShop, QuarkExpress e o raro, porém poderoso, Fotographer, da Altsys. Com este último, os editores criaram fontes
tipográficas batizadas de Zine Média e Zine Bold.
Os objetivos do projeto são claros. "Queremos mostrar que somos ótimos",
resumiu de Marco, com modéstia. Em outras palavras, o fanzine quer mostrar que "editoração eletrônica não é só Times, Helvética,
alinha à esquerda, como pensam os usuários de PC".
Entre as seções do Macintóshico, o leitor vai encontrar, entre outras
jóias, um teste para medir seu grau de "macintoshicação", ou uma versão surpreendente para a lenda do Muiraquitâ - espécie de
Talismã disputado entre Macunaíma e o gigante Piatã, no clássico de Mário de Andrade (ver quadro). E não
faltam dicas para desenhar em PostScript ou instruções para usar o Illustrator 3.0.
ORA PRO JOBS - Heinar e Tony, piamente macintoshicômanos: Brasil não tem
memória RAM
(Foto: Maurilo Clareto/AE)
|